Em show climático e catártico, Emicida e Ibeyi fazem uma das melhores apresentações do Rock in Rio

O rapper brasileiro Emicida convidou a dupla franco-cubana de irmãs Ibeyi para um show inesquecível no Rock In Rio. Veja resenha e fotos exclusivas.

Emicida no Rock In Rio 2019
Foto por Marta Ayora / TMDQA!

Universos à parte, o afroindie eletrônico minimalista das gêmeas franco-cubanas Ibeyi e os versos raivosos do subúrbio paulistano de Emicida já vinham se “namorando” há algum tempo com participações em shows e duas faixas de estúdio (“Hacia El Amor” e a recente “Libre”).

Mas o que foi visto no início da noite de abertura do segundo fim de semana de Rock in Rio foi muito além da expectativas. A junção de sonoridades tão diferentes impulsionou os discursos potentes dos dois artistas para uma das performances mais incisivas e emocionantes dessa edição do festival.

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(Foto por Marta Ayora / TMDQA!)

Emicida e Ibeyi

Foto por Marta Ayora / TMDQA!

Emicida e Ibeyi usaram a premissa dos encontros musicais, que marca o palco Sunset, à risca e estiveram juntos no palco durante quase todo o show, em uma apresentação visivelmente criada com cuidado e bem ensaiada. As percussões e synths do set das gêmeas se uniram com a banda de Emicida acrescida de um trio de metais, gerando arranjos incríveis.

O show começou de forma explosiva com “Bang”, seguida pela poderosa “Deathless”. No início da música, o telão mostrava uma homenagem para a menina Ágatha, covardemente assassinada no Rio de Janeiro. Seria só o começo de uma sequência de intensos discursos presentes nos versos entoados no palco.

Se músicas como “Pantera Negra”, “Passarinhos” e “A Chapa é Quente” fizeram o público da Cidade do Rock pular, foram momentos como “No Man Is Big Enough for My Arms”, com imagens de grandes mulheres negras no telão, e a emocionante participação surpresa de Majur em “AmarElo” que levaram a performance para outro patamar.

No fim de “Levanta e Anda”, eles puxaram versos do clássico “Rap Do Silva”, do MC Bob Rum, ligando a perseguição ao funkeiro do clássico da música carioca com a prisão do DJ. produtor, agitador cultural e indicado ao Grammy Latino Rennan da Penha. A reação do público foi calorosa.

Foto por Marta Ayora / TMDQA!

Outro ponto alto foi “River”, uma das melhores músicas da discografia do Ibeyi, acrescida de um freestyle de Emicida, relembrando seus tempos de rinha de MCs onde fez seu nome. O fim da música, com uma oração em iorubá a capella, foi um resumo emocionante da mistura de ancestralidade, política e valorização dos corpos e cultura negros.

Mais uma prova de que Emicida é um dos artistas mais importantes em atividade no país, o show foi, com sobras, um dos melhores do Rock in Rio até aqui.

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