Original, necessário e sem rédeas: esse é Criolo, um dos melhores artistas da atual música brasileira.
Com lançamentos que mostram seu talento tanto para o rap quanto para o samba, ele demonstrou sempre não ter papas na língua. Críticas, suas músicas são sempre afiadas e têm muito a ensinar para a nossa sociedade.
Recentemente, Criolo lançou um novo single, intitulado “Etérea“, gravado e mixado por Daniel Ganjaman. A música, verdade seja dita, é diferente de tudo que ele lançou até hoje, com uma evidente pegada eletrônica. Isso nos mostra que não é possível colocá-lo em uma caixinha.
O trabalho envolveu a participação de um grande time, conforme ficha técnica abaixo. Mais informações sobre a música estão no site oficial.
“Etérea”
Autoria: Criolo
Voz: Criolo
Programação e Bass Synth: DKVPZ
Synths e Samples: Daniel Ganjaman
Percussão: Maurício Badé
Produzido por DKVPZ e Daniel Ganjaman
Gravado por Daniel Ganjaman no estúdio El Rocha e Fine Tuning (percussão)
Mixado Por Daniel Ganjaman no estúdio El Rocha
Masterizado por Fernando Sanches no estúdio El Rocha
Capa: Pedro Inoue
Direção Geral: Beatriz Berjeaut
Produção Executiva: Kler Correa
Gravadora e Editora: Oloko Records
Comunicação: Codex Uqbar / Perfexx Assessoria
O clipe
No mesmo dia, foi disponibilizado o clipe oficial da canção. Colorido e muito performático, o vídeo não conta com a participação de Criolo, já que optou por dar atenção a personagens que se encaixam em padrões — infelizmente ainda — à margem da nossa sociedade.
Os personagens do clipe pertencem a diversos coletivos sociais, através dos quais defendem a sua existência e levantam sua bandeiras. Dar visibilidade para tais causas, que incluem principalmente os direitos LGBT, é muito importante.
O clipe foi dirigido por Gil Inoue (que já trabalhou com Criolo em “Boca de Lobo”) e Gabriel Dietrich. Abaixo seguem os outros envolvidos na produção do resultado final:
Ficha técnica do clipe de “Etérea”:
Direção: Gil Inoue e Gabriel Dietrich
Direção Criativa: Tino Monetti e Pedro Inoue
Co-produção: Dietrich.tv e Oloko Records
Pós-produção: Dietrich.tv
Grading: Marla Colour Grading
Casting: D’avilla e Tino Monetti
Produção: Fanjo (@fanjofanjo)
Styling: Nilo Caprioli (@nilinho_)
Beleza: Felipe Ramirez (@ramirona)
Coletivos
Junto ao clipe foi disponibilizado no canal de YouTube de Criolo um making of, em que o time presente no clipe contam um pouco sobre si. Suas histórias, seus objetivos, suas motivações…
São eles: Ákira Avalanx (do House of Avalanx), D’Ávila (das festas Festa Dando e Popporn)e, Fefa (do Animalia), Flip (do Coletivo Amem e da Cia. Sansacroma), Juju ZL (do Batekoo), Kiara (também do Batekoo), Transälien (do Marcha Trans e da Coletividade Namíbia) e Zaila (do House of Zion). Todos os oito aparecem livremente no clipe, sendo si mesmos e não seguindo instruções da produção do clipe.
Por sinal, o trabalho desses coletivos é muito interessante. Vale conhecer seus eventos e manifestações artísticas, para maior compreensão de tudo. É um trabalho com muita riqueza e feito com muito amor que merece ser valorizado.
“Essa canção é só uma moldura, a tela são essas histórias”
Após a divulgação da nova canção, Criolo se apresentará no próximos dias 22 e 23 (sexta e sábado) no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Ele apresentará, em meio a seu épico show, a experiência ao vivo de “Etérea” pela primeira vez aos cariocas, como parte da turnê #BocaDeLobo. As noites também contarão com apresentações do grupo Quebrada Queer (sexta) e do novíssimo Edgar (sábado). Os ingressos estão disponíveis aqui.
Conversamos recentemente com Criolo sobre o lançamento. Sempre muito solícito e parceiro do TMDQA!, ele falou não apenas sobre a música, mas sim sobre tudo que levou ao seu nascimento.
Confira abaixo o papo:
TMDQA!: Suas músicas, independentemente de serem rap, samba ou eletrônica, são sempre um “tapa na cara” da sociedade. Para “Etérea”, não foi diferente. Para você, o quão importante é lançar, neste nosso momento atual, uma música como esta?
