Música

20 grandes discos da cena Punk que completam 20 anos em 2019

Em 1999, o movimento punk vivia uma fase de mudanças. Veja lista com discos de Hot Water Music, blink-182, Charlie Brown Jr, Mukeka Di Rato e mais.

20 Discos Punk 1999

Em 1999, o movimento punk vivia uma fase de mudanças. Aquela sonoridade clássica marcada por bandas como RamonesBlack FlagMisfits vinha dando espaço a uma versão mais acessível do gênero e assim surgiam novos ramos da cena, como o pop punk, o skate punk e o ska punk.

Isso fez com que a cena punk vivesse um momento de inchaço no mundo (inclusive no Brasil), com novas bandas surgindo com novos trabalhos o tempo todo. Além disso, os subgêneros derivados do estilo também vinham em alta.

Foi o caso do emocore, por exemplo. Algumas semanas atrás, fizemos esta lista relembrando 20 discos deste movimento que foram lançados em 1999.

Agora, é a vez de falarmos sobre 20 outros excelentes álbuns que foram cruciais nessa nova fase da cena punk, englobando aqueles cuja proposta lembrava a do punk clássico e também os que traziam novas influências e recriavam a identidade do gênero.

Playlist TMDQA!

Celebre a lista na matéria abaixo com textos e curiosidades, e siga nossa playlist oficial do TMDQA!, que foi invadida com algumas músicas dessa seleção!

 

Me First and the Gimme Gimmes – Are a Drag

Me First and the Gimme Gimmes é uma espécie de supergrupo, formado por Spike Slawson (Swingin’ UttersRe-Volts), Fat Mike (NOFX) e a dupla Joey Cape Dave Raun (Lagwagon) cuja proposta consiste em fazer versões punk de canções famosas. O disco Are a Drag, de 1999, traz covers apenas de músicas de peças teatrais/filmes cantadas por mulheres. Não é o melhor trabalho do grupo – mas, juntando esses nomes gigantes da cena e com versões incríveis de “Over the Rainbow” e “Don’t Cry For Me Argentina”, tem muito seu valor.

Vale lembrar que Chris Shiflett, conhecido pelo seu trabalho em bandas como Foo Fighters e No Use For A Name, também fez parte do grupo. Recentemente, ele disse que o projeto começou como diversão para amigos que moravam em San Francisco e “ficavam bêbados tocando em um bar para amigos”.

Ele falou que deixou a banda em “maus termos” recentemente: “merda acontece”.

Yellowcard – Where We Stand

Antes de ter Ryan Key nas vozes, o famigerado Yellowcard trazia uma sonoridade bem interessante, mais rápida e próxima do hardcore melódico (que faria um sucesso estrondoso na cena underground do Brasil). O segundo disco da banda – último com Ben Dobson nos vocais – já mostrava alguns elementos que marcariam a carreira do grupo, como a presença de Sean Mackin no violino.

Aliás, Sean é o único membro a gravar este álbum que tocou com a banda até seu fim em 2017. Felizmente, o cara viu o Yellowcard evoluir bastante e ter melhores condições de gravação, já que o Where We Stand soa como uma gravação de garagem – o que, claro, tem seu charme.

Mukeka di Rato – Gaiola

A sarcástica Mukeka di Rato, de Vila Velha, mudou o hardcore brasileiro quando lançou o álbum Gaiola em 1999. Depois de seu disco de estreia Pasqualin na Terra do Xupa-Kabra em 1997 abrir espaço para a banda, o segundo trabalho dos caras colocou o Mukeka de vez no cenário nacional e até internacional.

Com apenas 21 minutos de duração – e 16 músicas nesse tempo – o álbum traz a participação de Rodrigo Lima (Dead Fish) na faixa “Homem Borracha”, um punk acelerado e agressivo em canções como “Mickey” “Guri” e letras importantíssimas (e, infelizmente, atuais) como a de “Nazi Tolices”.

