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Por que Hollywood faz tantos remakes de filmes clássicos?

Estatisticamente os remakes e reboots nem funcionam tão bem, mas os estúdios continuam insistindo em produzi-los. Por que precisamos tanto do passado?

Novo Aladdin, da Disney
Aladdin mostra como a insistência na fórmula pode ajudar (Foto: Divulgação/Internet)

A indústria cinematográfica tem seu lado abstrato, que é o da com paixão pela arte, do aprimoramento das técnicas e da evolução da tecnologia, mas existe um aspecto que é definitivo: o lucro. Se uma fórmula dá certo, especialmente em Hollywood, ela vai ser explorada até o fim. Por isso, pedir para acabar com os remakes, reboots e continuações no cinema é algo bastante utópico. Se refilmar produções de 15, 20 anos atrás está dando dinheiro, não há motivo para não continuarem fazendo (não é mesmo, Disney?).

Porém, 2019 está exagerando um pouco neste quesito. Considerando as 10 melhores bilheterias internacionais do primeiro semestre, quatro são adaptações de quadrinhos ou games, cinco são continuações, quatro são remakes ou reboots, sendo dois deles continuações de franquias já rebootadas. Onde foram parar as produções originais?!

Homem-Aranha já está na 2ª continuação de um 2º reboot. Fazer o que, né? (Foto: Divulgação/Marvel Studios)

Vale a pena regravar um grande sucesso?

Um estudo chamado “Remake My Day” (ou refaça meu dia, em tradução livre) foi realizado pelo site Casumo, em parceria com a empresa de SEO Verve Search, e revelou números interessantes: 91% dos remakes realizados neste ano tiveram menos audiência que suas versões originais. Publicada pelo Washington Post, a pesquisa mostrou ainda que apenas 21% desses filmes foram mais rentáveis que os antecessores.

Então por que Hollywood insiste tanto na reconstrução de filmes clássicos?

A primeira explicação é bem objetiva: mesmo não alcançando os originais, remakes ainda conseguem se pagar e geram lucro aos estúdios. Aladdin, por exemplo, arrecadou US$ 900 milhões e virou a maior bilheteria do semestre entre filmes fora do Universo Marvel.

Novo Aladdin, da Disney
Aladdin mostra como a insistência na fórmula pode ajudar (Foto: Divulgação/Internet)

O segundo aspecto é o de que a nostalgia não necessariamente mata a ida do público ao cinema. A ligação sentimental entre o espectador e a obra vai fazer com que a original seja mais amada, mas não vai impedir a pessoa de comprar um ingresso para assistir à nova versão.

No meu tempo…

Um artigo da Vice lembrou ainda que a nostalgia ainda traz um aspecto mais subjetivo, que é a lembrança de épocas melhores. O mundo passa por uma polarização como nunca se viu, políticos extremistas ganham cada vez mais espaço e as redes sociais parecem julgar cada movimento que fazemos na internet. Assistir às coisas que vimos na infância e na adolescência nos levaria, de alguma forma, a uma época em que era mais fácil viver, quando a maior preocupação era apenas entregar o dever de casa no prazo e estudar para a prova da semana que vem.

Segunda temporada de Stranger Things
Stranger Things, apesar de original, mostrou que nostalgia vende que é uma beleza (Foto: Divulgação/Netflix)

Então, apesar de termos filmes e séries originais de muita qualidade saindo por aí, o que acaba vendendo com certeza é aquilo que já sabemos que é bom – ou foi, no passado. The Office e Friends, por exemplo, representaram 7% e 4% do total de streamings realizados pela Netflix em 2018. É a “jogada de segurança” da plataforma – e dos estúdios.

Se isso tudo faz alguma diferença para o espectador final? Talvez não. A paciência do público é testada o tempo todo, não vai ser um punhado de obras não-originais que vão destruir a motivação para que as pessoas paguem por esse tipo de entretenimento. Vingadores está aí para provar.

Mesmo com o gênero “super-herói” pra lá de saturado, Ultimato conseguiu o posto de maior bilheteria da história do cinema, superando Avatar. Não tem para onde correr.

Tony Stark (Robert Downey Jr) em Vingadores Ultimato
Foto: Reprodução/Marvel

Se você é dos que reclamam da falta de originalidade a cada ano na sétima arte, infelizmente, vai ter que aguentar cada vez mais obras do passado voltando repaginadas. Podem ser boas, como Mary Poppins, ou de qualidade questionável, como MIB. O negócio é que remakes e reboots estarão sempre aí.