Criolo: É importante porque fala sobre liberdade. Fala sobre uma sociedade que ainda está cheia de preconceito e há décadas, séculos, esse preconceito deixou de estar no campo das ideias. As pessoas estão morrendo. As pessoas estão sendo assassinadas por conta do modo como cada uma quer se expressar no mundo, e isso é inadmissível. As pessoas estão sendo exterminadas pelo jeito de se expressar, de amar. É inadmissível. A música sugere uma reflexão muito profunda, sugere um repensar. Se a sociedade se diz a favor da vida, por que ignora esse extermínio? Existe uma sociedade extremamente repressora, preconceituosa, mas existem pessoas que dedicam sua vida para lutar por essa igualdade, por esse espaço, pela liberdade e por essas vidas. Toda vida importa, todo ser vivo importa. O teu jeito de amar, o modo como você nasceu, teu jeito de se expressar, quem você quer beijar ou abraçar não pode ser alvo, não pode ser motivo. As pessoas já são assassinadas na parte emocional, são assassinadas com essa repressão absurda e também são assassinadas fisicamente. Os números são horríveis, é desesperador.
TMDQA!: Com uma posição clara sobre as questões de gênero, a música foi um sopro de alívio em meio a tantas notícias ruins. No entanto, o posicionamento não deve ter agradado a todos. Você tem visto alguma repercussão negativa da música?
Criolo: A ideia é propagar o amor, propagar um encontro positivo de ideias, reflexivo. A ideia é apresentar a verdade para a sociedade, de que, independente de gênero, as pessoas têm suas vidas. São cidadãos, cidadãs, amam, vivem, pagam seus impostos, lutam por uma sociedade melhor, mais positiva. A ideia é dividir uma reflexão. Tudo foi feito com muita cautela, com muito carinho. O trabalho todo foi pautado e dirigido por pessoas extremamente ligadas com essas histórias. Foi completamente conduzido não por mim ou minha equipe, que está sempre comigo e que é maravilhosa, mas procuramos as pessoas, fomos atrás de nos informar, aprender e deixar que elas conduzissem da melhor forma possível todo o trabalho que foi feito.
Essa canção é só uma moldura, a tela são essas histórias, essas pessoas e suas lutam. A gente se conecta com isso. Todo mundo tem direito de dar suas opiniões, e se a gente está falando de liberdade de opinião isso tem que acontecer em sua plenitude. Que essa liberdade possa ser algo positivo, algo de construção. Pessoas estão sendo assassinadas pela cor da pele, pelo modo como expressam sua fé. Existe um preconceito absurdo sobre como as pessoas expressam sua fé, com a cor da pele, um preconceito absurdo com o seu CEP, onde você mora, um preconceito absurdo com o seu sotaque e existe um preconceito absurdo com as pessoas que escolhem seu jeito de amar. Isso não está no campo das ideias. Cada pessoa dessa é mais que um número. Mas se formos ver pelos números, está havendo um extermínio das minorias. Essa canção, que já foi feita há quase um ano e meio, é um jeito carinhoso e respeitoso de convidar uma reflexão. Essa matança tem que acabar.
TMDQA!: Você é um músico muito versátil, que bebe de diversas fontes para atingir os seus tão originais resultados finais. Qual foi a inspiração para a sonoridade de “Etérea”, que se mostra distinta de tudo que você já lançou até hoje?
Criolo: “Etérea” já nasceu assim, letra e melodia desse jeito. Ela tem um porquê de ter nascido também. A sonoridade, a textura, a cadência, essa roupagem, esse arranjo, tudo isso é sorte minha de ter o Daniel (Ganjaman) próximo a mim. Ele tem um olhar muito sensível em tudo o que faz. Me sinto privilegiado de ter um profissional dessa magnitude trabalhando comigo, acreditando nas minhas ideias, nos meus pensamentos, nas minhas emoções. A visão dele de mundo é ampla e ele já convidou os meninos do DKVPZ para participar disso por enxergar neles também um grande talento. São jovens talentos do Brasil que estão agora despontando fora do pais e vão conquistar o mundo, eu tenho certeza. Eu tenho a sorte de ter essas pessoas perto de mim. Essa música não existiria se não fosse o Daniel e seu olhar. Fica aqui meu agradecimento, mais uma vez, a esse grande profissional.
TMDQA!: A sonoridade da canção surpreendeu muitos fãs. Aliás, em 2018 você lançou “Boca de Lobo”, que fez muitos acreditarem na possibilidade de sua volta ao rap, após o samba ter dominado o excelente Espiral de Ilusão, de 2017. O que o levou a apostar na musicalidade eletrônica como fundo para a mensagem de “Etérea”? Foi mais uma experimentação ou esse tipo de som, para você, tem a possibilidade de levar a importante mensagem a um público mais amplo?
