Música

Punk Goes Pop: um ranking da pior à melhor edição

Ranqueamos todas as sete edições da histórica série de coletâneas Punk Goes Pop, desde a primeira em 2002 até a última em 2017. Confira e opine!

Punk Goes Pop

É fato que as bandas de pop punk, post-hardcore e metalcore criaram uma grande cena nos anos 2000 que dominou vários dos rolês “alternativos” por aí. Apesar de ter sido especialmente popular nos EUA, a cena também ganhou muita força no Brasil.

Uma das maiores expoentes dessa cena no início dos anos 2010 era a coletânea Punk Goes Pop, uma iniciativa da Fearless Records – gravadora especializada em lançamentos dos gêneros citados. O primeiro volume saiu em 2002, mas a partir de 2009 (com a segunda edição) a coletânea passou a ser anual até 2014.

Depois de um último suspiro com o volume 7 em 2017, a série de discos mostrou seu desgaste (assim como a cena no geral) e entrou em uma pausa, sem previsão de um oitavo lançamento por enquanto.

Bandas como o Mayday Parade e o We Came as Romans viraram figurinhas carimbadas na coletânea e fizeram alguns covers excelentes que soam bem – ou, no mínimo, nostálgicos – até hoje. Para matar a saudade, resolvemos ranquear os discos da série, do pior ao melhor! Confira abaixo.

7. Punk Goes Pop, Vol. 7 (2017)

Destaques: “Stitches” (Shawn Mendes), por State Champs; “That’s What I Like” (Bruno Mars), por Dance Gavin Dance e “Love Yourself” (Ed Sheeran), por Grayscale.

Como dito acima, a sétima edição mostrou o desgaste do gênero e, de certa forma, a influência que a coletânea teve. Muitas das versões aqui soam genéricas – devido à popularidade das edições passadas, o YouTube hoje é recheado de “versões rock” de músicas pop.

No entanto, a presença do Dance Gavin Dance é um destaque bastante positivo, já que é uma banda tão icônica da cena e que demorou mais do que deveria para aparecer por aqui. Além disso, o State Champs também dá as caras mostrando que é de fato o melhor nome do pop punk atualmente. Por fim, a versão de “Heathens”, do Twenty One Pilots, pelo Boston Manor mostra um respiro nesse gênero saturado.

Por outro lado, Andy Black (Black Veil Brides) e sua esposa Juliet Simms (Automatic Loveletter) protagonizam uma versão bem chatinha – e nada punk – de “When We Were Young”, da Adele. No quesito soar genérico, o cover do Seaway de “Closer”, do The Chainsmokers com a Halsey, ganha o prêmio.

6. Punk Goes Pop, Vol. 5 (2012)

Destaques: “Somebody That I Used to Know” (Gotye feat. Kimbra), por Mayday Parade feat. Vic Fuentes; “Glad You Came” (The Wanted), por We Came as Romans e “We Found Love” (Rihanna feat. Calvin Harris), por Forever the Sickest Kids.

O volume 5 da série é uma contradição: traz três das melhores versões já feitas pelo projeto (as citadas acima), mas ao mesmo tempo tem algumas das piores. O grande problema dessa quinta edição é um domínio quase completo de bandas do metalcore.

Além das já faladas, a parceria entre o The Maine e Adam Lazzara (Taking Back Sunday) para o cover de “Girls Just Wanna Have Fun”, da Cyndi Lauper, é um respiro excelente no disco – assim como “Paradise”, do Coldplay, cantada por Craig Owens (Chiodos).

No entanto, as versões de “Call Me Maybe” (Carly Rae Jepsen) do Upon This Dawning, “Some Nights” (Fun) do Like Moths to Flame e “Boyfriend” (Maroon 5) do Issues – apenas para citar algumas – acabam sugando a energia do álbum.

5. Punk Goes Pop, Vol. 4 (2011)

Destaques: “Little Lion Man” (Mumford & Sons), por Tonight Alive; “Rolling in the Deep” (Adele), por Go Radio; “Love the Way You Lie” (Eminem feat. Rihanna), por A Skylit Drive e “Runaway” (Kanye West feat. Pusha T), por Silverstein feat. Down with Webster.

A partir dessa posição, o ranking se torna uma tarefa difícil por conta de tantas versões interessantes (e, ok, um pouco nostálgicas também). A escolha de colocar o volume 4 mais perto das edições “ruins” é majoritariamente por conta das músicas escolhidas, e não tanto pelos artistas da coletânea.

É verdade que isso deu a oportunidade para algumas bandas fazerem covers que soam tão radiofônicos quanto os originais, porém melhores – como “Yeah 3X” (Chris Brown feat. David Guetta), do Allstar Weekend e “Super Bass” (Nicki Minaj), do The Downtown Fiction.

Mas, como sempre, algumas faixas soam bem genéricas e/ou sem graça. É o caso de “Roll Up” (Wiz Khalifa), do The Ready Set feat. MOD SUN e “You Belong with Me” (Taylor Swift), do For All Those Sleeping.

4. Punk Goes Pop, Vol. 6 (2014)

Destaques: “Wrecking Ball” (Miley Cyrus), por August Burns Red“I Knew You Were Trouble” (Taylor Swift), por We Came as Romans“Problem” (Ariana Grande), por Set It Off; “Hold On, We’re Going Home” (Drake feat. Majid Jordan), por VOLUMES “Chandelier” (Sia), por PVRIS.

