Entrevista: Melim lança o single "Gelo" com clipe gravado no Chile e importante ação social

Conversamos com Gabriela Melim, uma das integrantes do trio, sobre o novo single, suas principais influências e sobre o fenômeno do pop "good vibes".

Melim
Foto: Divulgação

Recentemente, o pop “good vibes” entrou de vez para o radar da música brasileira. Mesclando referências de pop, reggae, folk e mais, artistas dessa nova leva têm chamado atenção pelas letras e melodias irresistíveis.

Um dos grupos que mais se destacou nesse movimento foi o trio niteroiense Melim. Formado pelos irmãos Diogo, Rodrigo e Gabriela Melim, eles ganharam grande visibilidade graças a hits como “Ouvi Dizer” e “Meu Abrigo“, ambos parte do homônimo disco de estreia lançado em 2018.

 

#MelimGelo

Recentemente, o grupo lançou a faixa “Gelo“, acompanhada por um clipe dirigido por Thiago Calviño e gravado no Chile. No clipe, os irmãos se divertem em meio ao clima gelado do lugar, cantando dentro de uma bela casa de madeira e montando até um boneco de neve.

A divulgação da canção veio acompanhada de uma interessante ação social que visa ajudar pessoas que precisam de agasalhos em meio ao frio. Para contribuir é simples: basta usar a hashtag #MelimGelo em postagens nos aplicativos Instagram ou Tik Tok. Cada publicação se converterá em uma doação de R$0,10 ao Abrigo Luz de Escol, uma associação beneficente sem fins lucrativos localizada na cidade de Nova Iguaçu.

Conversamos sobre o novo single, sobre a ótima iniciativa e sobre este novo movimento do pop brasileiro com a vocalista Gabriela Melim. Confira abaixo o papo na íntegra:

Capa de "Gelo" (Melim)
Foto: Divulgação

TMDQA!: Como foi a experiência de gravar um clipe fora da realidade brasileira, no Chile e com direito a neve?

Gabriela Melim: Foi muito legal! Quem diria que a gente conseguiria fazer um clipe fora do Brasil, podendo dar o conteúdo audiovisual para a música que a gente queria? E não poderia ser diferente. Aliás, a música fala sobre neve, gelo. O lugar mais perto da neve de onde a gente está no Brasil é o Chile. Lá era muito lindo. Ficamos em uma casa de madeira na montanha. Eu lembro que acordávamos para fazer as cenas e tínhamos várias ideias, porque o lugar tinha vários ângulos para criarmos. Depois, quando fomos editar o clipe, fomos para a ilha o Thiago Calviño (diretor do vídeo), que foi muito generoso com a gente. A gente se envolveu em todo o processo. Eu lembro que ele comentou que tínhamos tanto material que conseguiríamos fazer três clipes. Deu até pena na hora de selecionar as cenas.

TMDQA!: Ficou bem natural, né? Talvez não tivesse o mesmo impacto se vocês gravassem por aqui no Brasil, colocando, por assim dizer, efeitos de neve no vídeo.

Gabriela: A gente pensou em se divertir, fazendo cenas bonitas e interpretando a música. A ideia era fazer algo bem espontâneo, mas sem perder a energia da música. Mesmo que fale sobre gelo, ela tem uma energia bem solar, bem alegre! Conseguimos curtir um pouco também, apesar do trabalho.

TMDQA!: Assim vocês mostram para o público brasileiro um pouco do que é essa cultura da neve. Muitas famosas obras audiovisuais trazem esse conceito da neve, que a maioria absoluta dos brasileiros sequer teve a oportunidade de conhecer.

Gabriela: Pois é! Trazer isso para as pessoas de alguma forma. Acho que quem nunca foi tem alguma vontade de conhecer, de estar lá. A gente quis mostrar um pouco dessa brincadeira. Quisemos até colocar cenas esquiando também, mas não deu tempo (risos). Não sei se daria certo a gente caindo. Dizem que é bem parecido com andar de skate ou surfar. Não deve ter muito mistério, mas, de repente, poderia não ser uma boa ideia.