Anti-Flag – A New Kind of Army

Anti-Flag é uma das bandas mais legais de todo esse movimento ainda na ativa, com uma sonoridade bem característica e com letras carregadas de críticas sociopolíticas e ativismo. Em 1999, os caras lançaram seu segundo disco de estúdio, A New Kind of Army.

Ainda bem ligado aos elementos do punk tradicional, o ótimo trabalho tem como destaques a faixa-título e as excelentes (e afrontosas) letras de “Police Story” “Free Nation?“.

Buzzcocks – Modern

Surgido no final dos anos 70, o Buzzcocks é dono de hits como “Ever Fallen in Love (With Someone You Shouldn’t’ve?)” e “Why Can’t I Touch It?”. Mas, quase 20 anos depois desses sucessos que associavam a roupagem punk a um som mais pop, os britânicos lançaram Modern, seu sexto disco de estúdio.

Neste trabalho, pouco conhecido e indisponível nos serviços de streaming, a banda explorou elementos eletrônicos que puxavam para o new wave. O resultado foi pouco aclamado pela crítica, mas soa bem interessante e se tornou uma espécie de joia escondida na discografia do Buzzcocks.

Good Riddance – Operation Phoenix

A excelente banda Good Riddance foi uma das mais importantes da cena punk norte-americana dos anos 90, e no final da década nos presenteou com o ótimo Operation PhoenixOs caras repetiram a receita de sucesso dos três discos anteriores: punk rock da melhor qualidade com letras politizadas e agressivas.

Vale destacar o fato da banda ter usado excertos de falas de personagens políticos como Martin Luther King, Jr. (em “Shadows of Defeat”) e Noam Chomsky (em “Winning the Hearts and Minds”).

Punchline – Punchline

O Punchline esteve entre os pioneiros do pop punk – que ajudou, sem dúvidas, a moldar o estilo que a banda se encaixa hoje: o power pop. O disco homônimo dos caras foi lançado em 1999 e abriga a faixa “Bingo, que algumas pessoas pedem nos shows até hoje.

A sonoridade “final dos anos 90” do álbum é indiscutível. Porém, se você curtir, nem adianta procurar: foram feitas só 2000 cópias desta raridade.

Thrice – First Impressions

Mais uma raridade por aqui! O Thrice se estabeleceu com o passar dos anos na cena do post-hardcore, mas o primeiro EP da banda denuncia sua origem no skate punk. Esse trabalho já conta com a formação atual e ouvi-lo deixa claro o tamanho da evolução musical do grupo nos últimos 20 anos.

Por outro lado, existem boatos de que a Fat Wreck Chords teria tido interesse em assinar o Thrice por conta desse EP mas desistiu quando a banda mostrou o que viria a ser Identity Crisis. Já pensou um futuro alternativo com eles ao lado do NOFX e do Lagwagon? Pra ajudar a imaginar, os caras fizeram um cover de “Linoleum” em uma situação inusitada vivida recentemente.

https://www.youtube.com/watch?v=Jc1aB_RBjnk&list=PL2A33AF1ED395470C

Los Hermanos – Los Hermanos

Ainda que o maior sucesso do disco homônimo de estreia do Los Hermanos – e da carreira da banda – tenha sido a grudenta “Anna Júlia”, quem comprou o CD (ou a fita K7!) na época certamente se impressionou com o ska punk de faixas como “Tenha Dó” “Descoberta”.

A sonoridade bem mais calma dos discos subsequentes (que transformaram a banda em piada entre os “rockeiros”) em quase nada se assemelha à de canções do primeiro trabalho como “Quem Sabe” “Azedume”, que chegam a se aproximar do hardcore. Um dos grandes diferenciais para o sucesso, entretanto, era a pegada carnavalesca na essência punk – como em “Pierrot” “Sem Ter Você”.

Na época, o grupo frequentava o underground carioca e tocava nos mesmos rolês de bandas do estilo, tanto que foi confundido com um grupo de hardcore em uma situação bizarra (e bem engraçada).

