Ah, Eddie Vedder.
Se existe um nome do Rock And Roll que parece ser unanimidade entre os mais diversos subgêneros, esse parece ser o do vocalista do Pearl Jam, que tem um talento impressionante e, como poderemos ver abaixo, grande gosto musical.
Em 2003 ele participou de um editorial da revista SPIN logo após a banda lançar o disco Riot Act ao final de 2002, e lá falou sobre quais seriam os seus 13 discos favoritos de todos os tempos.
Recentemente a lista voltou a aparecer na mídia de uma forma ou de outra e nós resgatamos a matéria por aqui e traduzimos suas opiniões sobre álbuns de nomes como Talking Heads, Ramones, Fugazi, Sonic Youth e mais.
Divirta-se!
Os Discos Favoritos de Eddie Vedder
Jackson 5 – Third Album (Motown, 1970)
Essa é a minha primeira lembrança real que eu tenho de qualquer música que tenha ficado comigo. Eu estava morando do lado errado dos trilhos em Evanston, Illinois, em um lar para garotos. Tínhamos esses discos do Jackson 5. Eu me relacionei com as suas vozes – eles tinham quase que a minha idade, mas estavam lá cantando. Era tipo, ‘Levante-se garota, sente-se. Eu vou te mostrar o que posso fazer!’ E você fazia. Qualquer coisa que você disser, Michael.
https://www.youtube.com/watch?v=VzLzUqdGBNo
The Beatles – The White Album (Apple, 1968)
Esse é praticamente um manual de instruções para alguém que nasceu em 1964. Eu tinha uma fita chamada ‘Revolver White Album’. Eu só fui descobrir que eram dois discos diferentes [Revolver e White Album] anos depois. ‘The White Album’ tem músicas com apelo a crianças, como ‘Ob-La-Di, Ob-La-Da’, depois, se você se aprovunda, de repente está ouvindo ‘Revolution 9’. Quero dizer, esse tipo de coisa te abre. É onde você se acostuma com audições ‘difíceis’ pela primeira vez.
The Who – Tommy (MCA, 1969)
Eu acho que foi uma babá que me trouxe o Tommy. E eu já gostava do ‘The White Album’, então estava acostumado a tipo, duas horas de música. Eu fui tocado pelo lado teatral de Tommy. Tinha uma abertura, um tema. Eu me interessei muito por ouvi-lo como uma peça linear. Ia além do formato de músicas de 3 minutos. Quando você ouve essas coisas cedo, elas mudam a forma como você se sente sobre música; você começa a aceitar coisas que são diferentes.
Ramones – Road To Ruin (Sire, 1978)
Eu nunca fui muito conhecedor de punk rock – eu só fui fazer meu primeiro moicano com 22 anos de idade – mas esse tipo específico abriu os caminhos. Era de certa forma assustador, talvez por causa da forma como eles pareciam uma gangue. Quando eu tinha 13 anos de idade, eu tive minha primeira guitarra e meio que conseguia tocar canções do Ted Nugent, mas não conseguia fazer os solos. Mas eu conseguia tocar músicas inteiras dos Ramones.
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Talking Heads – More Songs About Buildings And Food (Warner Bros., 1978)
Depois dos Ramones, a new wave me pegou mais que o punk. Eu não me lembro em qual disco ela está, mas tem uma música com a letra ‘Seja um pouco mais egoísta.’ Meus pais estavam se separando nessa época, e eu estava pensando sobre como a família de todo mundo estava indo bem e a minha se partindo. Aquela frase me acertou em cheio e me tirou desse tipo de pensamento.
Nota do editor: a música sobre a qual Vedder fala é “No Compassion”, e ela aparece no disco Talking Heads: 77, lançado em 1977, mas a lista traz seu sucessor.
