Foto por Rafael Ramos
A banda baiana ÀTTØØXXÁ se tornou, rapidamente, um dos nomes mais quentes da música brasileira.
Misturando pagode baiano com muitas guitarras e referências internacionais que vão de Kendrick Lamar até Justin Bieber, o grupo tem na sua manga um show explosivo que acompanha músicas que não deixam ninguém parado e combinam bem demais com a festa que irá dominar o país nos próximos dias, o Carnaval.
Na semana passada, dia 21, o ÀTTØØXXÁ lançou seu terceiro single desse Verão e após “Chora Viola” e “Molinho” voltou com “Vai Ferver”, mais um hit produzido especialmente para a estação mais quente do ano.
Na canção o grupo pensou justamente na energia que é característica de seus shows e fez mais uma música que vai fazer você tirar o pé do chão já em casa.
Nós batemos um papo com Rafa Dias, responsável pelos beats e sintetizadores da banda, e ele não apenas falou sobre a canção como explicou o significado de sua arte que se relaciona de forma contundente com a forma como a banda se vê e percebe como é vista no mundo.
Você pode ler a conversa logo abaixo, antes do player com a nova “Vai Ferver”.
Divirta-se!
TMDQA!: “Vai Ferver” é a terceira música da trilogia de verão do ÀTTØØXXÁ. Cada uma delas tem um papel? Qual seria o DNA de cada uma e como se complementam?
Rafa Dias: “Vai Ferver”, “Chora Viola” e “Molinho” fazem parte de um projeto que fazemos todo Verão chamado Tá Batenu. É um projeto de audiovisual. Quem acompanha a gente no Instagram percebeu que criamos uma identidade visual em comum para esse momento. Estamos usando a figura do pombo nas artes por dois motivos. Um deles é por uma gíria que a gente usa qui em Salvador que é “pombo sujo”. E o outro significado é pelo pássaro mesmo. Do Brasil à Austrália tem pombo e, em todos os lugares, eles são vistos como bichos sujos e que trazem doença. Às vezes a galera olha pra gente de um certo jeito por ter essa coisa do negro e da música periférica. Daí a gente faz essa conexão com o pombo. Seria a visão que a galera mais tradicional tem com a música que a gente faz, mais popular. As três músicas se conectam de forma natural. São músicas mais voláteis que os discos, porque eles têm um processo maior, de reflexão de como vamos lançar e do que vamos falar. Já as músicas do Verão são pra transpirar e meter dança.
TMDQA!: Como você avalia o encerramento desse ciclo?
Rafa Dias: A gente sempre avalia bem o período de Verão. É um período muito específico pra gente. A gente lança essas músicas dando uma reforçada no dito que temos que é #MeteDança e que Mete Dança é religião. E tem também a potencialização do nosso som, que tem a cara do Verão. É um som que mexe muito com a transpiração. A gente sente que chega esse momento do ano e as atenções voltam pro nosso som, até por isso criamos o projeto Tá Batenu. É o tipo de música que bateu e você já quer dançar.
TMDQA!: Luvbox (2018) é um disco mais introspectivo. Como tem sido adaptá-lo para o show ao vivo?
Rafa Dias: Na real a gente não tem dificuldade em adaptar. Cada disco reflete a essência de cada um de nós. Então o ÀTTØØXXÁ É F*DA P*RRA tem mais a minha essência, o BLVCKBVNG tem mais a essência do Oz e Luvbox tem mais a do Raoni. E apesar de ser o paralelo de cada um, são feitos por nós na totalidade. Os três trabalhos se comunicam, mas cada um tem o seu DNA. No show a gente faz um entrelaçar das coisas e acaba soando natural. Acho que o pessoal pode ter sentido um baque quando saiu Luvbox por ter mais conteúdo de amor. A gente vive um momento em que o amor e a empatia estão numa loucura no espaço-tempo. Talvez o disco impacte mais por isso do que por ser o ÀTTØØXXÁ falando sobre isso.
TMDQA!: Vocês vão tocar com o Major Lazer e o Tropkilaz em um trio sem corda no carnaval de Salvador. Como vai ser a interação entre todos? Tem algum feat a caminho?
Rafa Dias: É uma honra enorme, monstruosa. Desde que comecei a querer fazer música eletrônica, Major Lazer já era uma referência. E Tropiklaz já nasceu muito grande. Eles fundem música eletrônica com pop. E é isso que a gente quer propor pra Bahia e pro Brasil. Mostrar que existe um outro tipo de pop acontecendo gradativamente. Tem o MC Bruninho, tem o Leo Santana. Eles não chegaram no lugar em que deveriam estar, mas já existem. A gente também tem esse dever, de fazer essa junção da música eletrônica pop com a cara da Bahia. No Carnaval vai ser um trio de música eletrônica, da cultura do DJ, que é tocar sem parar, umas 5, 6 horas. Dando espaço pra cada um fazer ter os seus momentos, mas sem parar. Por enquanto, nenhum feat a caminho. Vai ser o nosso primeiro contato. Antes de fazer parceria, a gente gosta de fazer esse contato. Espero que no futuro a gente possa colaborar de alguma maneira.