O décimo episódio do Podcast Fast Forward é muito especial.
Muito se fala, de um lado, do quanto artistas são afetados por pressões financeiras, das redes sociais, de demandas de performances impecáveis, de grandes discos, enfim, um grupo forte de pressões. Do outro lado, os outros profissionais que trabalham no mercado de música para fazer tudo isso acontecer parecem ter seus quadros de ansiedade, depressão, burnout e uma série de outras questões de saúde mental com um olhar que está dentro da mesma lógica comum de uma relação de trabalho. Só que a verdade é que existe sim no mercado da música um ecossistema que torna todas essas questões interligadas. A começar pela exposição constante.
Um estudo realizado pela Record Union, uma distribuidora de música, gerou o programa Os 73 porcento. Isso teve origem numa pesquisa que fizeram com uma base de mais de 1.500 músicos e artistas independentes e descobriram que 73% deles diziam ter experienciado estresse, depressão e ansiedade em relação à música que fazem. Um outro estudo, britânico e de 2016, encomendado pelo Help Musicians UK à Universidade de Westminster, entrevistou 2.211 pessoas, entre artistas, empresários, funcionários de gravadoras, agentes e profissionais de turnê, entre outros. Ele foi intitulado “Can Music Make You Sick?” ou “A Música Pode Te Adoecer?”. O resultado foi alarmante: 71% relataram ter tido ataques de pânico ou passado por situações de alto nível de ansiedade. 68,5% disseram já ter enfrentado ou estarem em depressão.
No Brasil, não conseguimos localizar nenhum estudo desse tipo, mas sem dúvidas deve ser de números por aí. E para debater esse tema tão tabu no mercado da música ainda, nossos convidados são mais do que especiais. Clarice Falcão, que fez um belo álbum em 2019 que toca em temas de Saúde Mental, Tem Conserto, e o psicanalista Paulo Próspero, com ampla experiência em tratar artistas.