TMDQA!: Eu achei incrível a ação social promovida pela música. É uma pauta importante e é muito legal ver artistas se sensibilizando por ela. De onde surgiu essa ideia?

Gabriela: A gente gosta muito de sentir, de alguma forma, que estamos somando à vida do outro. Isso está bastante alinhado com as nossas composições. Essa é a função de todos os seres humanos na Terra. Essa iniciativa casou muito bem com esse nosso propósito e com a música em si. Tem a ver com o universo dela. Estamos em um período de muito frio. Vários estados do país estão com a temperatura bem baixa, até mesmo o Rio de Janeiro. Diante disso, muita gente está precisando de agasalho. Além de estarmos arrecadando agasalhos nos shows, essa campanha faz com que qualquer post com #MelimGelo gere dez centavos. Vamos doar 100% desse dinheiro para o Abrigo Luz de Escol, uma instituição de Nova Iguaçu. A campanha vai até o próximo dia 27.

https://www.instagram.com/p/B1PSbgRHjkg/

TMDQA!: Isso me faz pensar no poder que a arte tem de transformação. Como você acha que a música consegue contribuir para um mundo melhor?

Gabriela: Várias vezes, ouvimos de fãs comentários sobre como as nossas músicas contribuem positivamente para a vida delas. Às vezes, ajudamos fãs com depressão ou com problemas de ansiedade, por exemplo. É bem legal sentir que a música pode transformar, sabe? Eu acho que isso está muito ligado à questão da energia, já que eu acredito muito no poder das palavras. O que nós falamos acaba emanando para o universo de certa forma. Se ouvimos coisas boas, acabamos atraindo isso para nós. É sempre importante reforçar. As pessoas falam muito sobre cuidar da saúde, mas falam pouco sobre cuidar da mente. A música interfere direto nisso, porque assim conseguimos criar a nossa realidade.

 

“As pessoas precisam receber mais variedades musicais”

TMDQA!: Hoje vocês são um grande nome do pop nacional. E esse crescimento se deu em um curto período de tempo, mesmo que muita coisa tenha acontecido. Como vocês avaliam o crescimento de vocês enquanto artistas?

Gabriela: Comecei a carreira com 15 anos. Lancei um disco sem os meninos, que tinham uma dupla. Eu rodei muito, por todos os cantos que tinha por aí. Quando a gente se juntou, fomos nos encontrando musicalmente e rolou uma sinergia. Quando a Melim aconteceu, as coisas aconteceram muito rápido. Mas a gente nunca deslumbrou o sucesso, como se quiséssemos ser famosos. A gente queria viver de música a partir do nosso som e sentir que a gente motivava as pessoas.

Nunca foi algo para fazer sucesso, tanto que, no início, as pessoas não entendiam muito a nossa ideia, já que tínhamos um formato que era muito diferente do padrão do mercado. A galera gostava de rotular. “Mas qual é o estilo?”, “Quem é o vocalista principal?”, “Quem é o compositor?”… Com o tempo, no entanto, a galera foi entendendo a gente. O sucesso realmente foi uma consequência, e não um lugar que você mira. Foi resultado de muito amor e dedicação. Eu sinto realmente isso que você falou, que, apesar de nossas carreiras longas, com a Melim tudo aconteceu de maneira mais natural e meteórica.

TMDQA!: Acho que vocês preencheram um lugar importante da música brasileira. Essa questão da calmaria, da serenidade, de uma atmosfera solar. Talvez fosse um buraco na programação das rádios e das playlists mais populares.

Gabriela: Eu nunca imaginei que a gente se tornaria tão popular! O que fazemos é bem simples. A grandeza está nas coisas simples. Comunicar as pessoas, fazer uma música rica em melodia e colocar ideias originais de uma maneira simples, com a qual as pessoas possam se identificar, é o que é mais difícil. Mas é muito legal nós fazermos hoje festivais que misturam outros estilos, como o sertanejo e o funk. Sinto que a galera que curte outros estilos também curte a Melim, sabe? Sinto que conseguimos chegar às pessoas. Isso foi uma surpresa muito boa para nós. Eu acho que todo estilo tem a sua importância. Não simpatizo muito com julgamentos, mas acredito que um ou dois estilos apenas não podem dominar o mercado. Eu acho legal ter espaço para tudo. As pessoas precisam receber mais variedades musicais.

