O The Who usou suas contas nas redes sociais para reportar a morte do baterista Doug Sandom.
Em um post no Instagram, o grupo britânico lamentou a passagem do colega e ainda usou uma hashtag onde escreveu #thewhosoriginaldrummer, ou “O Baterista Original do The Who”.
Isso se deve ao fato de que mesmo antes de se chamar The Who, quando o grupo atendia pelo nome de The Detours, Sandom já era o responsável pelas baquetas da banda, estando na formação que mudou de nome após descobrir que outro Detours já existia.
Os problemas entre a banda e Doug sempre foram bastante evidentes principalmente por conta da enorme diferença de idade, já que enquanto Pete Townshend, Roger Daltrey e John Entwistle eram adolescentes, o baterista já havia passado dos 30 e tinha uma família estabelecida. Sua esposa, inclusive, era contra o fato dele tocar à noite e excursionar com a banda.
Saída do The Who
A saída veio oficialmente quando a banda conseguiu um teste com a Fontana Records em 1964 e acabou sendo reprovada.
Na ocasião, o produtor do selo, Chris Parmeinter, disse que não gostou da forma como Doug tocou bateria, e tanto Townshend quanto o empresário do The Who, Helmut Gordon, concordaram.
Ambos convenceram Daltrey e Entwistle de que uma troca era necessária e então Sandom deixou o grupo, dizendo:
Eu não era tão ambicioso quanto o resto deles. Eu já tinha feito aquilo por mais tempo que eles. Obviamente eu amava. Era muito legal fazer parte de uma banda que as pessoas seguiam, foi ótimo. Mas eu não me dava bem com Peter Townshend. Eu era alguns anos mais velho que ele e ele achava que eu tinha que sair mais ou menos por causa disso. Eu achava que estava indo bem com a banda.
Na biografia de Townshend, Who I Am, é dito que Sandom ficou magoado com a saída principalmente porque em outra audição que o The Who não passou, um executivo de gravadora disse que o guitarrista era “barulhento e feio” e o baterista saiu em sua defesa.
No site oficial do The Who, Pete escreveu uma carta a respeito:
Acabei de saber do seu filho que Doug, baterista do começo do Who, morreu ontem aos 89 anos de idade. Se você leu o meu livro Who I Am, sabe como Doug foi gentil comigo, e como eu lidei de forma equivocada com a sua saída da banda para eventualmente ser substituído por Keith Moon. Um pedreiro de ofício, Doug era um excelente baterista mas foi considerado pela nossa gravadora como muito velho para nós. Foram a sua idade e a sua sabedoria que o fizeram importante para mim. Ele nunca tirou sarro das minhas aspirações como alguns de meus pares faziam (às vezes eu era bastante egoísta). Ele me encorajou – bem como fez o meu melhor amigo Richard Barnes naquela época. Doug levou um tempo para me perdoar, mas o fez ao final, e apesar de não vê-lo com frequência, nós permanecemos amigos. Ele provavelmente teria tentado visitar Roger e eu no Wembley esse ano, e nós dois sentiremos a sua falta.
No seu lugar entrou o lendário Keith Moon, um dos maiores bateristas de todos os tempos, e o resto é história.
Que descanse em paz.
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