Música

Há exatos 10 anos, Florence + The Machine abençoava o indie com seu primeiro disco

Trocando riffs de guitarra por percussões marcantes, o grupo Florence + The Machine lançou, em 2009, o seu ótimo disco de estreia.

Florence And The Machine - Lungs

Os anos 2000 foram o berço para a popularização de uma nova cena indie. Dela, nasceram The Strokes, Arcade Fire, Franz Ferdinand, Arctic Monkeys e muito mais. Muitas delas dessas bandas foram influenciadas pela nova onda do post-punk, mas a época viu também o nascimento de grupos indies que optaram por uma sonoridade mais melódica. Era um novo momento para o indie pop também.

Abraçando esta causa, surgiram na época grupos como Foster The People, MGMT e The XX. O final da década, no entanto prestigiou o nascimento de uma pérola para o gênero: Florence + The Machine. No dia 3 de Julho de 2009, há exatos 10 anos, o grupo lançava seu disco de estreia, o elegante e frenético Lungs, e caía no gosto de toda a cena.

Mas o que é essa banda que surgiu do nada? O que os levou à fama? A gente te explica.

Estética percussiva

Ao longo da história, vimos grande bateristas ganharem destaque em grupos dos mais diversos gêneros musicais. Mas, convenhamos, o foco, pelo menos no cenário indie, sempre esteve nos riffs de guitarra. Aqui estamos diante de um caso diferente.

Além da evidente preocupação melódica que ganha destaque indiscutível na voz da vocalista Florence Welch, Lungs apresentou ao mundo um grupo indie com foco na percussão. Isso se repercute até hoje na discografia do grupo, com exemplo especial na ótima “Spectrum (Say My Name)“, lançada em Cerimonials (2011).

Em entrevista à revista Mojo em Agosto de 2009, Florence contou o quanto ama sons percussivos e justificou o nome do álbum em uma tacada só:

Já fiz vários shows onde era apenas eu cantando e tocando bateria. Percussão é muito importante para mim. São como as batidas do coração de uma música, enquanto penso na voz como seu pulmão. Se você despi-la até que fique nua, é isso que resta na música: os pulmões e o coração. O resto da banda simboliza o corpo.

Tal estética fica explícita ao longo de todo o álbum, mas especialmente em faixas como “Drumming Song” e “Between Two Lungs“. As “batidas do coração” da música ganharam maior fama, no entanto, em uma canção específica: “Dog Days Are Over“.

 

“Dog Days Are Over”: o grande hino do indie pop

Um bom grupo sabe o quão benéfico é aquecer o lançamento de um álbum com singles prévios. No ano anterior ao lançamento de Lungs, Florence e sua banda já davam o gosto do que estava por vir com os singles “Kiss With a Fist“, “Dog Days Are Over” e “Rabbit Heart (Raise It Up)“.

Dessas, podemos dizer que a segunda foi a que mais impactou o público e gerou ânimo para o lançamento do álbum. Sem riffs de guitarra, sem agressividade e na voz de uma mulher (considerando que a maioria dos grupos do cenário indie são liderados por homens), a canção não apenas acabou com os “dias de cão” como também abriu um patamar de possibilidades para o indie pop.

Até hoje, a música é tocada em qualquer festa que se permita tocar música indie. Poucas canções permanecem tão relevantes com o passar do tempo. É regra: se começar a tocar “Dog Days Are Over”, onde quer que você esteja, a vontade de acompanhar as palmas ou batucar junto vai ser gritante.

 

A identificação com uma juventude vulnerável

Ser jovem é difícil. É a fase da vida em que a sociedade basicamente te força a seguir um caminho. É quando as suas vulnerabilidades ficam mais aparentes, quando os sentimentos te castigam mais e quando a vontade de aproveitar a vida grita mais alto.

Outro ponto muito positivo para o álbum foi a sua temática, que ajudou aproximou mais ainda o grupo de um público jovem. Muitas das composições de Lungs foram influenciadas por um término de relacionamento vivido por Florence.

Amores, sejam eles correspondidos ou não, foram pautas para as composições de “I’m Not Calling You a Liar“, “Howl“, “Kiss With a Fist” e “Hurricane Drunk“. Mas o álbum também conta com reflexões sobre outros temas como morte (em “My Boy Builds Coffins“) e dor (em “Blinding“, canção em que Florence repete constantemente a frase “Chega de sonhar como uma garota apaixonada”).

Mas e você, caro leitor? O que acha do emblemático Lungs? Qual a sua música favorita do álbum? Deixe a sua opinião nos comentários.