Música

Brian May vê (e lamenta) versão censurada de Bohemian Rhapsody em avião

"Talvez não sejamos tão liberais e progressistas quanto pensávamos ser", comenta um reflexivo Brian May após assistir a uma versão censurada de "Bohemian Rhapsody".

Brian May, do Queen, em 2017
Foto de Brian May via Shutterstock

No último ano, talvez não exista um filme que tenha dado tanto o que falar quanto Bohemian Rhapsody. O filme, que aborda a trajetória de Freddie Mercury desde antes do início do Queen, virou manchete várias vezes. Cinco indicações ao Oscar, bilhões em bilheteria mundial e, é claro, as polêmicas acerca das cenas LGBTQ+ que foram censuradas na China.

Brian May, guitarrista da banda, já falou anteriormente sobre algumas polêmicas acerca do filme. No último dia 13, no entanto, ele usou suas redes sociais para comentar sobre a censura de algumas cenas do filme.

“Sequer deixaram Freddie se abrir para Mary”

https://www.instagram.com/p/ByodEAFFR1c/

Brian estava em um avião da companhia Oman Air, aparentemente voltado de uma viagem para a ilha africana de Zanzibar, onde Freddie nasceu. Ao olhar o catálogo de filmes disponíveis no avião, se deparou com Bohemian Rhapsody, e foi assistir para checar se era uma versão original ou censurada do filme.

Tratava-se da versão censurada. Sem beijo e sem declarações a respeito da orientação sexual do vocalista. Usando sua conta no Instagram, o guitarrista comentou sentir que muito do filme havia sido perdido, o que o entristeceu.

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“Talvez não sejamos tão liberais e progressistas quanto pensávamos ser”

Na mesma postagem, Brian aproveitou para comentar sobre diferenças culturais e censura. Ele afirmou que, apesar dos cortes, muita coisa boa do filme havia se mantido.

“Vocês sabem que é fácil querer parecer superior e desaprovar esse tipo de coisa”, comentou o guitarrista antes de citar como exemplo a banda The Rolling Stones. Em 1967, a banda só conseguiu autorização para tocar no programa de Ed Sullivan após mudar o nome da música “Let’s Spend the Night Together” para “Let’s Spend Some Time Together”, sob ordens do próprio apresentador.

Brian comentou sobre as peculiaridades de cada país, citando que leva tempo, tolerância e até compromisso para se chegar a um consenso. “Gritar não te dá sempre o que você quer”, conclui o músico sobre as polêmicas acerca dos cortes.

Confira abaixo a postagem com o depoimento na íntegra:

Existem filmes ótimos neste avião. Bohemian Rhapsody, é? Tive que conferir para checar o quanto do nosso filme foi ‘expurgado’ para ser exibido na Oman Air. Sim, eles certamente cortaram. Não há beijo, não há testículos, e sequer deixaram Freddie se abrir para Mary – já que estava muito claro sobre o que a cena se tratava. No fim, eu realmente senti que muito da mensagem do filme havia se perdido, e isso me deixou triste. Mesmo assim, também tinha muita coisa boa nessa versão. Vocês sabem que é fácil querer parecer superior e desaprovar esse tipo de coisa. Mas os Rolling Stones não conseguiram tocar no programa de Ed Sullivan até mudarem ‘Let’s Spend the Night Together’ para ‘Let’s Spend Some Time Together’! Não acredita em mim? Confira no Youtube. Talvez não sejamos tão liberais e progressistas quanto pensávamos ser. Ou talvez, para cada país, leva tempo, tolerância e compromisso para chegar a um bom lugar. Uma das coisas que aprendi com campanha animal é que gritar não te dá sempre o que você quer. Bri.