Coletânea – The Best Of Music and Rhythm (PVC, 1982)
Peter Gabriel lançou essa compilação de world-music. Eu comprei simplesmente porque tinha uma música do Pete Townshend chamada ‘Ascension Two’, uma jam bizarra. O álbum também tinha o Drummers From Burundi, Nusrat Fateh Ali Khan. Esse disco abriu a minha visão musical. Anos depois eu toquei em uma banda com Nusrat durante dois dias, e foi incrível.
https://www.youtube.com/watch?v=tyb9hIOfHbU
Sonic Youth – Daydream Nation (Enigma, 1988)
Eu tenho certeza de que há uns dois discos que estou deixando de fora antes dessa, como o Murmur ou Chronic Town do R.E.M. Nesses anos eu fumava maconha, então algumas coisas podem ter sumido da minha memória. Mas eu definitivamente me lembro de ouvir ‘Teen Age Riot’ [faixa de abertura de Daydream Nation] e cair de cabeça automaticamente. A bateria de Steve Shelley tinha um ímpeto diferente e a abordagem deles pras guitarras – a forma como criavam ondas de som e ritmo – eu nunca tinha ouvido isso antes. E as letras do disco soavam como uma aventura. Eu conseguia me relacionar com algumas coisas, mas também me sentia em contato com algo que ainda não havia experimentado. O mesmo com os Ramones. Para mim Nova York é isso. Eu sempre fui muito intimidado por Nova York, e ainda sou.
Jim O’Rourke – Insignificance (Drag City, 2001)
A primeira música é quase um cântico, com belas melodias e arranjos, e Jim cantando sobre como as pessoas do mundo precisam tomar conta, porque se não fizermos, o mundo chegará ao final. Talvez eu esteja sendo parcial, já que conheço Jim, mas ele é um daqueles caras que, se você ouve seus álbuns, é como se tivesse um amigo que é artista, que você conhece muito bem e aí vê uma de suas pinturas e pensa, ‘Jesus Cristo, há muito mais acontecendo com ele do que eu imaginava.’ É assim com os discos de Jim.
Fugazi – 13 Songs (Dischord, 1989)
Eu vi o Fugazi ao vivo antes de ouvir esse disco. Foi um show no Capitol Theater em Olympia, Washington. Eu acho que foi em uma das primeiras edições do festival International Pop Underground. Eu fui ao show porque o L7 estava abrindo e eu era amigo delas. O Fugazi foi transcendental. No dia seguinte, comprei o disco.
Soundgarden – Screaming Life / FOPP (Sub Pop, 1987)
Ao escolher o disco que junta os dois primeiros EPs do Soundgarden, Eddie Vedder não falou a respeito deles.
Mudhoney – Mudhoney (Sub Pop, 1989)
A Sub Pop foi a primeira gravadora que eu sabia que poderia confiar e comprar os discos das bandas que eles lançavam e seria legal. A banda na qual eu estava na época em San Diego abriu para o Mudhoney e o Lemonheads. Na época eu nem sabia que eu queria qualquer coisa a ver com Seattle no futuro.
Tom Waits – Nighthawks at the Diner (Elektra / Asylum, 1975)
Eu gosto do fato de que você não consegue colocar esse tipo de música em uma categoria. Eu quero criar uma frase com a cara de Tom Waits para falar sobre Tom Waits: ‘Tom Waits para nenhum homem.’ [Risos] Eu acho que uma vez ele disse que se orgulha de fazer ótimas músicas de background. Mas se você tentar dissecar ou tocar as coisas que ele cria, percebe que tem essas mudanças de acordes que nunca são tocadas na sequência. Elas soam como se estivessem se transformando e o resultado soa como um carro velho que precisa de reparos. Você se depara com todos esses sons que criam ritmo, e é a base perfeita para uma voz.
Pixies – Surfer Rosa (4AD, 1988)
Os Pixies foram gigantescos para mim. Frank Black, ou Black Francis, como ele era chamado na época, tinha essa voz – ele simplesmente a soltava. Ele mandava ver e coisas estranhas aconteciam. Não parecia tão rebelde, mas apenas livre na forma como ele poderia fazer sons como ‘aie! aie! aie!’ e ainda assim transmitir sua mensagem. Ele se liberava com a sua voz. David Byrne fazia a mesma coisa. Eu nunca consegui fazer isso. Bom, eu acho que às vezes eu fiz, mas não assim.