Resenha: Mark Knopfler se aproxima do passado em novo disco

Em mais um lançamento, Mark Knopfler relembra fatos que marcaram seu início de carreira e faz do disco "Down The Road Wherever" um bom livro de memórias.

Mark Knopfler Down The Road Wherever
Foto: Divulgação

Quando anunciou seu nono lançamento de estúdio, Mark Knopfler despertou a atenção dos fãs ao sinalizar que o disco apresentaria como novidade alguns elementos de jazz, funk e finalmente, uma inclinação maior para o rock, algo que o guitarrista britânico, ex-líder do Dire Straits, pouco fez em sua carreira solo.

Avesso a grandes turnês, não se prendendo ao legado fantástico de sua ex-banda, Mark construiu sua discografia em discos dedicados quase que totalmente à música com influências do folk, em vários momentos até deixando a sua guitarra de lado e dedilhando sua obra no violão com cordas de aço, passeando pelo rock clássico à sua maneira, com seu jeito único de tocar e seu vocal peculiar.

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Down The Road Wherever, produzido por Guy Fletcher, que também esteve à frente de Tracker, lançado em 2015, abre um grande livro de memórias, traz um punhado de excelentes faixas, sendo que algumas inevitavelmente nos levam aos bons momentos do Dire Straits, como “The Trapper Man”, “Back On The Dance Floor”, “Good On You Son”, “Bacon Roll” e “Nobody Does That”.

“One Song At A Time”, que merece atenção especial, coloca na mesa as lembranças dos primeiros dias da ex-banda, em Deptford, costurando na letra a narrativa saudosista, passeando pelas ruas da cidade em 1979.

Voltando ao lado mais tradicional da carreira solo, “Slow Learner”, “Every Heart In The Room” e “Matchstick Man” são boas canções enraizadas no blues, com momentos mais calmos e de igual importância no disco.

Apesar de “inovações” como “Heavy Up” e “Rear View Mirror”, que ficam deslocadas nos quase oitenta minutos de música de Down The Road Wherever, as influências do folk e do blues ainda dominam, dessa vez somados à boa dose de nostalgia na sonoridade que os fãs mais saudosistas celebram.

Mark Knopfler sempre fez discos extensos e dessa vez não foi diferente. É a sua forma de contar histórias e, dessa vez, com um grande chamado às suas próprias experiências.

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