Música

"Old Town Road" e a história do mega hit que nasceu de um meme

O rapper Lil Nas X pagou 30 dólares em uma batida com sample de Nine Inch Nails e fez história no Hip Hop com "Old Town Road" por causa do app TikTok.

Lil Nas X, Old Town Road e o TikTok

Você já deve ter ouvido falar em “Old Town Road”, mega hit do rapper Lil Nas X que está quebrando recordes do Hip Hop.

O som foi lançado originalmente em Dezembro de 2018, mas de lá pra cá tornou-se um dos maiores símbolos do chamado country trap (sim, isso existe), ganhou uma versão ao lado do gigante country Billy Ray Cyrus e transformou-se em um dos maiores sucessos dos últimos meses.

O que talvez você não saiba, porém, é que o som nasceu a partir de um meme e do aplicativo TikTok, que tem mudado a forma como jovens descobrem, compartilham e consomem as suas músicas.

Old Town Road

Em 2017 o rapper Young Thug lançou uma mixtape chamada Beautiful Thugger Girls que deu início à fusão de música country com rap, e em 2018, a parceria de Lil Tracy e Lil Uzi Vert em “Like A Farmer (Remix)” colocou ainda mais lenha na fogueira.

Foi no ano passado que Lil Nas X resolveu largar tudo e se aventurar no mundo da música, e como bom jovem de 20 anos que é, mergulhou na Internet onde fazia de tudo para divulgar os seus sons.

Um belo dia ele começou a trabalhar no que se transformaria em “Old Town Road” e comprou uma batida do produtor holandês YoungKio que estava à venda em seu site por 30 dólares. A partir do seu uso, a canção tomou forma, ganhou corpo e foi se transformando na versão preliminar do hit que conhecemos hoje em dia.

Inclusive, é interessante notar, que a canção conta com um sample de “34 Ghosts IV”, do Nine Inch Nails, e tanto Trent Reznor quanto Atticus Ross são creditados como co-autores de “Old Town Road”.

Memes e o App TikTok

Talvez você não conheça o app TikTok, mas ele é uma das principais opções para os jovens que estão sedentos por música e, é claro, atenção.

Por lá, diversos “desafios” de 15 segundos são criados onde a ideia é gravar em vídeo uma performance dançante de alguma música que esteja bombando na plataforma.

Em um primeiro momento, Lil Nas X divulgou a canção através da criação de vários memes, e inclusive contou com a ajuda de Danny Kang, empresário da sensação Mason Ramsey, garoto que ficou conhecido após mostrar toda a sua voz em uma unidade do Walmart (e tocar no Coachella).

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Quando a coisa estava começando a fluir, “Old Town Road” caiu nas graças da comunidade do TikTok com o “Yeehaw Challenge”, e aí não havia mais limites. Com diversos vídeos compartilhando o mesmo trecho da música à exaustão, é como se Lil Nas X tivesse recebido dos céus uma imensa campanha de divulgação global da parte mais grudenta do seu hit, o que o transformou em um dos nomes mais quentes da música atual.

Internet e o Futuro da Música

https://www.youtube.com/watch?v=05_SZfB1qNg

O caso do rapper que ama o country tem muito a dizer a respeito do futuro da indústria da música e a nova geração de ouvintes que está vindo aí.

Conectados 24 horas por dia em seus smartphones, criativos e com muita vontade de aparecer, eles estão aderindo a aplicativos como o TikTok e promovendo novas sons de uma forma inimaginável até certo tempo atrás.

Como resultado, já existem gravadoras e artistas trabalhando no sentido inverso e produzindo singles com trechos específicos que poderiam ser usados nos desafios de 15 segundos do app que tinha mais de 500 milhões de usuários em 2018.

Não é à toa: se você procurar por “Old Town Road” no YouTube, vai ver uma verdadeira máquina de fazer dinheiro com versões de lyric video, vídeo com animoji, só o áudio, clipe oficial, filme oficial, covers e até uma versão funk abrasileirada no canal Kondzilla que tem mais de 12 milhões de visualizações.

Se há algum tempo estávamos falando sobre “a morte do álbum” e a era dos singles e das playlists, agora já começa a se desenhar um panorama onde até uma canção pode ser longa demais para a nova molecada que está começando a consumir música.

Se por um lado há pouca ou nenhuma ligação entre ouvintes e as obras dos artistas, por outro eles ouvem as canções à exaustão para programarem seus passos de dança e saírem bem no vídeo.

Há espaço para argumentar que isso é ruim e que os velhos tempo de “Vinil, CDs e MTV eram incríveis” ou que o futuro chegou e esses adolescentes e jovens adultos estão se divertindo à sua maneira, mas uma coisa é (in)certa: alguma ideia de onde iremos parar?