Criolo: Essa canção já nasceu assim, eu já imaginava seguir por esse caminho. A gente quando curtia os bailinhos em 88, 89, era tudo junto. Tinha seleção de samba-rock, tinha seleção de eletrônica, dance, tinha o jungle, underground… Estava todo mundo junto ali. Eu também tenho essa influência desde pequeno. Curtia os bailinhos na zona sul de São Paulo. Inclusive nos bailinhos de bairro que meus amigos fazem até hoje, pessoal da Radiola, DJ índio, DJ Grilo, DJ Itamar, vários DJs do bairro, isso sempre esteve presente. Alguém inventou que tinha que separar, mas sempre esteve tudo junto, pelo menos naquele período. A gente curtia tudo. A gente viu o nascimento do trance, enfim, vivemos isso e escutamos tudo isso aí na adolescência. “Etérea” não foi pensada, simplesmente nasceu desse jeito.
TMDQA!: O clipe da música é uma baita exaltação à liberdade. De onde surgiu a inspiração para montá-lo daquele jeito, dando foco a personalidades que estão à margem do que é entendido como “sociedade tradicional”?
Criolo: A ideia é essa, oferecer um ponto de encontro. Essas pessoas estão aí, elas são reais. Elas existem, são seres humanos incríveis e estão construindo coisas maravilhosas. Acho que é maravilhoso se conectar com pessoas incríveis, que estão fazendo coisas incríveis. E essas pessoas são extremamente maravilhosas.
https://www.instagram.com/p/BtTrnmLl1em/
Sempre foi, desde o início, ser do jeito delas, como elas querem estar lá. A gente [a equipe] falou desde o início: “A gente imaginou gravar tal plano, tal plano e tal plano, mas o espaço é teu, fique à vontade, faz o que você quiser nessa gravação. Ninguém vai te dirigir, ninguém vai chegar para você e falar faz isso ou aquilo, põe tal roupa, fique à vontade. A gente está aqui para dar um suporte técnico, para viver esse momento juntos, mas são vocês que ditam como tem que ser isso”. A gente seguiu por esse caminho, que é o melhor caminho e o caminho que tinha que ser, entendeu? Elas que sabem como é que tem que ser, não sou eu.
https://www.instagram.com/p/BtvnisTnSU0/
TMDQA!: Tão importante quanto o clipe, o making of disponibilizado conta com depoimentos da galera que participou do vídeo. Jogando esse material na internet, o material, e logo esses depoimentos e vivências, são disponibilizados para o mundo todo, o que é muito bom já que a mensagem é amplificada. Ao mesmo tempo, trata-se do mesmo mundo digital que dissemina notícias falsas, que espalha correntes de ódio e que acredita apenas no que a respectiva “bolha digital” fala. Para você, as redes sociais, nesse mundo, mais ajudam ou atrapalham as discussões de pautas sociais e políticas?
Criolo: Cada um faz sua parte, cada um contribui ao modo como acha que está contribuindo. A gente utilizou das plataformas para apresentar esses seres lindos, essas vivências, as falas dessas pessoas são extremamente importantes. Foi tudo muito sério, muito verdadeiro e muito legítimo. A gente teve a honra e a sorte de registrar essas falas, de registrar essas vivencias. É o que a gente falou, a música é só a moldura, elas são a tela. Se a gente for pensar num quadro, essa canção é só a moldura. Todas essas vidas, todas essas histórias, todas essas experiências, falas, é o que há de mais importante.
https://www.instagram.com/p/Bt3QiWmAj0K/
Se a gente conseguir, um pouquinho, chamar a atenção das pessoas que estão com o coração aberto ou não, enfim, cada um tem seu momento né, a visitar esses coletivos, a visitar esse making of, e partir daí ter contato com todos os coletivos, com as artistas, com um pouco do trabalho, da vivência e da luta, é para isso. Cada um dá a sua contribuição do seu jeito.
TMDQA!: Essa citação, “A música é só a moldura. A tela são vocês”, é para mim uma síntese da música atual, onde o ouvinte, mais do que apenas dançar e cantar, quer se encontrar nela, buscar identificação com a mensagem proposta. Suas músicas costumam ter uma mensagem forte que dialogam com a vivência de muitos, e agora não foi diferente. Como você se sente ao ter esse poder de voz de fazer com que muitos se identifiquem com suas músicas?
