Por Nathália Pandeló Corrêa
Foto por Sillas Henrique
Letrux é um dos nomes mais quentes da música brasileira na atualidade.
O projeto de Letícia Novaes que nasceu com o disco Em Noite de Climão se tornou um dos shows mais requisitados do país e esteve nos festivais nacionais mais importantes de 2018, de forma merecida já que a apresentação da cantora é um grande espetáculo.
No final de Março ela cruzou o Atlântico e levou seu shows para Portugal, onde participou de eventos como o MIL, que tem objetivo de conectar diversas pessoas do music business e cada vez mais tem feito pontes entre a música de lá e daqui.
Além disso, Letícia também lançou por lá o livro lançado por aqui em 2015, “Zaralha – Abri Minha Pasta” (Editora Guarda-Chuva), no qual reúne poesias e parte de um inusitado material guardado desde a sua infância.
Nós falamos rapidamente sobre o processo todo com a artista que será uma das atrações do Lollapalooza Brasil e você pode ler logo abaixo.
TMDQA!: Sair do Brasil com um trabalho autoral pode ser meio agridoce – apesar da nossa música ser muito respeitada fora do país, é um desafio falar com um público novo, diferente do que você encontra sempre aqui. Você já tocou em Portugal, mas como vai ser a primeira vez do “Climão” lá, com tudo que tem direito, você tem novas expectativas de como será a recepção do público? Dá um friozinho na barriga?
Letrux: Certamente dá um friozinho na barriga mas acho que sou movida por essa sensação, nem bebo antes de entrar em cena para não misturar essa sensação, eu quero sempre o friozinho na barriga puro e simples como ele é (risos). Estamos bem animados de mostrar nosso trabalho, já que além de brasileiros vivendo aqui sabemos que há um público português que nos curte e já pedia nossa vinda pra cá há tempos.
TMDQA!: Você sempre teve um quê de cosmopolita nas suas performances, cantando em várias línguas e trazendo influências variadas. Como você vê essa troca Brasil-Portugal? Tem algum artista de lá que você curte acompanhar atualmente? E você acha que dá pra melhorar essa troca cultural entre dois países que tanto têm em comum?
Letrux: Sou apaixonada por Portugal, quando vim a primeira vez, com a Letuce em 2013, fiquei de cara com a constante poesia em qualquer lugar. Nas placas, no jeito de falar, na vitrine, na garçonete, é impressionante, amo. Eles ouvem muito mais a gente do que a gente ouve eles, infelizmente. Mas sou devota de Amália Rodrigues & Antônio Variações, na música. Na poesia Adília Lopes é minha rainha. Há uma banda atual chamada Fadobicha, muito curiosa também. E vamos ter participação da Lula Pena, cantora portuguesa incrível. Fomos num show de arrecadação de grana pra ajudar Moçambique, e ela participou e ficamos todos impressionados. Maravilhosa ela.
TMDQA!: O seu livro é uma coleção de coisas que escreveu ao longo da vida. Por que você escolheu esse momento para apresentá-lo ao público português?
Letrux: Portugal pra mim é poesia pura. E meu show tem momentos de declamações e afins, daí me vali dessa audácia em lançar o livro nesse momento.
TMDQA!: Seu trabalho é muito visual, e isso fica claro até no palco. A previsão é de ter clipe pra todas as músicas do disco. Você pensa em gravar algum deles nessa viagem, ou já está tudo meio amarrado?
Letrux: Filmaremos nossos shows por aqui, mas clipe exatamente não sei, nada certo mas a vida é tão cheia de imprevistos…
TMDQA!: Você rodou bastante com esse show, e digamos que o Lollapalooza será uma bela cereja no bolo. Por outro lado, Letrux foi presença marcante nos lineups dos festivais alternativos Brasil afora. Como você vê essa cena que rola em paralelo, que leva gente pra vários cantões do país, que movimenta uma economia “às margens”? Você acha que esse setor, de festivais de médio porte, está mais profissional, crescendo junto com o público e os artistas?
Letrux: Sim, os festivais de médio porte estão cada vez mais profissionais, tocamos em vários esse ano e foram todos muito bons, alto nível. O Lollapalooza é bem maior, mais gigante e de fato vai ser uma bela maneira de voltar pro Brasil, uma coroação.