Atari Teenage Riot – 60 Second Wipe Out

Se hoje em dia a estética cyberpunk tem estado em alta, no final dos anos 90 o Atari Teenage Riot era uma das primeiras bandas a trazer essa mistura do punk/hardcore com a música eletrônica. O quarteto se tornou um dos grupos mais influentes da época, com letras antifascistas abrigadas em um instrumental digitalizado.

Em 60 Second Wipe Out, seu terceiro disco de estúdio, os alemães trouxeram dois dos maiores sucessos da carreira (“Revolution Action” “Too Dead for Me”) e ainda a emblemática “Digital Hardcore”, que acabou se tornando o termo usado para definir o som deles.

AFI – Black Sails in the Sunset

AFI surgiu na cena punk no início dos anos 90 com uma sonoridade bem genérica, mas a banda deu um passo à frente com o disco Black Sails in the Sunset.  Neste trabalho, primeiro a ter todos os membros da formação atual, as composições se mostraram mais complexas do que nos anteriores.

Ainda um pouco distante da pegada emo/post-hardcore que popularizou a banda nos anos 2000, o álbum de 1999 traz uma fusão de hardcore com horror punk condensada em ótimas faixas como “Porphyria” e “Malleus Maleficarum”.

New Found Glory – Nothing Gold Can Stay

Depois de ter obtido sucesso underground com seu primeiro EP em 1997, o disco de estreia do New Found Glory lançou a banda para o mainstream e até precisou de uma segunda tiragem maior para atender à demanda do público.

Reconhecido por sua influência inquestionável na formação do gênero pop punk, Nothing Gold Can Stay é uma aula de transformação da música punk em algo acessível e grudento. O legado dos caras ainda viria a se ampliar muito mais com os trabalhos seguintes.

Pennywise – Straight Ahead

Considerados uma banda do alto escalão do punk anos 90 e um dos grandes representantes do skate punk, o Pennywise veio forte em 1999 com o ótimo Straight Ahead. O disco trouxe o sucesso “Alien”, mas tem outros bons destaques como a faixa-título.

Antes que perguntem: sim, o nome da banda é inspirado no assustador palhaço de It: A Coisa, cujo segundo capítulo cinematográfico ganhou trailer recentemente.

No Use for a Name – More Betterness!

O triste falecimento do vocalista Tony Sly levou ao fim do No Use for a Name em 2012, mas a banda deixou um legado com oito discos de estúdio; entre eles está More Betterness!. O álbum de 1999 foi o último a ter o guitarrista Chris Shiflett, antes deste assumir seu papel no Foo Fighters, e abriu caminho para o grande Hard Rock Bottom (2002), maior sucesso da banda.

More Betterness! traz faixas ótimas como “Why Doesn’t Anybody Like Me” “Lies Can’t Pretend” – ambas, como tantas outras do grupo, foram grande influência para o desenvolvimento do pop punk e do hardcore melódico.

Hot Water Music – No Division

Liderado pela marcante voz de Chuck Ragan, o Hot Water Music surgiu na metade final dos anos 90 como um dos grandes nomes da cena punk. Misturando elementos do hardcore, do pop punk e até do ska, a banda estabeleceu uma carreira sólida e duradoura – tanto que foram 24 anos desde a formação até a primeira passagem pelo Brasil, em 2017.

Em No Division, o Hot Water Music ainda estava expandindo sua sonoridade mas já mostrava ótimas músicas. É o caso de “Our Own Way” “No Division”, além das fantásticas linhas de baixo de Jason Black em canções como “Free Radio Gainesville”.

Fenix TX – Fenix TX

No meio da loucura de bandas que soavam como o blink-182, havia uma que se destacava das demais. O Fenix TX foi uma espécie de síntese de tudo que vinha definindo o pop punk: melodias marcantes de voz, ritmo acelerado, letras com apelo jovem e guitarras distorcidas. Com apenas dois discos de estúdio, o homônimo de 1999 se tornou um clássico do gênero.

