Resenha: Gal Costa - A Pele do Futuro Ao Vivo

Gal Costa lança um dos seus melhores registros, em mais de 5 décadas de carreira, aliando sucessos recentes a grandes clássicos da música brasileira.

Gal - A Pele Do Futuro Ao Vivo

No último mês, Gal Costa nos deu de presente o registro da sua última turnê, brindando em alto nível mais de 50 anos de carreira com A Pele Do Futuro Ao Vivo, que revisita a discografia e apresenta uma Gal reinventada, moderna e com a voz ainda melhor, sempre impecável.

Gravado em São Paulo, em duas noites na Casa Natura, com direção musical de Pupillo e direção geral de Marcus Preto, as faixas do disco de estúdio A Pele Do Futuro, de 2018, se misturam aos grandes sucessos da carreira de Gal e mais uma série de clássicos da música brasileira.

O início visceral com “Dê Um Rolê”, de Moraes Moreira e Galvão, gravada também pela própria cantora na década de 70, mostra bem a roupagem que temos durante o novo trabalho, sem descaracterizar as músicas e dando ainda mais beleza para uma artista que desde o ótimo Estratosférica (2015), assimila influências contemporâneas ao seu consagrado e inconfundível estilo no estúdio e nos palcos.

Caetano Veloso, um dos grandes parceiros de vida, não ficou de fora e foi contemplado com “Mamãe Coragem”, “Vaca Profana” e uma emocionante interpretação de “London, London”, que em tempos atuais e confusos politicamente, cai muito bem no repertório.

Tão clássico quanto Caetano, é a inclusão de “Nas Curvas da Estrada de Santos” da dupla Roberto Carlos e Eramos Carlos e “Que Pena (Ela Já Não Gosta Mais De Mim)”, do mestre Jorge Ben Jor.

Quem acompanhou algum dos maravilhosos shows da turnê que têm rodado o Brasil, pôde conferir mais um grito poderoso de Gal com a inclusão de “Brasil”, de Cazuza, no repertório. Mais uma que cresce e fala alto com o nosso atual momento social.

Ao mostrar que está afiadíssima com o que tem rolado de novidade na música brasileira, Gal incluiu a belíssima “Motor”, cover da banda baiana Maglore, e o resultado é emocionante.

O final do show é pra cima, é pura festa, sem perder o fôlego, dando uma volta no tempo, fechando, com precisão, um setlist digno de todos os aplausos, com a sequência “Bloco Do Prazer/Balancê/Massa Real/Festa Do Interior”.

Somos agraciados com cerca de uma hora e meia de bom gosto musical e uma cantora que mostra, acima de tudo, o prazer de estar nos palcos e o cuidado com cada escolha que compõe um dos melhores shows e discos do ano.

Gal Costa é definida com sabedoria nos versos que Nando Reis escreveu: “A filha de todas as vozes que vieram antes. A mãe de todas as vozes que virão depois”.