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Chance The Rapper mostra estar feliz com seu casamento em The Big Day, mas não corresponde às expectativas

Resenha: disco de estreia de Chance The Rapper decepciona e está longe de suas aclamadas mixtapes, como "Coloring Book", de 2016.

Chance The Rapper - The Big Day (Capa)
Foto: Divulgação

Por Beatriz Vaccari

Lançar o primeiro disco da carreira depois de um elogiado e premiado mixtape como Coloring Book não deve ser fácil. A expectativa do público para The Big Day era alta, como o previsível para um artista que garantiu um Grammy e consolidou seu nome no cenário hip hop norte-americano. Chance the Rapper é hoje uma referência para o rap internacional, e seu primeiro trabalho, com quase 80 minutos de duração, pode ter sido um grande tropeço em sua carreira.

Em março de 2019, Chance the Rapper casou-se em Newport Beach, na Califórnia, e resolveu eternizar a data em um disco composto por 22 faixas. A dedicatória para sua esposa Kirsten Corley já começa na capa do trabalho, em que um brilhante anel de casamento aparece na mão do rapper, que segura um disco transparente.

A primeira faixa, “All Day Long”, traz um clima festivo, capaz de fazer o ouvinte enxergar champagnes, coquetéis e fogos de artifício enquanto o ritmo dançante acompanha os versos de pura felicidade de Chance, com o refrão cantado pelo norte-americano John Legend. O estilo é familiar, alegre, típico do rapper, que se perde logo na próxima faixa, com a participação especial da banda Death Cab for Cutie, trazendo um ar indie, flertando diretamente com o rap.

Ao que tudo indica, mesmo com 26 anos, Chance The Rapper está focado agora em desfrutar de seu casamento e aproveitar os momentos com a família, que tem uma grande participação na obra. Seu pai, Ken Bennett tem créditos de parte da composição da faixa “Eternal” e seu irmão Taylor Bennett canta alguns versos da colaborativa “Roo”, junto com as irmãs Cassidy, da CocoRosie. O rapper dá adeus ao cargo de um dos mais fortes nomes do underground, optando por letras que contam relatos de uma vida adulta.

É nítido que o cantor está feliz, com o coração batendo tão forte pela esposa que chega a saltar do peito e transparecer isso nas letras, transbordando amor e otimismo em quase todas as faixas do disco, tornando o assunto até… repetitivo, o que torna um ótimo disco para se ouvir quando se está naquele estágio de paixão em que não se consegue falar de outra coisa. O assunto toma conta do disco, fazendo o artista perder o controle do próprio trabalho.

Mesmo assim, há faixas que merecem destaque pela identidade de grande qualidade de Chance The Rapper, sem contar as participações especiais, como o próprio já citado John Legend, Gucci Mane em “Big Fish”, Randy Newman em “5 Year Plan” e Megan Thee Stallion em “Handsome”, uma das melhores faixas do disco. Já outras, como a de Shawn Mendes em “Ballin Flossin” deixam a desejar.

De qualquer maneira, o excesso de romance não torna The Big Day do Artista Revelação do Grammy 2017 ruim, porém não corresponde às expectativas de quem foi literalmente presenteado com os espetaculares Coloring Book e Acid Rap anteriormente, deixando assim uma fraca esperança de um trabalho futuro melhor elaborado.

https://www.youtube.com/watch?v=7YH1yOimQbQ