A segunda parte do festival Rock In Rio em 2019 já teve seu pontapé inicial e, rapaz, que começo quente!
O Palco Sunset abriu os trabalhos com a sempre energética banda brasileira Francisco, el Hombre, que dividiu espaço em uma colaboração com os colombianos da Monsieur Periné, e a apresentação vai dar o que falar por muito tempo.
(Fotos por Marta Ayora / TMDQA!)
No começo, as duas bandas tocaram juntas e priorizaram canções da Monsieur, transformando o palco Sunset em uma espécie de “Caribe”, com canções para curtir o Sol escaldante do Rio de Janeiro numa boa.
Francisco, el Hombre
Acontece que veio “Triste, Louca ou Má”, e as coisas começaram a mudar, ganhando ritmos mais rápidos e mensagens mais diretas.
Ao convocar as mulheres do público para a frente do palco, a vocalista Ju Strassacapa começou a entoar um dos grandes hits da Francisco, el Hombre, que homenageou diversas mulheres no telão do palco.
Durante a canção apareceram imagens de Marielle Franco, Dilma Rousseff, a jogadora de futebol Marta, Luiza Erundina, a ativista Greta Thunberg e mais.
Na sequência veio a deliciosa “Calor da Rua” e a banda brasileira que tem um dos melhores shows do país já há algum tempo, mostrou então todas as suas armas. A partir daí ninguém mais ficava parado e o grupo passava a conduzir o público do Palco Sunset como conduz seus shows Brasil afora anualmente em turnês incríveis.
“Tá com Dólar, Tá com Deus” teve o mesmo efeito e a banda aproveitou a sequência engatada para mandar ver em “Bolso Nada”, crítica ao presidente Jair Bolsonaro feita lá em 2016, quando ele ainda não ocupava o posto mais importante do país.
A partir daí, as críticas a Bolsonaro se intensificaram, o telão mostrou mensagens sobre mentiras e censuras do governo e a banda brincou convocando todo mundo para pular dizendo que “quem não pulasse era miliciano”.
Ao final da apresentação, o vocalista Mateo foi pra galera e ainda pediu para que cada um olhasse para as pessoas ao lado, que “estariam ali com você quando Bolsonaro caísse”.
Posicionamentos
O show da Francisco, el Hombre ainda teve diversas outras formas de posicionamento, como uma bandeira do MST (Movimento dos Sem-Terra), e um boné do mesmo usado pelo baterista Sebástian.
Além disso, o baixista Gomes ainda fez um discurso sobre empatia, celebrando ícones indígenas e falando sobre como todos somos “o mesmo”.
Em “CHÃO TETO PAREDE :: pegando fogo”, a Francisco aproveitou a temática para falar também sobre como a Amazônia está pegando fogo, em nova crítica ao presidente Bolsonaro, e o show foi encerrado com uma adrenalina incrível e palmas de todos os cantos da Cidade do Rock.
Rock In Rio
A Francisco, el Hombre levou o show que tem feito há alguns anos pelo país para um dos palcos mais conhecidos do país e abalou as estruturas do Rock In Rio.
Haverá elogios, haverá uma enxurrada de xingamentos, você pode concordar e você pode discordar. É do jogo. Mas o que fica é justamente aquilo que estamos precisando tanto na arte hoje em dia: a contestação, o questionamento, o incômodo para debater novas ideias, seguir em frente e avançar, principalmente nas questões mais importantes da humanidade.