 

“Se você ouve muito um tipo de som, você acaba levando ele para as suas composições”

TMDQA!: Em que artistas vocês mais se espelham?

Gabriela: A gente tem várias influências musicais, mas não diria que tem alguém específico. A Melim é muito diferente. São três vocalistas, um estilo diferente… Mas temos influência de muitas bandas, e uma delas é o Natiruts. Eles influenciam muito o nosso som, mensagem e propósito. É ótimo ter contato com eles hoje em dia. O Alexandre Carlo (vocalista) já nos chamou para ir para sua casa e nos mostrou seu estúdio. A gente curte muito também o Rael. Gravamos recentemente no trabalho dele. Acho ele muito original. A gente também gosta muito da riqueza melódica do Djavan. Tem várias músicas nossas que remetem a esse universo.

TMDQA!: Eu bem pensei em Djavan mesmo. Vocês, assim como ele, têm essa atmosfera melódica, especialmente nas letras.

Gabriela: Eu acho que tudo que ouvimos muito acaba influenciando nosso trabalho de alguma forma. Se você ouve muito um tipo de som, você acaba levando ele para as suas composições. Todos os dias eu escuto Djavan. Mesmo que sem querer, é uma influência que trazemos muito para as nossas músicas. Na verdade, acho que todo artista no Brasil tem um pouco de Djavan. Ele é muito original, muito vanguardista. É uma música que pode ter sido feita há 10 anos, mas que continua soando muito atual. É muito legal trazer um pouco dele para o nosso som por conta do público novo que curte a gente. Sentimos que estamos trazendo um pouco da cultura musical brasileira, assim como quando fazemos releituras nos nossos shows.

TMDQA!: Sim! Tem muita gente por aí que pode até não conhecer a obra dele.

Gabriela: Pois é! Tem artistas novos que conhecem pouco da nossa cultura musical mais antiga. E público também. Tem adolescente que não saca desse som, que vive mais as músicas de agora.

TMDQA!: O que vocês podem adiantar sobre o futuro do grupo? Tem disco ou EP novo vindo aí?

Gabriela: A gente lançou “Gelo” agora e, mais para frente, a ideia é lançarmos algum feat, para que em Janeiro já lancemos um EP. Inclusive, queremos começar essa produção logo para fazermos com bastante calma, testando no estúdio de maneira bem imersiva e com calma.

TMDQA!: Se vocês pudessem escolher alguém para fazer uma parceria, quem escolheriam?

Gabriela: Tem muitas pessoas. Acho que todos esse artistas que citei que influenciam a gente são parcerias musicais que temos muita vontade de fazer. Mas acho que é algo bem abrangente. O próprio Nati seria uma satisfação musical nossa em sentir que daria um resultado rico. Mas somos bem ecléticos e não temos muitas amarras. Todo tipo de som que a gente curta daria bom. A gente costuma sempre reforçar nomes de artista do nosso segmento, porque acho legal reforçarmos isso. Por exemplo, as meninas, como AnaVitória, Lagum e Vitor Kley, que amamos de paixão. Acho que seria legal porque reforça esse estilo novo good vibes, com essa galera talentosíssima que a gente ama. É todo mundo amigo. Se pudéssemos escolher, escolheríamos primeiramente a galera deste segmento, e depois iríamos abrindo.

TMDQA!: Alguma contribuição final?

Gabriela: Queríamos agradecer também aos nossos fãs. Batemos quase um milhão e meio de views em um dia de lançamento, e estamos muito felizes. Nos sentimos muito abraçados por esse pessoal todo. Esse sucesso é reflexo do carinho dos nossos fãs. Gostaríamos de agradecer a vocês também, por estarem abrindo esse caminho para nós.