27 de Maio de 1999: nesse dia, há 20 anos, o Raimundos lançou seu quarto disco de estúdio, e para o bem ou para o mal, o álbum transformou a carreira da banda.
Conhecida como um dos principais nomes do Rock Nacional ao misturar estilos que iam do Hardcore aos ritmos nordestinos, na maioria dos casos com letras proibidas para menores de idade, o grupo de Brasília era o favorito de muitos adolescentes da época, como esse que aqui escreve, que testemunharam a abertura de um verdadeiro portal à sua frente ao conhecerem o Rock And Roll por causa dos caras.
Com três discos na bagagem, Raimundos (1994), Lavô Tá Novo (1995) e Lapadas do Povo (1997), a banda tinha experimentado com o sucesso do mainstream, principalmente por conta de canções como “I Saw You Saying”, em uma época onde o Rock dava as cartas nas rádios e TVs de todo país (e quando a Internet ainda nem existia).
Com Só No Forevis, porém, foi diferente: o maior hit radiofônico de toda carreira da banda, “Mulher de Fases”, está no disco, assim como outra músicas que foram tocadas à exaustão e também mostraram um lado mais popular do Raimundos com “A Mais Pedida” e “Me Lambe”.
O Lado Pop dos Raimundos
Em um disco onde há músicas bastante pesadas como “Mato Véio”, “Fome do Cão”, “Língua Presa” e “Deixa Eu Falar”, a trinca de canções mais “acessíveis” fez com que o sucesso dos Raimundos crescesse ainda mais e os colocou em evidência.
Não à toa, o disco é o mais vendido da banda até hoje e pelo menos de acordo com a Wikipedia, chegou à tripla platina, o que significa mais de 1.850.000 cópias vendidas. Logo depois, em 2000, veio o MTV Ao Vivo, um disco duplo gravado em Curitiba e São Paulo que também foi sucesso de público, e parecia que não havia limites para as façanhas do quarteto.
O sucesso significou uma série de conquistas para uma banda que nasceu misturando hardcore com letras satíricas e ácidas mas também fez com que o grupo implodisse.
Só No Forevis foi o último disco de estúdio do Raimundos com Rodolfo Abrantes nos vocais, e apenas dois anos depois, em 2001, ele avisou que estava saindo da banda, muito em função da acelerada agenda que o grupo vinha vivendo por conta de seus compromissos e que não era mais “compatível” com a vida que o músico, então voltado à religião, decidiu construir.
De lá pra cá, o guitarrista Digão assumiu os vocais, o baixista Canisso saiu e voltou para a banda e o baterista Fred, que havia deixado o grupo em 2006, tem aparecido em shows para celebrar os 25 anos do lançamento do disco de estreia, mas quem ainda tem o posto fixo como baterista da banda é Caio, que entrou em 2007.
Após duas décadas de luta desde o sucesso imenso até o baque da saída de Rodolfo (que até hoje faz questão de se afastar de qualquer relação com o grupo sempre que pode), a banda parece ter se encontrado com agenda de shows recheada e um disco de inéditas, Cantigas de Roda (2014), bastante honesto.
Motivações e Participações Especiais
https://www.youtube.com/watch?v=VLTePjx-2i4
Quem olha a capa do disco hoje em dia pode não entender nada do que acontece na foto da banda, mas a gente contextualiza: ao final dos Anos 90, o Brasil foi invadido por bandas de pagode que lançavam um hit atrás do outro, e a ideia do Raimundos era sacaneá-las.
Para isso se “fantasiou” como artistas de pagode e ainda pediu para que a pós-produção da imagem mexesse em características físicas dos integrantes da banda. Além disso, homenageou o lendário humorista Mussum ao utilizar uma de suas expressões, o “forevis”, no título.
Na tracklist aparecem canções com participações especiais e talvez a mais conhecida delas seja “A Mais Pedida”, com Érika Martins (hoje no Autoramas, na época integrante da Penélope).
Quem também aparece no disco é Alexandre Carlo (Natiruts) que faz a conexão do Rock com o Reggae em “Deixa eu Falar” assim como Black Alien a faz com o Rap na mesma canção.
O baixista dos Paralamas do Sucesso, Bi Ribeiro, ainda aparece em “Me Lambe”, com uma linha de baixo que tem a sua cara, e Marcelo D2 participa da abertura do disco/vinheta “Só No Forevis”.
Só No Forevis
Com milhões de cópias vendidas, diversos hits e grandes nomes da música brasileira, o Raimundos emplacou seu maior sucesso há 20 anos em um disco que continuava trazendo as letras de gosto questionável mas mostrou um amadurecimento musical que lhes permitiu mesclar os riffs do hardcore a guitarras mais limpas e sons voltados às rádios.
Ao mesmo tempo em que cresceu musicalmente, também implodiu no lado pessoal ao lidar com a saída de Rodolfo, que se desligou completamente do universo de “sexo, drogas e rock and roll” ao falar que a banda lhe fazia mal e direcionar todas as suas forças à religião.
Quebrando barreiras sonoras e extrapolando os limites do sucesso, em 1999 o Raimundos lançou Só No Forevis e nunca mais foi o mesmo.