Após Lollapalooza, Interpol quer voltar ao Brasil para shows solos: “temos público para isso”

Batemos um papo bem interessante com Sam Fogarino, baterista do Interpol, que é uma das atrações do Lollapalooza Brasil 2019.

Interpol
Foto: Divulgação

Por Itaici Brunetti

Quando o Lollapalooza Brasil divulgou o line up da edição 2019, os fãs de Interpol ficaram animados, pois além da banda nova-iorquina constar entre as atrações do festival, que acontece de 5 a 7 de abril, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, havia a esperança de um show solo do grupo dentro das Lolla Parties. O que acabou não acontecendo. Sendo assim, a apresentação no Lolla se tornou a única no país.

Em entrevista ao TMDQA!, o baterista Sam Fogarino revelou que após tocar no Lollapalooza Brasil, gostaria de voltar ao país ainda esse ano para realizar uma turnê, pois sabe que “tem público para isso”. Pelo telefone, recordou: “Há dez anos nos apresentamos em grandes casas de shows em algumas cidades brasileiras e estavam todas lotadas. Foi um dos melhores momentos que tive na vida… O barulho dos fãs era algo tão diferente do resto do mundo”.

Liderado pelo vocalista e dândi Paul Banks, e pelo elegante guitarrista Daniel Kessler, o Interpol vem ao Lollapalooza Brasil divulgar o recente disco Marauder, lançado em 2018. “É o melhor álbum que já fizemos. Ele é poderoso”, diz Sam sobre o trabalho e espera que dessa vez toquem à noite no festival, já que na edição de 2015 se apresentaram sob a luz do dia: “Realmente preferimos tocar à noite, com as luzes e a produção do show completa”. Caso não aconteça, ele tem uma solução: “É só colocar um óculos escuro que fica tudo bem”.

Curiosidade: quem pensa que os integrantes do Interpol são mal-humorados, de caras fechadas por causa do som soturno que fazem, está enganado. Ao menos Sam, o mais velho da banda (ele tem 50 anos), se mostrou bem-humorado, falante e empolgado. Riu em alguns momentos e brincou em outros, quando imitou a voz fina de Kendrick Lamar, por exemplo.

Confira a conversa completa abaixo após o player.

TMDQA!: O Interpol virá ao Brasil para show único no Lollapalooza, mas os fãs ficaram na expectativa de uma apresentação solo da banda…

Sam: Eu sei. Queremos voltar ao Brasil ainda esse ano para shows solos. Me lembro que há dez anos nos apresentamos em grandes casas em algumas cidades brasileiras e estavam todas lotadas. Sei que temos público para isso. [Em 2008, o grupo tocou no extinto Via Funchal, em São Paulo, na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro e no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte].

TMDQA!: O que mais você se lembra daquela turnê?

Sam: Foi um dos melhores momentos que tive na vida. Era a nossa primeira vez no país e nos divertimos muito. Nunca me esqueço da energia, da paixão e do barulho do público nos shows, pois era algo tão diferente do resto do mundo. Também teve as noites que passamos no Rio e em São Paulo, cidades que têm vidas noturnas agitadas. Eu gostaria de repetir esse momento novamente. Vamos ver, espero que aconteça logo.

TMDQA!: No Lollapalooza Brasil, vocês vão tocar no mesmo dia que Kendrick Lamar, Twenty One Pilots e Greta Van Fleet. Os fãs desses artistas são os mesmos do Interpol?

Sam: Não sei se são os mesmos fãs. Talvez, nem toquemos nos mesmos palcos em que Kendrick e Twenty One Pilots, mas eu não sei lhe dizer isso. No entanto, a parte interessante de festivais é justamente essa, a de reunir fãs de vários artistas em um só lugar. Cada um assiste o que quer e as pessoas acabam conhecendo novos artistas. Eu, particularmente quero muito ver o show do Kendrick. Adoro ele [nesse momento, Sam imita a voz fina do rapper e cai na risada].

TMDQA!: Vamos falar de Marauder. Como você o define?

Sam: É o melhor álbum que já fizemos. Ele é poderoso. Acho que conseguimos transmitir a energia que tínhamos dentro da nossa sala de ensaio para o estúdio. Isso também se deve ao fato de termos trabalhado com Dave Friedman (produtor de Weezer, Tame Impala e The Flaming Lips). Ele conseguiu tirar um ótimo som da banda. Gravamos muita coisa ao vivo, com nós todos tocando juntos em uma sala, diferente dos álbuns anteriores em que gravávamos os instrumentos separados. Isso fez a diferença.

TMDQA!: Ouvindo o álbum, senti que as músicas são mais rápidas, e também mais diretas. Isso foi intencional?

Sam: Não sei se foi intencional, mas são tempos diferentes. Hoje somos outras pessoas de 20 anos atrás, quando começamos a banda e gravamos o nosso primeiro álbum [o clássico Turn On The Bright Lights]. Sabe, você não pode ficar olhando para trás, pensando somente no passado. Você precisa ir em frente e fazer o que sente no momento. A banda está funcionando muito bem com essa formação que estamos há alguns anos. É a nossa energia atual.

TMDQA!: Você completou 50 anos recentemente. Você sente que a idade pesa para tocar bateria?

Sam: Esse negócio de idade é engraçado. Você não fica pensando nisso o tempo todo e de repente está com 50 anos (risos). O tempo voa, é assustador (mais risos). Mas, me sinto jovem, principalmente quando estou tocando no palco. Quero chegar aos 60, 70 anos gravando álbuns, excursionando e tentando manter a mesma energia.

TMDQA!: Bob Mould, do Hüsker Dü e Sugar, falou ao site Talkhouse que “Marauder” é o melhor álbum de 2018. Você ficou sabendo?

Sam: Sim! Eu amo o Bob. O Sugar foi muito importante na minha formação musical. Claro que, na época tinha o Nirvana, o Soundgarden e eu os adorava também, mas o Sugar sempre teve um lugar especial no meu gosto pessoal . Eu sei que o Paul [Banks] também é fã do Sugar. Então, ficamos lisonjeados por ele ter gostado tanto e estar ouvindo o nosso álbum. Eu gostaria apenas de dizer: “Obrigado por tudo, Bob!” (risos).

Além dos citados Interpol, Kendrick Lamar e Twenty One Pilots, o Lollapalooza Brasil 2019 terá shows de Arctic Monkeys, Kings Of Leon, Tribalistas, Lenny Kravitz e muito mais.

Você pode conferir valores e condições de pagamento dos ingressos por aqui.