Estamos acostumados a pensar música a partir de determinados padrões rítmicos e melódicos. Isso é reflexo de anos e anos de uma cultura musical que nos foi “imposta” socialmente. Nossas regras, no entanto, são apenas uma de várias possibilidades de estruturação.
Pouco sabemos sobre a cultura musical de nossa ancestralidade. E na busca de desmitificar isso surgiu o grupo Timeline Trio. Indo além simplesmente da “canção pela canção”, o trio se dedica à pesquisa acerca do ritmo e da melodia preservados por culturas ancestrais afro-brasileiras e indígenas.
O trio é formado por Lucar Cirillo (gaitista), Kau (bateria e programações eletrônicas) e Vitor Arantes (teclados e piano). Vemos o resultado das rebuscadas pesquisas em canções que misturar sonoridades urbanas (no jazz que é influência na forma de tocar do grupo) com essa questão da tradição.
Eles ilustram bem isso na profunda faixa “Sete Flechas”. A canção, que conta com a participação ilustre do rapper Rashid, faz parte de uma série de vídeos de canções inéditas, feitos para divulgar o lançamento do disco Oroboro, que tem previsão de lançamento para Outubro.
Confira abaixo, com exclusividade do TMDQA!:
Influência no caboclinho
Para “Sete Flechas”, o grupo mergulho em um estudo sobre o caboclinho, manifestação cultural presente em Pernambuco e de ancestralidade afro-indígena.
A faixa é assinada também por Lourenço Rebetez (arranjo e produção), Thiago Rabello (mixagem) e Maurício Gargel (masterização). Já o vídeo que acompanha a estreia foi dirigido por Dani Gurgel, e acompanha a troca de energias do grupo durante uma session, com todos os elementos que enriquecem uma performance ao vivo.
De acordo com os membros, a participação de Rashid ajudou a resumir o conceito da canção:
Essa é a nossa forma de tocar, propondo uma viagem sonora que parte da terra, representada pela organicidade dos instrumentos, seus toques tais quais os tradicionais e, também, sua melodia inicial que remete aos lamentos e aboios. A partir de um ostinato, criamos a ponte para conectar esse som com a urbanidade, re-harmonizando-a e trazendo a levada junto dessa intenção. Após compor, fizemos questão de abrir espaço para um rap. A escolha de Rashid para essa jam session foi unânime. Após ouvir uma demo da música e conversar um pouco sobre o conceito do grupo, ele chegou com versos fortes que compreendiam tudo o que queríamos traduzir instrumentalmente. Essa é a força da palavra.
Sobre o som orgânico e original proposto, eles contam que o tentam chegar à memória afetiva do ouvinte:
A gente é um trio de música instrumental que se entende como um trabalho de canção também. Pensamos em melodias que sejam cantáveis. Nossa virtude está em buscar as formas mais eficientes de compormos algo que soe dentro da memória afetiva de cada um, seja pelo caminho da sonoridade urbana ou pela reverência à tradição telúrica das cantigas ancestrais.
E aí? Gostou da novidade do Timeline Trio? Conte para nós nos comentários!