Em mais de trinta anos de atividade o Bad Religion nunca se esquivou de colocar o dedo na ferida em questões referentes à sociedade, política ou religião.
São quase quarenta anos cantando sobre fatores e problemas crônicos que cercam a sociedade e que agora ganham mais um reforço com o lançamento de Age Of Unreason, décimo sétimo trabalho da discografia da banda.
Mike Dimkich (guitarra) e Jamie Miller (bateria), estreantes em discos de estúdio, se juntam a Brian Baker (guitarra), Jay Bentley (baixo) e à dupla Brett Gurewitz (guitarra) e Greg Graffin (vocal), os dois últimos responsáveis pela grande maioria das músicas do Bad Religion, para traçar mais um retrato fiel do caos atual em que o planeta está inserido.
Está tudo no formato que os fãs gostam, se acostumaram a ouvir e esperam de qualquer lançamento dos veteranos; as metáforas bem escritas, as bases melódicas aliadas ao backing vocais certeiros com refrães marcantes e a voz imponente de Greg Graffin.
O mais importante é que todos esses fatores, já conhecidos, mas nunca repetitivos, se encaixam bem em mais um ótimo trabalho, que teve a difícil missão de suceder True North de 2013, um dos pontos altos de toda a carreira.
Age Of Unreason
Ao começar com “Chaos From Within”, já temos um resumo de como a banda enxerga o que vivemos atualmente com a letra gritando forte ao afirmar que o terror parece sempre vencer e a ameaça é urgente. Não é uma forma pessimista de enxergar o cotidiano, é o modo que a banda encontrou de retratar tudo que vivemos nas últimas décadas.
Greg Graffin mais uma vez alerta para os perigos da nossa falência como sociedade e mostra que o mundo, de fato, perdeu o caminho, nas linhas de “My Sanity”, e bate forte no estilo da política americana na excelente “Do The Paranoid Style”.
Músicas como “End Of History” e a faixa título “Age Of Unreason” trazem muito do Bad Religion clássico, na sonoridade e no discurso. Poderiam estar facilmente em discos icônicos como The Grey Race ou Stranger Than Fiction, da década de 90.
Age Of Unreason passa rápido, são apenas trinta e três minutos distribuídos ao longo de catorze faixas, onde apenas “What Tomorrow Brings” ultrapassa os três minutos.
Faixas como “Candidate”, “Big Black Dog” e “Downfall”, que tiram um pouco o pé do acelerador, trazem de volta um pouco do estilo que foi feito na fase The New America ou No Substance, que não renderam bons resultados, mas que no caso do atual trabalho não chegam a comprometer a qualidade.
O Bad Religion soube ficar veterano, não deixou a qualidade cair, mesmo com alguns longos intervalos entre os álbuns e inevitáveis mudanças de formação.
A banda continua ativa na estrada, em longas turnês mundiais, passando por vários festivais importantes e depois de retomar a ótima fase nos últimos cinco lançamentos, coloca uma boa certeza na mente dos admiradores: O Bad Religion ainda tem muito o que mostrar!
Ainda bem!