Música

"Rockonomics": uma aula de economia com lições de Taylor Swift e Radiohead

Em "Rockonomics", Alan Krueger usa artistas como Taylor Swift e Radiohead para exemplificar a economia da música enquanto microcosmo da economia mundial.

Taylor Swift e Radiohead
Fotos: Wikimedia Commons

A situação econômica mundial tem se tornado cada vez mais complexa e explicá-la em palavras é sempre uma árdua missão. Mas e se pudéssemos usar a economia da música, citando artistas como Taylor Swift e Radiohead, como uma metáfora para a economia do mundo?

Essa é a proposta de “Rockonomics”, livro de Alan Krueger publicado cerca de um mês após seu falecimento em março de 2019. Além de escritor, Krueger também ficou muito conhecido por ter sido assessor de Bill Clinton e Barack Obama.

Em sua obra póstuma, o autor define o mundo da música como um microcosmo do mundo dos negócios uma vez que se mostra um expoente perfeito do “paradoxo do valor”. A música é um dos produtos mais consumidos por todo o mundo (em média, três a quatro horas por dia) e também um dos que mais retorna felicidade ao consumidor; ao mesmo tempo, gastamos em média apenas U$0.10 por dia com música, o que equivale a apenas 2% dos nossos gastos com entretenimento e mídias. Krueger diz, portanto, que a música é “uma das melhores barganhas que a sociedade humana já concebeu – e tem se tornado melhor diariamente”.

Além disso, a desigualdade social é também extremamente bem representada no microcosmo musical. Segundo pesquisas realizadas em 2017, 0.1% dos músicos do planeta representam mais da metade das vendas de álbuns mundiais e de streams. Mais ainda: 1% dos shows realizados são responsáveis por 60% do faturamento dessa indústria (em 1982, esse número era apenas 26%). Enquanto isso, um músico “normal” tem um ganho anual médio de U$20,000.

Krueger argumenta ainda que esse ciclo se retroalimenta e define as chamadas “leis de poder”. Quando alguém como Taylor Swift deixa de ser uma pessoa comum e se torna a Taylor Swift, seu sucesso tende a crescer cada vez mais. Prova disso é que, muitas vezes, quando artistas famosos se apresentam disfarçados, a recepção do público é bem menos acalorada.

São esses artistas, então, que têm nos dado uma aula de economia. Além de Taylor, bandas como o Radiohead estão constantemente explorando novas formas de aumentar seus lucros e se adaptando às rápidas mudanças da tecnologia. Integrando estratégias de vendas de ingressos para shows com os rendimentos provenientes dos serviços de streaming, esses artistas vão estabelecendo o modelo de negócios para as gerações que vêm por aí.

Dessa forma, Krueger resume em “Rockonomics” as lições mais importantes que a economia da música traz: o paradoxo do valor, as leis de poder e o impacto da tecnologia em constante desenvolvimento são algumas das chaves para compreendermos o atual sistema econômico mundial.

Taylor Swift e Radiohead

A cantora pop voltou a estar em alta com o single “You Need to Calm Down”, que fará parte do seu sétimo disco de estúdio, Lover. O clipe da faixa reuniu diversas personalidades e demonstrou o apoio de Taylor à comunidade LGBTQ+.

Já o Radiohead passou por uma situação desconfortável recentemente quando 18 horas de material inédito das sessões do OK Computer foram roubadas, mas a banda conseguiu contornar esse “acidente” de uma maneira genial.