Mestre do sopro brasileiro, Carlos Malta é um inquieto. Suas performances são explosivas e parece que ele vai tirar som e improviso de qualquer lugar. Com uma bela discografia em parceria com outros artistas, com sua banda Pife Moderno e em sua carreira solo, ele vai ser uma das atrações do Rio Montreux Jazz Festival.
Antecipando a apresentação, trocamos uma ideia rápida por telefone com o simpático artista sobre a carreira e o festival.
TMDQA!: Você é um artista que toda vez que tive chance, vi ao vivo. Sempre me pareceu que seria surpreendido, pois sempre tinha alguma reinvenção ao vivo. Essa reinvenção e elemento de surpresa é parte do seu processo criativo?
Carlos Malta: Totalmente. Meu processo, meu preparo é para desmontar tudo que foi criado… (risos) E depois criar de novo, em cena. Nós sempre seguimos a partir de um tema composto e reinventamos ele, pegando a estrutura rítmica e harmônica e tento reconstruir. A música é algo que precisa estar em movimento. Sinto que preciso me surpreender com ela também.
TMDQA!: Seu último álbum é um reinvenção de faixas de Caymmi e você já trabalhou sobre a obra da Elis. Tem algum artista no seu radar para um trabalho assim?
Carlos Malta: E teve também o Besouro, que fiz com o Fernando Moura, trabalhando canções dos Beatles com uma cara muito nossa. Um que sempre me inspira é o Milton, acho que as músicas dele tem muito espaço para recriação, tem uma amplitude. A MPB me toca de muitos aspectos, do ritmo até as temáticas. Por exemplo, o Caymmi tem esses temas do mar, das mulheres, dos sabores da Bahia. Tudo é inspirador.
TMDQA!: O que trabalhar nessas canções de outros artistas move o seu processo de composição autoral?
Carlos Malta: Acho que mais no comportamento dos instrumentos, como criar as camadas de cada um para não ficar algo estático.
TMDQA!: Você vai se apresentar no Rio Montreux. Você acha que esse tipo de evento pode abrir novas portas aqui no Rio?
Carlos Malta: Acho que sim, só o fato de sediar um festival com esse selo coloca o Rio numa posição privilegiada no cenário da música. O casting tá muito bacana, o casting nacional tá nível internacional! (risos) Estamos com muita diversidade e acho que vai abrir muitas portas sim.
TMDQA!: O que podemos esperar desse show?
Carlos Malta: Surpresas, muitas surpresas! (risos) O público vai dar de cara com um formação bem diferente de sopros e percussão, de tradição em contato com o contemporâneo. Quem não conhece, vai se surpreender e quem já gosta vai também. Só o fato de participar desse festival é uma gasolina para testar coisas novas.
TMDQA!: Como está no nosso nome, nós temos mais discos que amigos. E temos uma relação muito afetuosa com alguns discos que amamos. Você tem algum disco que sempre esteve do seu lado como um verdadeiro amigo?
Carlos Malta: Tem um do Yes, chamado Close to the edge, que diz muito pra mim. Estou sempre “close to the edge”, perto do limite… Talvez por isso ele sempre me acompanhe.