6 anos sem Chorão: 6 curiosidades sobre o líder do Charlie Brown Jr.

Relembramos o músico Chorão, que também foi roteirista, corretor de imóveis, vendedor e empresário, e teve sua morte lamentada até pelo Guns N' Roses.

Chorão (Charlie Brown Jr.)
Foto: Reprodução / Youtube

Há exatos 6 anos, perdíamos Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr. e um dos nomes mais importantes da história do rock brasileiro.

Cheio de personalidade, Alexandre Magno Abrão teve um passado difícil, mas batalhou para ter o merecido reconhecimento. Conquistou o carinho dos ouvintes, contribuiu para a fama do skateboarding no Brasil e liderou uma das principais bandas da leva do rock brasileiro dos anos 90. É muita coisa!

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Apesar das várias polêmicas que giram em torno de seu nome, muitos não conhecem ainda a sua jornada e suas conquistas. Separamos para você algumas curiosidades sobre esse grande vocalista.

A origem do apelido e do amor pelo skate

Foto: Reprodução / Youtube

O apelido de Alexandre, que veio a se tornar seu nome artístico, surgiu de um colega skatista durante sua infância. Na época, o paulistano, que ainda não sabia andar de skate, foi zombado por esse amigo, que brincou dizendo “não chora!” enquanto praticava.

Mas não tardou muito para que ele se tornasse a voz da expressão “skateboard na veia, rock n’ roll até a alma”. Chorão aprendeu a andar de skate e foi gradativamente dominando a arte. Chegou a participar de grandes campeonatos durante a década de 80, e ajudou a difundir a fama do esporte no Brasil.

O cara até fundou uma pista de skate em 2004. O legado do skateboard no Brasil deve muito a Chorão (aquele mesmo menino que antes era zombado por não dominar a prática).

Primeiro contato com a música e com os colegas do CBJr.

Aos 21 anos, Chorão estava em um bar na cidade de Santos assistindo a um show de uma banda local. Bêbado, ele aproveitou o momento em que o vocalista deixou o palco para subir e berrar ao microfone, mandando até uma letra da banda Suicidal Tendencies.

A apresentação incomodou os presentes, mas chamou a atenção de um músico que acompanhou a cena. Chorão, então, foi convidado a participar de uma banda chamada What’s Up como vocalista.

Certo tempo depois, a saída do então baixista da What’s Up levou ao primeiro contato entre Chorão e Champignon. A amizade rendeu um projeto paralelo, em que foram convocados o baterista Renato Pelado e os guitarristas Marcão e Thiago Castanho. Era o início da história do Charlie Brown Jr.

Nome da banda

Mesmo já formados como uma banda, o nome pelo qual o grupo ficaria conhecido surgiu apenas em 1992. A ideia partiu da mente criativa de Chorão, que se envolveu em um incidente em que atropelou uma barraca de água de coco que tinha estampada o personagem Charlie Brown, da série Peanuts.

O acréscimo do termo “Júnior” se deu simplesmente porque, de acordo com o próprio vocalista, eles sem entendiam como “filhos do rock”. Foi uma forma de a banda homenagear as bandas brasileiras de rock que serviram como influência, como Raimundos e Nação Zumbi.

Vários empregos

Todos sabemos que viver de música é bem difícil, e não são todos que têm o privilégio de se dedicar apenas a isso para garantir o pão de cada dia. Chorão, por exemplo, enfrentou grandes dificuldades financeiras, e teve que se garantir de alguma forma antes da fama.

Durante sua infância, Chorão ajudava a entregar comidas que sua mãe vendia para conseguir dinheiro. O fato de ter parado de estudar cedo, aos 14 anos de idade, fez com que ele encontrasse dificuldade em conseguir um emprego fixo, já que não tinha formação em nada. Conseguiu empregos temporários como corretor de imóveis e vendedor, mas nada lhe garantiu estabilidade financeira. As contas estavam sempre atrasadas, inclusive o pagamento de mensalidades de aluguel, que fizeram com que ele fosse despejado várias vezes.

A música e o esporte lhe proporcionaram melhores condições de vida, mas ele não quis se acomodar. Inquieto, Chorão ainda se aventurou no mundo do cinema, trabalhando como escritor e roteirista do filme O Magnata, de 2007. Como empresário, ele lançou sua própria marca de roupas, conhecida como DO.CE.

O músico também tentou se aventurar na literatura, já que pretendia lançar um livro sobre a história da banda. Seu filho tentou continuar o sonho do pai e lançou, em 2017, o livro Eu Estava Lá Também, que contava os últimos anos da banda através de fotografias.

Repercussão internacional: “Big Crying” e homenagem do Guns N’ Roses

Fazendo história como um dos maiores nomes do rock brasileiro, Chorão também fez barulho lá fora. Isso porque sua morte foi notada por veículos e artistas fora do Brasil.

O jornal Latin Times publicou uma nota sobre Chorão no dia do trágico acontecimento. No texto, em inglês, o redator Donovan Longo tentou traduzir o apelido para o idioma local. Numa tradução livre (inclusive de contextos), o vocalista foi apresentado como “Big Crying”. O acontecimento ainda foi pauta para a Billboard e para o Huffington Post.

Entre vários artistas que prestaram homenagem a Chorão, teve até atração internacional. A banda Guns N’ Roses, no dia de sua morte, fez uma publicação nas redes sociais lamentando o ocorrido.

Lamentamos a perda de nosso irmão brasileiro, descanse em paz, Chorão.

A postagem veio acompanhada de uma performance ao vivo de “Don’t Cry“.

https://www.youtube.com/watch?v=h6M_6s-S2lM&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0IRb4cQ9NjzkfSglqe5cn1hLfY9SGkT0bYiHCT9dEZPZrBVz2XZILeyBw

Maior artista que Rick Bonadio conheceu

Chorão é um grande líder? Sim. Champignon, Marcão, Thiago Castanho e Pelado são grandes músicos? Sim. Mas o sucesso estrondoso do Charlie Brown Jr. também deve muito ao produtor musical Rick Bonadio.

Rick é um dos mais consagrados produtores musicais brasileiros, tendo seu nome por trás de vários sucessos da música brasileira recente. Suas produções vão desde o pop do álbum de estreia da girl band Rouge até o post-hardcore da banda Gloria.

Ele já trabalhou com uma quantidade enorme de grandes músicos, e é especialista quando o assunto é descobrir e projetar novos artistas para o mundo. Um de seus casos de maior visibilidade foi a estreia do CBJr., Transpiração Contínua Prolongada. É bem capaz, no entanto, que Rick tenha se encantado pela banda por conta do carisma e da personalidade forte de Chorão. Em uma entrevista em 2016 concedida ao Vírgula, o produtor se referiu ao vocalista da banda como o maior artista que já conheceu.

E isso não é um elogio qualquer! Vale lembrar que Bonadio lançou também, só na década de 90, grupos como Mamonas Assassinas e Los Hermanos (grupo com quem Chorão não tinha uma amizade muito sólida).

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