O grande sucesso da banda foi “All My Fault”, que apareceu no filme Jailbait! (2000), feito para a MTV – que comandava o entretenimento dos adolescentes na época. Apesar disso, o álbum ainda traz momentos interessantes que flertam com novos elementos; é o caso de “Apple Pie Cowboy Toothpaste”, que mostra influências do hip hop.

The Ataris – Blue Skies, Broken Hearts… Next 12 Exits

É sempre difícil diferenciar os subgêneros do punk, especialmente quando se trata de uma banda como o The Ataris, marcada por misturar vários elementos do pop punk com o skate punk e até mesmo o emo.

O fato é que Blue Skies, Broken Hearts… Next 12 Exits é um dos álbuns mais importantes da cena do final dos anos 90, com o sucesso “San Dimas High School Football Rules” sintetizando bem a sua proposta. O disco certamente ajudou a abrir caminho para o bem sucedido So Long, Astoria (2003), no qual a banda lançou o mega sucesso “The Boys of Summer”.

Saves the Day – Through Being Cool

Quando fez a transição do hardcore melódico de seus primeiros discos para um estilo mais acessível, o Saves the Day talvez nem sabia que estava desenvolvendo um dos discos mais icônicos do pop punk. Through Being Cool influenciou fortemente várias bandas da geração seguinte como o My Chemical Romance, o Fall Out Boy e o Taking Back Sunday.

Abrigando sucessos como “Shoulder to the Wheel” “Rocks Tonic Juice Magic”, é certo que o disco de 1999 é um dos grandes responsáveis pelo fato da banda estar ativa até hoje e ter passado pela primeira vez no Brasil nesse ano de 2019.

Charlie Brown Jr. – Preço Curto… Prazo Longo

Skate! Não é à toa que o Charlie Brown Jr. terá sua imagem sempre associada ao esporte das rampas: a banda foi a maior expoente do skate punk no Brasil, trazendo influências internacionais de diversos gêneros que resultaram na sonoridade que conhecemos tão bem.

Ao mesmo tempo que Preço Curto… Prazo Longo traz o grande hit “Zóio de Lula” com uma pegada bem mais reggae, outras faixas como “Confisco”“Te Levar Daqui” “Cruzei Uma Doida” transitam entre o pop punk, o skate punk, o rap rock e o hardcore.

O segundo trabalho do CBJr. é tão bom – e importante – que fizemos uma matéria inteira sobre o seu aniversário de 20 anos. Confira aqui!

E se você chegou até aqui já nos xingando, não se esqueça, as raízes do grupo estavam tão ligadas ao Punk Rock que eles tocaram blink-182 e NOFX em um Luau MTV quando ninguém nem fazia ideia direito do que se tratava o gênero por aqui.

blink-182 – Enema of the State

Depois de ter atingido certo sucesso comercial com o hit “Dammit” em 1997, o blink-182 parecia estar estabelecido na cena punk. No entanto, isso não foi o suficiente para a banda: em 1999, os caras lançaram o Enema of the State e transcenderam as barreiras do gênero.

O icônico disco levou o blink-182 ao mainstream de vez, em uma dimensão poucas vezes vista. Essa trajetória foi apoiada no sucesso de singles como “All the Small Things”“What’s My Age Again?”“Adam’s Song”, mas o trio (que teve Travis Barker pela primeira vez na bateria nesse álbum) ainda era visto como uma piada por muitas pessoas, especialmente dentro do punk.

De qualquer forma, o quarto álbum dos caras (pelo menos segundo as contas de Travis e do baixista Mark Hoppus) estabeleceu a banda como o maior nome da cena até hoje e se tornou um verdadeiro manual do pop punk, influenciando diversas bandas que viriam por aí.

Ah, por sinal: em “What’s My Age Again?”, é “wore cologne” (“usava colônia [perfume]”) e não “walk alone” (“andava sozinho”), beleza?