O tempo passa rápido! Californication, o sétimo álbum de estúdio do Red Hot Chili Peppers, completou 20 anos de idade.
Além de render vários hits e reafirmar a banda como um dos maiores nomes do rock mundial, o álbum foi um sucesso de vendas e desenvolveu uma sonoridade que passou a ser a base para seus lançamentos futuros.
Separamos 8 curiosidades sobre o lançamento, falando desde videoclipes até a vida pessoal dos integrantes. Confira abaixo:
1 – A volta de John Frusciante para a banda “salvou” o Red Hot Chili Peppers (e vice-versa)
John Frusciante é, para muitos, o melhor guitarrista que a banda já teve. Não por acaso, muitas das mais famosas canções do grupo contém seus épicos riffs de guitarra.
Em 1992, ainda durante a turnê do álbum Blood Sugar Sex Magik, John saiu da banda. A turnê foi finalizada graças à ajuda de Arik Marshall, mas quem assumiu o posto de guitarrista oficial foi Dave Navarro, do Jane’s Addiction.
Enquanto a banda gravava o polêmico One Hot Minute com Navarro, Frusciante desenvolveu dependência química com heroína e cocaína, que quase o levou a perder a vida. Em 1998, Flea visitou o amigo no hospital e o chamou para voltar a ser guitarrista do RHCP. Ele logo aceitou, e puxou novamente a sonoridade da banda para o lado “funk-punk”.
Talvez não por acaso, Californication foi um sucesso de vendas e se consagrou como um dos álbuns mais importantes da carreira da banda.
2 – “Não é o nome de uma série também?”
Sim. Lançada em 2007, Californication teve cinco temporadas até 2014 e teve grande público. No entanto, não tem nada a ver com a música lançada pelo Red Hot oito anos antes da estreia da série.
A história acompanhava um escritor e seus problemas pessoais, retratando temas como sexo, drogas e rock n’ roll na populosa cidade de Los Angeles.
Ainda durante a transmissão da primeira temporada, a banda abriu um processo contra a série. A alegação foi que a Showtime, emissora responsável, pegou carona no sucesso do termo. De acordo com um depoimento de Kiedis na época, “os versos são muito famosos e entram imediatamente na mente do consumidor”. Enquanto isso, o criador Tom Kapinos argumentou que ouviu o termo pela primeira vez há muito tempo.
O resultado? A banda perdeu a causa e a série pôde manter seu nome e popularidade até o fim. Apesar de terem popularizado o termo, a palavra não estava patenteada.
3 – A capa do disco
Sabemos que as técnicas de Photoshop no final da década de 90 não eram tão avançadas quanto as de hoje em dia. Levando isso em conta, temos que parabenizar a capa de Californication por ter envelhecido tão bem.
Lawrence Azerrad, então diretor de arte da gravadora Warner, tinha apenas 26 anos quando fez o ótimo trabalho de transformar em imagem um sonho de John Frusciante. No sonho, o guitarrista estava em um cenário distópico onde havia uma piscina. No entanto, a piscina mostrava o céu e vice-versa.
Lawrence levou cerca de 4 semanas para dar vida à imagem, pensando no tipo de piscina e cenário ideais para a capa. Foi necessário contatar designers para se decidir a respeito de qual imagem daria o resultado mais impactante.
Ah, e vale lembrar que não existia a pesquisa de Imagens do Google ainda.
4 – O clipe da faixa-título é uma obra-prima
O famoso clipe de “Californication” é o mais visto da banda no Youtube, acumulando hoje mais de 580 milhões de visualizações.
Para ilustrar a letra, que apresenta críticas a características da indústria cultural, a banda se apoiou na crescente popularidade dos videogames. Na época, o mercado vivia um dos melhores momentos dos consoles de mesa (Nintendo 64, Playstation).
Modelos 3D de Anthony, John, Chad e Flea são mostrados em aventuras diferentes, relembrando jogos como “Grand Theft Auto” e “Tony Hawk’s Pro Skater”. Anthony nada na Baía de São Francisco, enquanto John percorre Hollywood desviando de celebridades. Chad anda de snowboard e Flea tenta salvar um urso de um caçador.
