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Resenha: Riot Fest chega aos 15 anos celebrando o Punk e o Luxo

blink-182, Slayer, Bikini Kill e muito mais fizeram shows na décima quinta edição do Riot Fest, em Chicago. Leia a resenha do Tenho Mais Discos Que Amigos!

Riot Fest 2019
Foto por Aline Krupkoski

Não é segredo pra ninguém que nós do TMDQA! amamos o Riot Fest.

seis anos a gente cobre o evento anual de Chicago e entende que o festival é uma espécie de grande “Warped Tour”, com bases no Punk e colocando em evidência artistas de Punk Rock, Hardcore, Ska e tantos gêneros ligados ao movimento.

Acontece que desde que foi fundado lá em 2005 como uma série de festas para poucas pessoas na cidade, o Riot Fest mudou muito em vários sentidos, tanto na sonoridade (agregando principalmente Heavy Metal, Indie e Hip Hop) quanto no tamanho, chegando às verdadeiras multidões sem fim que acompanham os 5 palcos da festa no Douglas Park.

Em 2019, porém, a grande mudança veio de uma forma curiosa, com o Punk dando lugar ao Luxo.

Se você não acompanhou tudo em tempo real pelo Instagram Stories do TMDQA!, não tem problema, a gente conta aqui como foi e você pode ver tudo em vídeo nos nossos destaques.

Riot Fest 2019

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Os headliners do festival em 2019 foram o blink-182 (que teve de cancelar seu show em 2018 por causa de um problema de saúde com Travis Barker), o Slayer e o Bikini Kill, e definitivamente havia motivos de sobra para ver cada um dos shows.

Primeiro, o trio de pop-punk executou o clássico disco Enema Of The State na íntegra e ainda entoou hinos como “I Miss You”, “First Date” e “Dammit”.

Depois, a lendária banda de Heavy Metal fez o último show da carreira não apenas em Chicago como também em boa parte da sua região, já que a apresentação foi vendida como a derradeira de Milwaukee.

Por fim, o grupo de Kathleen Hanna responsável pelo icônico movimento riot grrrl voltou de um hiato após longas décadas e marcou alguns poucos shows pelos Estados Unidos, sendo essa performance no Riot algo pouco usual.

Entre os headliners, inclusive, foi o Bikini Kill quem destoou da programação, já que fechou as atividades no palco principal mas definitivamente teria soado muito melhor em um palco menor, deixando o gosto de que o Raconteurs de Jack White, que tocou logo antes, foi o verdadeiro headliner do terceiro dia.

Destaques do Festival

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Outros destaques do Riot Fest 2019 vieram com o Less Than Jake fazendo um show pra lá de nostálgico com seu ska-punk e o Against Me! tocando dois discos de fases bem distintas de sua carreira na íntegra: Reinventing Axl Rose (2002) e Transgender Dysphoria Blues (2014), ambos incríveis e executados com a energia no máximo.

Vale lembrar, inclusive, que como parte da rica programação noturna do Riot, a banda havia apresentado outros dois álbuns na noite anterior na lendária casa de shows Metro, com performances explosivas e históricas de As The Eternal Cowboy (2003) e New Wave (2007).

Quem também tocou um disco na íntegra foi o Dashboard Confessional, com The Places You Have Come To Fear The Most e uma nostalgia emo que tomou conta do Douglas Park inclusive com enormes cartazes que tinham letras da banda pelo local do festival.

Clássicos do Punk fizeram bonito com Descendents, Jawbreaker, Rancid e Pennywise e teve espaço para o cult também, com shows de Bob Mould e American Football.

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Estrutura

Riot Fest 2019
Foto por Aline Krupkoski

O Riot Fest é marcado por misturar música, comida típica de feira do interior, roda gigante e um espaço enorme onde é possível andar facilmente e chegar rapidinho de qualquer palco para outro.

Acontece que em 2019 os organizadores resolveram expandir a área VIP e aí parecem ter entrado em um terreno bastante complicado, já que além da VIP “normal”, ainda tiveram a “Deluxe” e a “Ultimate”.

Basicamente uma delas tinha acesso a locais na frente do palco onde a visão do show era melhor e a outra contava com tendas que tinham ar condicionado, comida e bebida.

O problema é que além de transmitir aquele clássico sentimento de que a coisa está sendo elitizada, o Riot Fest ainda acabou criando três categorias de VIP, e eu nem posso imaginar como foi a reação de quem pagou caro no ingresso VIP pra ser “menos VIP que o VIP mais completo” (deu pra entender?).

Definitivamente esse é um ponto a ser considerado para as edições futuras e não dá pra ignorar o fato de que ficou estranho um evento com um passado tão rico e raízes no underground ter criado tantas categorias de tratamento especial assim.

https://www.instagram.com/p/B2Z8X4lA1MC/

De qualquer forma, o Riot Fest ainda é um dos festivais mais bacanas que já visitamos em todo planeta e tem a liberdade para, por exemplo, colocar o Village People no meio da programação em um dos shows mais divertidos de 2019.

Além disso, o clima de camaradagem ainda impera no local com as barraquinhas que vendem merch de gravadoras independentes, produtores locais e artistas, e a área de imprensa tem ares de bosque com uma calma deliciosa e perfeita para entrevistar os artistas que por ali estão a todo momento (sem contar cerveja, água, energético e sidra de graça para os profissionais que, como nós, ali estão).

Com todos os poréns dessa última edição, o Riot Fest ainda é um festival diferenciado que transformou um nicho em algo gigantesco, uma espécie de “Lollapalooza Punk” com números absurdos que, inclusive, já tem data para acontecer em 2020, entre os dias 11 e 13 de Setembro.

Vale a pena ficar de olho nas passagens para Chicago e conferir de perto, assim como comprar os ingressos early bird, vendidos bem antes e a preços baratíssimos, no site oficial.

Riot Fest 2019
Foto por Aline Krupkoski