"Take On Me", a-ha e a história de um hit que nasceu de dois fracassos

Conheça a história de "Take On Me", mega hit do A-ha que fracassou duas vezes nas paradas antes de explodir no mundo todo com seu clipe.

"Take On Me", a-ha e a história de um hit que nasceu de dois fracassos

Não há dúvidas: se você começar a ouvir “Take On Me” agora, na pior das hipóteses não saberá quem é o dono da canção, mas definitivamente irá começar a cantarolar a bela música lançada entre 1984 e 1985.

A faixa do a-ha aparece no disco de estreia da banda, Hunting High And Low (1985) e é difícil imaginá-la como um fracasso, mas saiba que antes de dar certo, “Take On Me” deu errado. Duas vezes.

Celebrando os 34 anos desde que a canção tornou-se o único single da banda a chegar ao topo da Billboard, em Outubro de 1985, contamos essa história por aqui.

 

A História do a-ha e “Take On Me”

A-ha - Take On Me - Single

A banda norueguesa foi formada em 1982 por Paul Waaktaar-Savoy (guitarra), Magne Furuholmen (teclado, guitarra) e Morten Harket (vocais), e antes de ganhar o nome que seria mundialmente conhecido, teve uma “versão” na forma de Bridges.

Nesse período, uma canção do grupo chamada “The Juicy Fruit Song” tinha elementos do que se tornaria “Take On Me”, e quando o a-ha foi definitivamente formado, o som ainda teve outro nome, sendo conhecido como “Lesson One”.

A banda se mudou para Londres com a esperança de estar mais próxima da indústria da música e passou a entrar em contato com agentes, empresários e gravadoras, e conseguiu um contrato com a Lionheart, mas a parceria não deu certo e logo os dois lados se separaram.

Quando isso aconteceu, a banda resolveu gravar novas demos com o músico e produtor John Ratcliff, e ele a apresentou para seu empresário, Terry Slater, que encorajou os músicos a finalizar algumas canções, incluindo “Take On Me” e conseguiu um contrato com ninguém menos que a Warner Bros. Records.

Os Fracassos do Hit

Na sequência, o a-ha trabalhou com Tony Mansfield, conhecido por trabalhar com o sintetizador digital Fairlight CMI, e ele mixou as demos com instrumentos eletrônicos, chegando a uma sonoridade que a banda não gostou, o que fez com que as músicas fossem todas remixadas.

Chegava a hora de tentar emplacar um sucesso, e com certa dose de pressa o a-ha lançou “Take On Me” como single no Reino Unido, chegando à modestíssima posição de número 137 nas paradas, nada perto do potencial que a canção tinha e o pior resultado da banda com qualquer single até hoje.

Foi aí que o escritório da Warner nos Estados Unidos resolveu entrar na jogada, já que via potencial na banda, e investiu tempo e dinheiro para que os caras regravassem o single, dessa vez com produção de Alan Tarney a convite de Terry Slater.

A canção foi finalizada como a conhecemos hoje e relançada no Reino Unido, mas com pouco apoio da gravadora local (que, dizem os boatos, até tinha ficado com ciúmes da interferência da sede norte-americana), falhou novamente.

É claro que a frustração tomou conta do grupo que entendia que essa era a sua canção com maior potencial comercial, mas durante uma viagem de Paul aos EUA, ele entrou em contato com a Warner de lá e ouviu do outro lado a melhor reação que podia imaginar, com algo como: “o a-ha é ótimo! Estamos muito empolgados com a banda, vocês são a nossa principal prioridade e iremos gravar um clipe de ‘Take On Me’!”

O tal Clipe…

Outra ressalva importante aqui é que o clipe que todos conhecemos desse verdadeiro clássico não foi o primeiro a ser lançado para “Take On Me”.

A versão anterior do single foi promovida com um vídeo onde a banda aparece tocando em um fundo azul, mas em uma época em que a MTV começava a ganhar cada vez mais força nos EUA, era preciso causar impacto, e a Warner não mediu esforços para isso.

Com a tarefa de alavancar a canção de vez, a gravadora colocou dinheiro na empreitada e chamou o diretor irlandês Steve Barron, que já havia trabalhado antes com nomes como Bryan Adams, Def Leppard, Fleetwood Mac, Madonna e em clássicos como “Billie Jean”, de Michael Jackson, e “Africa”, do Toto.

Na sua carreira, ele ainda viria a dirigir filmes como As Tartarugas Ninja (1990), Cônicos & Cômicos (Conheads, 1993) e As Aventuras de Pinocchio (1996).

Com cenas gravadas no Kim’s Café (hoje Savoy Café) em Londres, e em um estúdio da cidade, o clipe alterna cenas de atores reais com ilustrações que, juntas, criaram um efeito único e verdadeira marca registrada de “Take On Me” nos Anos 80.

Em uma história envolvente onde os personagens principais navegam entre os dois mundos, a canção embala os movimentos e é um daqueles tantos casos de encontros perfeitos entre vídeo e canção que tornaram os clipes tão importantes para a indústria nos anos seguintes.

Com o clipe no ar, investimento e trabalho feito do jeito certo, “Take On Me” finalmente teve a atenção que merecia e o resultado esperado pela banda: ficou na Billboard Hot 100 por 27 semanas, alcançando o topo na décima quinta, e fez com que o disco fosse um grande sucesso de vendas.

Além disso, o clipe que foi exibido em casas noturnas e na televisão um mês antes do álbum sair, levou seis prêmios da MTV pra casa em 1986 e havia sido indicado a mais dois.

De Volta ao Reino Unido

Antes de finalizar, vale destacar que o single foi lançado pela terceira vez no Reino Unido, agora com todo apoio de um trabalho diferenciado e, é claro, a popularidade nos EUA.

A estreia aconteceu na posição de número 55 nas paradas mas a canção chegou até a segunda posição e ficou por lá durante três semanas, alcançando certificado de Ouro pela BPI, associação da indústria da música britânica.

Fica aqui a moral da história, amiguinhos: se você acredita muito no seu material e no seu potencial, corra atrás das pessoas certas e que estejam tão empolgadas com o seu trabalho quanto você. As chances de dar certo serão muito, muito maiores.