“Highway To Hell”. Basta você falar essa expressão ou tocar um trecho mínimo desse som que qualquer pessoa desse planeta, mesmo que não esteja ligada ao Rock And Roll, irá reconhecer o AC/DC.
Em 27 de Julho de 1979, há exatos 40 anos, a banda australiana lançava seu quinto disco internacionalmente, o sexto na Austrália, e talvez não soubesse que colocaria seu nome de forma definitiva na história da música, a ponto de estarmos aqui celebrando o seu lançamento quatro décadas depois.
AC/DC
Nessa época, o grupo já tinha uma base interessante de fãs na Austrália e na Europa, mas ainda não era visto de forma significativa pela sua gravadora nos Estados Unidos.
Em 1977, dois anos antes do lançamento do disco, a banda excursionou pelo país sem ter apoio do selo, o que significava não tocar na rádio, e mesmo assim conseguiu marcar shows e se apresentar de forma a conquistar novos roqueiros que passaram a gostar da banda.
Com esse amadurecimento vindo da estrada, era hora das fichas serem colocadas na banda, mas a gravadora Atlantic queria que eles trabalhassem com um produtor que desse uma abordagem mais acessível e popular ao Rock And Roll da banda inspirado no Blues.
Logo no início isso já traria problemas, já que os produtores dos discos anteriores do AC/DC vinham sendo George Young, irmão de Angus Young e Malcolm Young, e seu colega Harry Vanda.
De qualquer forma, a banda aceitou a sugestão e se reuniu com Eddie Kramer, conhecido por trabalhar com nomes como KISS, Led Zeppelin e Jimi Hendrixb.
As coisas não funcionaram bem, porém, e Malcolm Young inclusive teria dito:
Kramer era meio que um babaca. Ele olhava para Bon [Scott] e nos dizia, ‘Seu cara pode cantar?’ Ele pode ter se sentado atrás dos botões para Hendrix, mas com certeza não é Hendrix, eu posso te garantir.
Novo Produtor
Sendo assim, um novo produtor teve que ser designado para Highway To Hell e ele veio com Robert John “Mutt” Lange, que assim como Kramer também havia nascido na África do Sul, e havia trabalhado com nomes como Boomtown Rats.
O vocalista Bon Scott, relembrou a transição uma vez:
Durante três semanas em Miami não escrevemos nenhuma música com Kramer. Então um dia dissemos que iríamos descansar e nem apareceríamos. Foi num Sábado, nos infiltramos no estúdio e naquele dia finalizamos seis músicas, enviamos a fita para Lange e perguntamos, ‘você quer trabalhar com a gente’?
Robert John “Mutt” Lange
A influência de Lange no disco é imensa, com as pessoas dizendo que ele, com aulas de canto no currículo, falava para Bon Scott sobre como ele poderia melhorar suas performances.
Para isso, pacientemente lhe explicou técnica de respiração que fizeram com que o nível do vocalista subisse, e o mesmo aconteceu com as guitarras, já que há relatos de Lange chamado Angus ao seu lado para lhe mostrar o que estava procurando.
No solo de “Highway To Hell”, por exemplo, ele pediu para que Angus se sentasse e tocasse, e ele passou a mostrar, no braço do instrumento, onde ele deveria tocar as notas para que a performance ganhasse corpo.
“Highway To Hell”
O grande sucesso de Highway To Hell veio com a faixa título, uma das canções mais conhecidas não apenas da história do Rock, como da música em geral.
A gravadora via inclusive com maus olhos a tática de lançá-la como single, por conta do peso de divulgar “uma estrada para o inferno”, mas o fez logo de cara e viu que acertou.
Ao falar sobre as origens do conceito da canção em 1993, Angus Young explicou:
Tudo que fizemos foi descrever o que era estar na estrada com a gente durante quatro anos, como havíamos estado. Muita parte era passada no ônibus e dentro de carros, excursionando, sem parar. Aí você saía do ônibus às quatro da manhã e um jornalista vinha perguntar, ‘como você chamaria uma turnê do AC/DC?’ Bem, era uma estrada para o inferno. Realmente era. Quando você está dormindo com as meias do vocalista a duas polegadas do seu nariz, isso é bem próximo do inferno.
Dez anos depois, em 2003, o guitarrista voltou a falar sobre as ideias para o hit e uma quase tragédia com a canção:
Estávamos em Miami e estávamos quebrados de grana. Malcolm e eu estávamos tocando guitarra em um estúdio de ensaio e eu disse, ‘acho que tenho uma ideia boa para uma introdução’, e era o começo de ‘Highway To Hell’.
Aí ele foi até a bateria e mostrou a batida para mim. Havia um cara lá trabalhando com a gente e ele levou a fita que gravamos para casa e deu para seu filho, e seu filho destruiu o negócio. Bon era bom em consertar fitas quebradas, então colou tudo junto. Pelo menos assim não perdemos o som.
Arte da Capa
Se a arte da capa já é polêmica por si só, com os chifrinhos em Angus Young fazendo alusão ao capeta, a versão original australiana do disco tinha uma ainda mais contundente, com chamas, muito fogo e um braço de contra-baixo aplicado à mesma foto.
Bon Scott
É óbvio que não dá para falar sobre Highway To Hell sem citar o vocalista Bon Scott em destaque.
Além da sua performance incrível no single e no álbum, esse seria o seu último trabalho com o AC/DC, já que ele faleceu de forma trágica em Fevereiro de 1980.
Após o sucesso mundial de “Highway To Hell”, a banda entraria em estúdio novamente com Robert “Mutt” Lange para gravar Back In Black, lançado em 1980, e aquele que é interpretado como um disco em homenagem a Scott, agora com Brian Johnson nos vocais, acabou tornando-se a obra prima da banda.
Hoje é dia de colocar Highway To Hell para tocar bem alto! Aperte o play!