A sexta edição do projeto poderia muito bem ter sido a última e teria deixado todos satisfeitos. Com uma boa escolha de músicas e excelente seleção de bandas que mesclava algumas mais “clássicas” do gênero e mais próximas do metalcore (August Burns Red, We Came as Romans) com os novos expoentes do pop punk (Knuckle Puck, State Champs).

A mistura entre gêneros também foi bem interessante, com o pesado metalcore do August Burns Red soando coeso mesmo sendo precedido pela animada versão de “Ain’t It Fun” (Paramore) gravada por Tyler Carter (Issues) com Luke Holland (The Word Alive).

Infelizmente, o fantasma das versões genéricas também assombrou essa edição em faixas como “Drunk in Love” (Beyoncé feat. Jay-Z), em versão do Oceans Ate Alaska e “Blank Space” (Taylor Swift), em versão do I Prevail. Mas, no geral, o sexto volume foi capaz de aproveitar o último pico de popularidade do gênero com maestria.

3. Punk Goes Pop, Vol. 3 (2010)

Destaques: “In My Head” (Jason Derülo), por Mayday Parade“Heartless” (Kanye West), por The Word Alive“Airplanes” (B.o.B. feat. Hayley Williams), por The Ready Set; “Need You Now” (Lady Antebellum), por Sparks the Rescue e “My Love” (Justin Timberlake feat. T.I.), por We Came as Romans.

Aqui, vemos uma situação exatamente inversa à posição anterior: a escolha das músicas é tão boa que até alguns covers mais genéricos soam ótimos, como é o caso de “Right Now (Na Na Na)” (Akon), tocada pelo Asking Alexandria e “Bad Romance” (Lady Gaga), tocada pelo Artist vs Poet.

As interpretações de “Heartless” (Kanye West), pelo The Word Alive e de “Blame It” (Jamie Foxx feat. T-Pain), pelo Of Mice & Men são um bom destaque também por provarem que é possível transformar uma música pop em metalcore sem soar clichê.

Por fim, vale ressaltar o Breathe Carolina que parecia abraçar de vez a estética pop-punk-EDM que marcou a carreira do duo em seu cover de “Down”, do Jay Sean com o Lil Wayne e a ousada interpretação do Family Force 5 para “Bulletproof”, da La Roux.

2. Punk Goes Pop (2002)

Destaques: “Everywhere” (Michelle Branch), por Yellowcard; “Like a Prayer” (Madonna), por Rufio; “Bye Bye Bye” (N’Sync), por Further Seems Forever; “Survivor” (Destiny’s Child feat. Da Brat), por Knockout e “Send Me an Angel” (Real Life), por Thrice.

A primeira edição é bastante especial. Não só por ter dado vida a esse ambicioso projeto, mas também por ter algumas das bandas mais icônicas da cena em suas únicas aparições – como o Thrice, o Yellowcard, o The Starting Line e o Rufio – e um lineup de músicas que se resume basicamente aos melhores hits dos anos 80-90.

Inclusive, talvez essa seja a única edição que de fato pode ser chamada de “punk”, com a participação de grupos bem mais próximos do punk original do que do pop punk – como o Reach the Sky e o Nicotine. Além do mais, a produção desse álbum é bem mais “raiz” do que os outros, acrescentando mais essa característica da sonoridade.

As versões são uma aula também: a grande maioria dos presentes dá uma aula de como adaptar o som pop aos seus próprios estilos. Poderíamos tranquilamente ouvir a versão do Thrice de “Send Me an Angel” no meio de seu disco The Illusion of Safety (lançado no mesmo ano), por exemplo.

1. Punk Goes Pop, Vol. 2 (2009)

Destaques: “What Goes Around… Comes Around” (Justin Timberlake), por Alesana“When I Grow Up” (Pussycat Dolls), por Mayday Parade; “Over My Head (Cable Car)” (The Fray), por A Day to Remember“Disturbia” (Rihanna), por The Cab“Toxic” (Britney Spears), por A Static Lullaby “Love Song” (Sara Bareilles), por Four Year Strong.

Sim, quase metade do disco é parte dos destaques. O volume 2 conseguiu unir o melhor dos dois mundos, escalando bandas que viriam a se tornar os maiores nomes tanto no metalcore quanto no pop punk (ou afins).

A faixa do Alesana é uma aula de como fazer um cover; a interpretação do Escape the Fate de “Smooth” (do Santana com o Rob Thomas) mostra que é possível mudar pouca coisa em uma canção e ainda assim dar a cara do grupo a ela. O Bayside fez sua única aparição, transformando “Beautiful Girls”, do Sean Kingston, em uma música que caberia facilmente em seu disco Shudderlançado um ano antes.

Aliás, várias dessas bandas fizeram suas únicas aparições na coletânea nessa edição. É o caso da famosa dupla A Day to Remember Four Year Strong, ambos com excelentes covers. Outros gostaram da experiência e apareceram mais vezes – como o Mayday Parade e o August Burns Red.

Mas o principal fato é que dificilmente qualquer volume novo que seja lançado daqui pra frente irá superar a histórica segunda edição do Punk Goes Pop.