Criolo: Olha, quem está lutando para sobreviver, quem está lutando para ter um dia de vida, lutando sem saber que amanhã pode ser assassinada, são elas. Elas são a força, a inspiração, a energia e, mesmo passando por tudo isso, têm força de criação, têm força no sentimento de amor, força na troca fraterna. Elas que estão dando essa lição de cidadania, essa lição de fraternidade e lição de amor para todos nós.
https://www.instagram.com/p/Bt337KcgDLe/
Não tenho voz nenhuma não, cara. Eu tenho uma equipe maravilhosa que acredita nos sentimentos, nas emoções e naquilo que a gente constrói junto. Sou uma pequenina caixinha amplificadora para quem tem voz, para quem tem luz, para quem tem força. Elas que têm voz e não precisam que ninguém que dê voz para elas. A gente tem uma caixinha minúscula, um grãozinho de areia que amplifica, e aí juntando com outros grãos de areia amplifica mais um pouco, e assim a gente segue nossa corrente boa.
https://www.instagram.com/p/Bt3RytYADHt/
TMDQA!: Ficamos na expectativa do lançamento de um algum novo álbum. Com o lançamento da necessária “Boca de Lobo”, muitos especularam sobre a possibilidade de algum novo lançamento em breve. Tem álbum vindo? Pode adiantar algum detalhe sobre os próximos passos da sua carreira?
Criolo: A gente está vivendo música todo dia. Em algum momento a gente vai dividir isso tudo com vocês. A gente vai desaguar alguns outros tantos de sentimentos com vocês, sim. Esse é o sonho de sempre, poder cantar, poder compor, poder estar vivendo essa emoção, esse presente de Deus de poder cantar. Em algum momento vai desaguar um monte de coisa aí, que venha logo.
TMDQA!: Na sexta, você vai se apresentar no Circo Voador, e o show terá abertura da Quebrada Queer. As bandeiras levantadas pelo grupo coincidem com a mensagem de aceitação e de amor em “Etérea”. Como se deu o primeiro contato entre vocês?
Criolo: Eu conheci Quebrada Queer através do Tino (Monetti), que falou que estão fazendo um trabalho lindo. Aí fiquei curioso e fui ver, fui atrás e fiz um convite para assistirem um show meu e do Mano Brown no Espaço das Américas, e fiz questão de convidar Quebrada Queer. Lá a gente se conheceu e conversou um pouco Foi muito legal.
Na hora que veio essa oportunidade do show, não pensamos duas vezes, chamando Quebrada Queer e O Novíssimo Edgar. Ele faz esse show lindo também. Dia 22, Quebrada Queer, e no dia 23 O Novíssimo Edgar, no Circo Voador. Acho que vai ser muito muito muito especial, vai ser demais.
TMDQA!: Fizemos um podcast no fim do ano passado, em que falamos um pouco sobre nossas expectativas para o ano de 2019. Concluímos que veremos mais resistência e mais artistas defendendo suas bandeiras no mundo da música, o que é maravilhoso. Você concorda com isso? Como você acha que isso vai se repercutir em termos sociais? Acha que isso vai afetar a indústria fonográfica nacional de alguma maneira?
Criolo: O rap sempre foi assim, sempre deu essa força para o coração. Sempre foi caminho de expressão. São os ensinamentos do rap nacional que tive a felicidade de receber essa visita desse irmão mais velho com 11 anos de idade. Sou apenas um aprendiz do rap nacional, sinceramente. Isso acontece de um modo natural. Agora, a indústria pensa no que é bom para a indústria, mas os artistas estão deixando seus sentimentos e suas emoções e estão travando essa luta. O poder de fogo ou o que alcança é muito grande, é gigantesco. Às vezes não está impresso numa canção, mas está impresso numa fala. E vice-versa.
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Cada um, ao seu jeito, dá a sua contribuição, e a gente tem que aplaudir todo mundo e vamos nos fortalecendo. Eu acho que existe uma força, um sentimento de humanidade que nos toma, que nos move e que faz toda a diferença. E tem muita gente fazendo a diferença, tem muita gente contribuindo com essa coisa boa que é a luta por liberdade, a luta pela vida. O que vai ser? Eu não sei, mas eu sei que tem muita gente fazendo coisas lindas. A gente não pode jamais se desconectar dessa energia do jovem. Os jovens é que vão transformar isso aqui tudo. A gente tem que dar cada vez mais ouvido, cada vez mais força, compreender e tirar ensinamento desses jovens por todo o Brasil que estão fazendo total diferença.
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Indústria é indústria, sempre foi e sempre será. Mas tem a alma do artista, e é ele quem faz a diferença, entendeu? E tem muita gente fazendo a diferença, estando na indústria ou fora dela. A gente tem que se conectar com as pessoas. As pessoas têm força de canalizar esse poder de fogo gigantesco para causas humanitárias, sociais ou para aquilo que toque o seu coração. E aí vai de cada um.
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TMDQA!: Muito obrigado pela atenção! Muito obrigado também por sempre se propor a dizer o que todos precisam ouvir. Artistas como você são extremamente necessários para o Brasil de 2019!
Criolo: Agradeço aqui o espaço. É um site super sério, que deixa todo mundo cheio de informação, cheio de conteúdo. Valeu, valeu. Vamo lá, gente. Amor sempre, acreditar nos jovens sempre. Eles são a transformação!
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