Mais do que uma adaptação audiovisual interessante, o clipe dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, além de ser considerado um dos melhores de todos os tempos, se tornou um marco para a cultura pop. E não existe uma alma viva que nunca tenha se questionado o porquê desse jogo nunca ter sido lançado.
A esperança é a última a morrer!
5 – “Scar Tissue”: a vida de Anthony Kiedis em música e em livro
Em 2004, Anthony Kiedis lançou uma autobiografia intitulada “Scar Tissue“. O nome obviamente faz referência à canção que aparece no álbum e veio a se tornar uma das mais famosas músicas dos Peppers.
No livro, Anthony fala sobre sua vida pessoal com detalhes: relacionamentos, problemas com drogas, família e, é claro, a banda. Havia planos para uma série na HBO em 2008, baseada no livro e nas aventuras do vocalista. Pouco tempo depois, os direitos passaram para a FX. Até hoje, no entanto, o projeto não saiu do papel.
A metáfora da cicatriz diz respeito a algo positivo, é a marca de algo ruim, mas que já foi curado. Isso também fica claro no sereno instrumental da música. No livro, Kiedis fala sobre a canção, que ganhou o Grammy de “Melhor Canção de Rock” em 2000:
É uma sensação brincalhona, que remete à felicidade em estar feliz, como uma Fênix se erguendo das cinzas. Eu corri para fora com meu gravador e, com a música tocando, comecei a cantar o refrão inteiro.
6 – Yohanna Logan
Na época da composição do álbum, Anthony Kiedis estava em um relacionamento amoroso com a designer Yohanna Logan.
Em meio aos 5 anos em que ficaram juntos, Yohanna chegou a criar uma linha customizada de roupas para Anthony usar nos shows da banda. Isso alavancou ainda mais sua carreira como estilista, o que levou a trabalhos futuros para nomes como Gwen Stefani, Jessica Biel e Scarlett Johansson.
O relacionamento inspirou a composição de “This Velvet Glove“, escrita por Kiedis para Californication.
7 – Existem várias referências na faixa-título
“Californication” se apresenta como uma crítica à busca pelo sonho hollywoodiano, ao revelar o seu lado ruim para os ouvintes. Para ilustrar isso, Anthony usou diversas referências à cultura pop. Isso inclui celebridades, filmes e curiosidades sobre os bastidores da indústria.
O vocalista lembra de atrizes suecas que sonham em aparecer na televisão, e se refere ao fracasso da tentativa de algumas, que, para sobreviver, tiveram que se submeter a trabalhos de “hard core/soft porn”.
Entre as vítimas da “californização” referenciadas na música, estão o músico Kurt Cobain e a atriz Dorothy Stratten, assassinada por seu marido Paul Snider em 1980 em Los Angeles. O trecho “First born unicorn” é uma referência a ao livro The Killing of the Unicorn, que conta a difícil trajetória de Stratten.
São feitas também comparações a Alderaan, planeta de origem da Princesa Leia em Star Wars. O estilo de vida norte-americano também é cutucado com metáforas que envolvem a cultura de controle populacional, a chegada do homem na Lua e a representação da plástica para “enganar a idade”.
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8 – Um dos momentos mais aguardados dos shows: o solo de “Californication”
A faixa-título do álbum se tornou uma das mais aclamadas da banda, e continua sendo até hoje. Em apresentações ao vivo, a performance de “Californication” normalmente é uma das mais aguardadas.
Segundo o setlist.fm, é a terceira canção mais tocada na história da banda, perdendo apenas para “Give It Away” e “Under The Bridge” (talvez por conta da idade das canções). “Scar Tissue”, “Around the World” e “Otherside”, do mesmo álbum, estão entre as 10 mais tocadas.
Ao longo dos anos, a banda carimbou esse momento com jams instrumentais improvisadas. Além disso, a execução do solo de guitarra da música sempre é feito de uma maneira diferente, cativando os fãs.
Essa cultura foi passada para o atual guitarrista Josh Klinghoffer, que também se aventura em jams e solos improvisados na hora dos shows.