Anos 80, tropicalidade, orgânico e eletrônico: conversamos com a banda Bule

Após se apresentarem no Bananada, o grupo recifense seguiu turnê para o estado de São Paulo, onde se apresenta em algumas cidades.

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Foto: Hannah Carvalho

Estamos cansados de rótulos, e parece que a cena musical também. Por que se limitar ao hard rock, quando se pode adicionar elementos de indie rock? Por que não adicionar batidas de funk à MPB? Por que não fazer um samba com beats eletrônicos?

Uma parte significativa dos novos artistas que vem surgindo nos últimos anos têm se dedicado a sonoridades cada vez mais “fora da caixinha”. Uma pitada de tal gênero, um pouquinho do outro, uma coisinha de outra e, de repente, temos algo completamente original e inspirador.

Peguemos como exemplo a Bule. Formada em 2017, a banda recifense tem se dedicado a explorar a sonoridade dos anos 80, dando a ela uma nova roupagem. Em seu caldeirão tropical, eles misturaram ingredientes orgânicos com eletrônicos, como o beat com a conga ou o synth com a guitarra.

 

Primeira vez em São Paulo

O resultado você consegue conferir melhor no disco Cabe Mais Ainda, lançado no ano passado. No álbum, que tem produção de Benke Ferraz (Boogarins), vemos um trabalho dançante, tropical e alternativo.

Com um currículo muito bem dotado, a banda se apresentou nas últimas edições do Bananada e do No Ar Coquetel Molotov, dois dos festivais mais interessantes atualmente no Brasil. A repercussão do disco os levou a continuarem uma turnê com passagens por Brasília e pelo estado de São Paulo.

Hoje (23), a banda passa por Sorocaba. A turnê paulistana continua nos dias 24 (sábado, em Campinas) e 25 (domingo, em Limeira). Os ingressos estão disponíveis!

 

Entrevista

Tivemos a oportunidade de conversar com a banda sobre suas propostas, influências e objetivos. Confira abaixo:

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Foto: Gabriel Garcia

TMDQA!: Como foi criada a estética da banda? Considero algo muito original, ao misturar ritmos brasileiros e timbres eletrônicos com a dançante estética musical que foi consagrada nos anos 80. Como tudo isso foi pensado?

Bule: A estética foi criada a partir das coisas que a gente vinha escutando e curtindo na época. Isso vai desde a música internacional até a música nacional, de onde a gente absorve a tropicalidade presente nas nossas músicas. Todo mundo da banda se conhecia de outros projetos dos quais fazíamos parte lá em Recife (ainda fazemos parte de alguns). Nos encontramos, passamos um tempo ouvindo discos juntos e trocando ideias. Com esse de tempo de composição e pré-produção, chegamos no som que a gente faz hoje.

TMDQA!: Que nomes usam como maiores influências, tanto musicalmente quanto nas letras?

Bule: Dos anos 80, nos influenciamos em discos lançados por Guilherme Arantes, Gilberto Gil, Madonna, New Order, Marcos Valle, Depeche Mode… Além disso, temos outras referências contemporâneas como Cidadão Instigado, Siba, Daft Punk, General Elektriks

TMDQA!: O que a produção de Benke Ferraz adicionou ao disco?

Bule: Em um certo momento dos nossos encontros para compor a gente enxergou a possibilidade de alguém produzir nosso trabalho. Aí o nome do Benke surgiu em uma das conversas e entramos em contato. Ele gostou e passamos a nos reunir em Recife. Além de participar de algumas coisas nos arranjos e estrutura das músicas, a gente tinha a confiança de que Benke iria fazer acontecer o som com a estrutura de home studio que nós tínhamos na época. Deu super certo e a parceria resultou no nosso primeiro disco.

TMDQA!: Como foi para vocês, enquanto uma banda relativamente nova, tocar em um festival grande como o Bananada ao lado de nomes consagradíssimos da nossa música?

Bule: Uma emoção muito grande, de verdade. Desde o começo da banda a gente se imaginava tocando em festivais. O Coquetel Molotov e o Bananada sempre estavam ali entre os mais comentados, e conseguimos tocar nos dois, ao lado de tanta gente massa. Ainda recebemos feedbacks positivos durante o festival e vimos o público cantando e dançando as músicas. É justamente o clima que a gente quer criar nos nossos shows. A gente espera que venha mais festivais pelo caminho, porque é sempre uma vivência muito interessante.

TMDQA!: O que a vivência de estrada adicionou ao grupo?

Bule: Está sendo uma vivência muito intensa. Passar esse tempo juntos em turnê é uma experiência nova pra todo mundo, então estamos todos bem empolgados, vivendo mais a banda naturalmente. Vejo isso como uma confirmação de que a gente está em sintonia e com os mesmos objetivos internamente. Além disso, tem a questão do amadurecimento que essa sequência de shows e esse tempo juntos vem trazendo pra gente.

TMDQA!: Quais são os próximos passos para a Bule?

Bule: O próximo passo é continuar fazendo shows! O maior número possível, com a missão de fazer a galera conhecer o som. Em paralelo aos shows, na volta da turnê a gente vai começar a reviver algumas composições que temos e começar a planejar um próximo lançamento. Tudo com calma.