A banda O Terno resolveu falar sobre o processo de construção do <atrás/além>, seu álbum mais recente, lançado em Abril desse ano.
O grupo conta que a produção do disco começou em Fevereiro de 2018 num sítio em Indaiatuba, no interior de São Paulo, onde eles foram para, pela primeira vez, tocarem as novas músicas juntos e fazerem alguns testes e ensaios.
Nesse momento, duas canções já foram gravadas. “A gente queria muito pegar o clima entre o descontraído e o caprichado,” contou Tim Bernardes.
Biel Basile, baterista, lembra da noite em que Tim, sentado em sua cama pronto para dormir, acabou pegando o violão e gravando a faixa “Pra Sempre Será”. Tudo foi registrado em fotos e vídeos pelos próprios integrantes do Terno, além de pessoas envolvidas no trabalho.
“É um processo difícil. A coisa só anda quando você abre mão do jeito que deveria ser para agarrar o jeito que está sendo,” desabafa Tim.
Perto dos 30, os meninos enxergam o <atrás/além> como uma reflexão sobre o salto de emancipação e a construção do próprio destino. A arte da capa, inclusive, feita por Maria Cau Levy, está inserida no conceito.
As sílabas separadas representam “o” indivíduo, sempre em busca de “ter” algo, “no” local e momento em que está.
Os discursos recentes do grupo sobre o disco geraram reações nos fãs, que estão preocupados com possíveis sinais do fim da banda. “O partir é uma coisa que tem muito a ver com o disco: o parto de nascer e o partir de ir embora. É sobre dar esse salto e estar à deriva no mar. É sobre movimento, tempo e transição”, reflete o vocalista.
O Terno no estúdio
Segundo Guilherme D’Almeida, baixista, era comum ouvir as gravações várias vezes, mas não para perceber o que estava certo ou errado, e sim para identificar improvisações ou detalhes que aconteceram ao acaso, mas que ficariam na gravação definitiva. “Era para ver em qual delas a gente estava respirando mais junto. Não tinha um gabarito. A gente tocava para depois entender o que surgiu daquilo”, complementa Biel.
Em “Volta e Meia”, O Terno trouxe pela primeira vez em seus discos uma participação especial. Uma não! Duas. Devendra Banhart, americano criado pela mãe na Venezuela, e um dos principais artistas do folk psicodélico, e Shintaro Sakamoto, consagrado multi-instrumentista japonês. Eles se conheceram em Berlin, na Alemanha, nos bastidores de um festival em que tocaram.
A dupla internacional não entrou em estúdio junto com Tim, Biel e Peixe, apelido de Guilherme. Tampouco veio para o Brasil. As gravações chegaram por e-mail e o discurso em japonês de Shintaro foi um texto que ele mesmo escreveu, sem o conhecimento da banda. “Tem um vídeo da gente ouvindo com o Google Tradutor”, relembra Tim.
A “hora do recreio do disco” acontece em “Bielzinho/Bielzinho”, uma homenagem de Tim ao companheiro de banda. Porém, eles generalizam e definem a canção, na verdade, como sendo sobre o conjunto. “É sobre falar muito sério e de temas muito profundos, mas também de ter descontração e coisas relax. Essa música é bem astral e é sobre a gente tocar junto”, revelam. Nela, cantam em coro Tulipa Ruiz, Ana Frango Elétrico, Maria Beraldo, Luiza Lian e Maria Clau Levy.
Num vídeo com mais de dez minutos, a banda mostra vários desses momentos e dá alguns depoimentos sobre o processo de produção do <atrás/além>.
Dica: vá para um cantinho, coloque um fone de ouvido e se deixe levar pela trilha e pelas histórias compartilhadas por esses meninos incríveis. E depois leia nossa entrevista exclusiva com eles falando também sobre esse disco.