A menos de uma semana da segunda edição do Queremos! Festival, que acontecerá em 15 de Junho novamente na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, o grande público ainda desconhece alguns dos artistas principais do evento.
É o caso da Hypnotic Brass Ensemble, banda de Chicago formada por oito filhos do trompetista de jazz Phil Cohran, que já colaborou com diversos artistas conhecidos, como Snoop Doog, e também esteve algumas vezes no Brasil.
Conversamos com o grupo antes da apresentação em solo carioca sobre gêneros musicais, o falecido pai, influências e parcerias na música, a relação deles com o nosso país e muito mais. Confira o resultado da conversa a seguir:
TMDQA!: Vocês estão no top 20 das performances ao vivo que precisam ser vistas, de acordo com o The New York Times. Como é isso? A banda lê o que sai na imprensa?
Hypnotic Brass Ensemble: É ótimo estar no top 20 de performances ao vivo porque nós trabalhamos duro para irmos além da experiência de apresentar um show para o público. Então, quando a imprensa reconhece nosso empenho, sabemos que conseguimos transcender tudo isso. A nossa relação com os veículos de comunicação costuma ser bastante cuidadosa. A banda gosta de acompanhar tudo o que falam sobre nós ao redor do mundo, principalmente o que a imprensa diz, porque a nossa imagem é muito importante para nós.
Esse é o legado do nosso pai (Phil Cohran) e ele atravessou décadas para construir a carreira dele, e isso está agora em nossas mãos. Nós precisamos manter essa consistência no sentido de como nossa qualidade é vista pelos outros. Além disso, é sempre interessante acompanhar a forma como o jornalista retrata o seu grupo para as pessoas, para o bem (na maioria das vezes) ou para o mal. É um modo de reconhecimento. Nós vamos tentar entrar para a lista de melhores performances ao vivo no Brasil também!
TMDQA!: Hypnotic Brass Ensemble é um grupo em família que ama o jazz. Acredito que o pai de vocês foi uma grande inspiração para todos os irmãos. O que vocês têm a dizer sobre isso? Ele deu algumas dicas para os filhos?
Hypnotic Brass Ensemble: Sim, nós somos crianças do jazz, mas não necessariamente fãs do jazz moderno. Nossos ícones no gênero são da era anterior: Miles (Davis), SunRa, Duke (Ellington). Ninguém tem resgatado essa “vibe” deles para os dias atuais, até que o HBE entrou como parte desse movimento, mas nem mesmo é chamado de jazz. Nosso pai (que sua alma descanse em paz) sempre nos deu conselhos.
Ele falava para nos mantermos em cima do palco, ou ficarmos juntos, a qualquer custo. E depois a música e o universo nos recompensariam. Também dizia coisas como para mantermos Chicago como a nossa base, e não nos vendermos para quem paga mais nesse mercado!
TMDQA!: Vocês já trabalharam com diversos artistas famosos, como o Snoop Dogg recentemente. Como funcionam essas colaborações?
Hypnotic Brass Ensemble: Normalmente, quando nós colaboramos com outros artistas, eles estão procurando colocar trompas em alguma faixa ou então fazer algo instrumental para entrar em um álbum que estão trabalhando. Eles veem nosso catálogo, alguns assistiram a gente ao vivo e todos querem colocar aquilo que viram no palco na sua própria música. Alguns para gravações em estúdio, outros para reforço durante os shows.
Quando nós tocamos com o Prince, ele pediu para nós abríssemos a sua apresentação e acompanhou nossa passagem de som na lateral do backstage. “Vocês todos vão fazer backing voocals para mim no show”. A parceria com o Snoop Dogg começou em 2010, quando a gente gravou “Welcome to Plastic Beach”.
Então, o Ben Billions (produtor) usou nossa canção “Navigator” e a transformou em “Motivation”. Nós escrevemos todas as músicas, e por isso todo mundo precisa vir até nós.
TMDQA!:Queremos! Festival é uma celebração da diversidade na música. Como vocês se posicionam quanto a isso? A banda escuta diferentes tipos de gêneros e artistas?
Hypnotic Brass Ensemble: Sim, nosso gosto musical é completamente variado e se expande por todos os continentes, inclusive voltando até os anos 1930. Nós crescemos escutando ritmos de diversos pontos do globo, até porque nós tivemos formação clássica e depois fomos inseridos em uma geração que ouvia hip hop.
Todos os irmãos escutavam os discos de soul da nossa mãe. Nossas influências vão de Tupac Shakur a Fela Kuti; do DJ Slugo(house) até Bob Marley, ou mesmo Radiohead. Acreditamos que não existe um gênero musical que nos caracterize, já que nos diversificamos na arte. Nós gostamos de experimentar. Nos consideramos os embaixadores do som, então estamos honrados por sermos convidados para se apresentar no Queremos! Festival e dar à plateia algo que ela nunca viu antes!
TMDQA!: O grupo está animado para vir ao Brasil? Essa é a primeira vez de vocês por aqui? O que a banda conhece sobre nós?
Hypnotic Brass Ensemble: Não, ficamos muito felizes em poder dizer que não será a nossa primeira vez no Brasil. Nossa primeira viagem ao país aconteceu em 2009 e, desde então, fazemos questão de levar uma turnê ao ano para aí, não importa como esteja a agenda da banda. Nós fomos abraçados de uma maneira tão especial pelo público no Brasil e sabemos disso.
HBE vai mostrar toda a sua gratidão levando uma nova música, implementando diferentes ferramentas musicais e apresentando ideias que surgiram quando estivemos por aí. Nós iríamos ao Brasil todos os meses se vocês nos recebessem.
TMDQA!:A gente pode esperar algumas surpresas para o show? Podem falar um pouco sobre o setlist?
Hypnotic Brass Ensemble: Bom, podemos falar que o HBE apresentará no palco do Queremos, em 15 de Junho, duas canções que ainda não foram apresentadas ao vivo. Além do mais, nós apresentaremos a tracklist do novo LP: Bad Boys of Jazz live, que será lançado no próximo dia 21. Nós também teremos outra surpresa no palco, pois levaremos um percussionista brasileiro. E é sempre incrível assistir ao vivo o que as palavras não podem descrever, nós nunca sabemos exatamente como será a nossa experiência diante do público.
TMDQA: Convidem nossos leitores para irem ao festival para ver vocês. Deixem uma mensagem para o nosso país.
Hypnotic Brass Ensemble: Seu povo e seu país serve como uma inspiração para todos nós (os irmãos do Hypnotic) especificamente. Não importa quais batalhas vocês enfrentam diariamente, até diante dos tempos mais difíceis, vocês continuam cantando. Ninguém pode derrotar uma nação com essa.