São vários os fatores que levaram Pitty ao topo lá atrás, em 2003, quando lançou seu Admirável Chip Novo. Alguns deles foram determinantes para que ela passasse na prova do tempo e se mantivesse relevante até hoje, 16 anos depois. Neste último sábado (14), em São Paulo, a baiana deixou estampado em sua performance o principal deles: resiliência.
Por mais clichê que isso soe, é a mais pura verdade. A artista — porque dizer “cantora” é muito pouco — mudou, voltou às raízes, mudou de novo, voltou de novo… fez tanto em tanto e pouco tempo, teve de se readaptar às circunstâncias; da música, da vida. A Pitty que orgulhosamente apresentou seu MATRIZ aos fãs paulistas é outra, mas ainda é a mesma que a gente conheceu há mais de uma década. Parece meio louco, mas ela consegue. É a tal da resiliência na prática.
Com o novo disco, mostrou que está mais aberta do que nunca a explorar suas nuances como artista e mulher. Incorporou elementos de sua terra natal, a Bahia, colaborando com conterrâneos — BaianaSystem, Lazzo Matumbi e Larissa Luz. Todos eles, inclusive, estiveram presentes para cantar e dançar com ela e banda (composta por Daniel Weskler, Martin Mendonça, Guilherme Almeida e Paulo Kishimoto). Foi catártico e emocionante; mostra que a cena da música brasileira continua disposta a unir, e Pitty disposta a receber.
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Apesar de estar imersa na nova fase, a baiana não deixa sua origem pra trás. Os hits mais “pesados”, com as guitarras rasgadas que a levaram ao mainstream ainda estão ali, sendo cantados com força e paixão tanto pela cantora quando pelos seus fãs. Fãs esses, inclusive, que Pitty é sortuda de ter: eles abraçaram as mudanças, embarcaram junto nelas, cantaram as canções novas. Sua base de admiradores entendeu que a artista cresceu, virou mãe, se redescobriu como mulher e como musicista, precisou se mexer e vai continuar o fazendo.
E ainda falando sobre a tal matriz, um dos atos do show remonta o quartinho da cantora em Salvador, com seu violão velho e que esteve ali para tantas músicas. Ali rolou uma versão acústica de “Teto de Vidro”, e também “Dançando”, do projeto Agridoce — mais uma evidência do constante movimento.
Aos 41 anos e mais consolidada do que nunca — e não estou falando só de mercado, não –, Pitty encontrou seu equilíbrio no meio do caos. E que sorte a nossa que ela decidiu compartilhar isso com o mundo.
Violet Soda e o Palco Aberto
Como parte do Projeto Palco Aberto, parceria de Pitty da TNT e com curadoria de Tony Aiex, editor-chefe e fundador do TMDQA!, quem recebeu a responsa de abrir a noite foi o Violet Soda.
Nós já falamos sobre a banda de São Paulo formada por Karen Dió, Murilo Benites, Tuti Camargo e André Dea por aqui (e aqui e aqui também), que mistura alternativo, grunge e outros elementos num Rock bem feito, com letras afiadas e o melhor: um dos melhores shows no Brasil hoje em dia.
Caso você procure a expressão “aproveitar a oportunidade” no Google, é a foto deste grupo que vai surgir. Brincadeiras à parte, é pouco dizer que o Violet conquistou completamente o público da cantora.
Com mensagens conscientes da vocalista Karen e uma energia espetacular da banda toda, eles apresentaram suas músicas, incluindo a novíssima “I’m Trying”, em uma apresentação que vai ser lembrada. Um momento chave do show foi quando a frontwoman desceu do palco para se enfiar na plateia, promovendo uma roda punk das mais gostosas de estar e assistir.
Para saber mais sobre o Projeto Palco Aberto, clique aqui! Quem sabe sua banda não é a próxima?
Galeria de fotos e setlist
- Ninguém é de ninguém
- Admirável chip novo
- Memórias (com trecho de “bad guy”, da Billie Eilish)
- Setevidas
- Noite inteira
- Te conecta
- Na sua estante
- Motor
- Saudade
- Redimir (primeira vez ao vivo)
- Teto de vidro (acústico)
- Dançando (acústico, do Agridoce)
- Submersa
- Duas cidades (com o BaianaSystem)
- Roda (com o BaianaSystem)
- Bahia blues (primeira vez ao vivo)
- Me adora
- Máscara (com Larissa Luz)
- Bonecas Pretas (com Larissa Luz)
- Sol quadrado (com BaianaSystem, Larissa Luz & Lazzo Matumbi)
- Equalize
- Para o grande amor (primeira vez ao vivo)
- Serpente