Em entrevista exclusiva, Joseph fala sobre novo disco, compor em família e possível vinda ao Brasil

Leia a entrevista exclusiva do Tenho Mais Discos Que Amigos! com o trio Joseph, que está lançando um novo disco chamado "Good Luck, Kid".

Joseph

Por Nathália Pandeló Corrêa

Joseph não acredita em impressões superficiais. Se o nome tradicionalmente masculino introduz um potente trio feminino, a música transgride os limites do folk, ao qual sempre foram associadas, para incorporar guitarras cruas às harmonias vocais. No novo disco Good Luck, Kid, Natalie Schepman e suas irmãs gêmeas Allison e Meegan Closner embarcam em uma viagem de autoaceitação e resolução de conflitos. O ponto de partida foi o fim da última turnê, na qual questões da banda se misturaram a impasses familiares e quase levaram ao fim do projeto.

Foi nessas novas canções que elas se reencontraram. Compondo coletivamente, Natalie, Allison e Meegan fizeram surgir suas vozes distintas – literalmente e figurativamente. Como sucessor da estreia Native Dreamer Kin (2014) e do segundo disco, I’m Alone, No You’re Not (2016), Good Luck, Kid traduz até no título um otimismo que divide espaço com uma sinceridade rasgada. Enquanto a faixa-título reconhece a necessidade de seguir em frente e assumir o protagonismo da própria história, a intensa “Fighter” é um convite ao não-conformismo e uma saudação a quem luta todos os dias por um mundo melhor – apesar de tudo.

Encapsular temas íntimos e universais é algo que a banda faz com naturalidade, e nesse álbum Joseph faz isso de forma ainda mais contundente. Seja pelo peso dos arranjos, pela intensidade das vozes ou pelo tom das composições, as artistas dão um passo adiante em uma discografia já evoluída. Talvez essa jornada as traga ao Brasil em 2020, como adianta Natalie em uma entrevista exclusiva ao TMDQA!. Ela fala sobre ter uma banda em família e a nova fase do trio. Confira:

TMDQA!: “Good Luck, Kid” – a música, especialmente – parece uma carta a qualquer pessoa lidando com a experiência de deixar a juventude pra trás ou com a aceitação dos desafios de envelhecer. Sei que não faz tanto tempo, mas desde que começaram a lançar suas músicas até agora, vocês devem ter aprendido algumas lições valiosas pelo caminho. Poderia compartilhar alguma com a gente?

Natalie Closner Schepman: Com certeza! Temos aprendido a valorizar cada momento, estar presente exatamente onde estivermos e sermos gratas.

TMDQA!: Sei que vocês disseram que esse disco tem um som mais “sujo” em relação aos anteriores, mas essas músicas se resumem ao vocal, como sempre. Como vocês mantém as harmonias inovadoras e inventivas, tendo cantado juntas por tanto tempo?

Natalie: Adorei essa pergunta! Acho que as harmonias e a composição ficam renovadas porque cada música pede algo diferente. E as canções são todas diferentes entre si, porque há três de nós ali, com três histórias e sentimentos diferentes. Além disso, compor com outras escritoras ajuda a trazer toda a perspectiva e a experiência de vida de uma pessoa completamente diferente de você.

TMDQA!: Acho que familiaridade é a palavra chave nisso tudo, especialmente levando em conta o parentesco de vocês. Sua intimidade enquanto irmãs faz diferença na hora de escreverem juntas?

Natalie: Com certeza. Houve vezes em que estávamos compondo e dava pra sentir que uma de nós estava se impedindo de dizer a coisa mais verdadeira, e nós encorajamos umas as outras a serem o mais honestas possível.

TMDQA!: Imagino que vocês já fazem essa coisa de música há tempo suficiente para olhar pra trás e sentir orgulho do que realizaram até aqui. Nesse disco, especificamente, tem algo que deixou vocês orgulhosas de terem feito?

Natalie: Uau, amo isso! Sim, nós adoramos as composições. Elas parecem muito verdadeiras. E também estamos especialmente orgulhosas de como os vocais soam nesse disco. E com muito orgulho da arte de capa e da sequência de músicas. Colocamos as canções em um arco de história que começa com esperança por algo, a decepção por isso e por fim caminhando em direção à liberdade de estar no assento do motorista ao conduzir sua própria vida.

TMDQA!: Vocês criaram uma playlist no Spotify chamada “Fighter”, cheia de músicas que lembram o significado dessa palavra. Também tem a hashtag #THISISAFIGHTER, onde vocês compartilham histórias de mulheres extraordinárias. Escrever essa música e trocar experiências com outras mulheres na internet deu uma nova perspectiva sobre o significado do que é ser uma lutadora?

Natalie: Durante o tempo de férias das estradas que tivemos, eu tive mais tempo de absorver o mundo. Eu assisti mais filmes e TV, li mais e vi mais notícias. Foi incrível de muitas formas (a televisão ficou muito boa ultimamente!), mas foi também exaustivo ver todas as notícias horríveis que pipocavam no meu celular. Então fiquei profundamente encorajada após assistir (leia-se: chorei como um bebê) o documentário sobre Fred Rogers, chamado “Won’t You Be My Neighbor?”. Ele fala sobre sua mãe dizendo “Em tempos de tribulação, procure os ajudantes”. Então #THISISAFIGHTER é uma forma de celebrar as pessoas que comparecem à luta todos os dias. Temos dado destaque a organizações em cada cidade onde tocamos e que estão mostrando serviço nessa luta. Eu decidi manter minha moral em alta. Há tantas pessoas que acordam todos os dias decididas a ajudar ao invés de se desesperar, e isso tem sido tremendamente emocionante.

TMDQA!: Vocês estão começando uma longa turnê para divulgar esse disco. Alguma chance de ela vir parar aqui no Brasil em breve?

Natalie: Temos altas esperanças de que vamos ao Brasil em algum momento do ano que vem! Vamos divulgar em todos os lugares assim que soubermos!