Lançamentos

The Offspring, Bad Religion e uma das noites mais quentes do ano em São Paulo

Resenha: veja como foi a noite que reuniu as bandas de punk rock The Offspring e Bad Religion em shows marcantes no Espaço das Américas, São Paulo.

Dexter Holland, do Offspring, em São Paulo, 2019
Foto por TMDQA! / Aline Krupkoski

The Offspring e Bad Religion são dois dos nomes mais importantes na história do Punk Rock mundial.

Tendo, as duas, suas origens ligadas à Califórnia, as bandas têm muito em comum desde as cenas em que se desenvolveram até conexões como a lendária gravadora Epitaph e o fato de que elas foram fundamentais para uma nova explosão do gênero nos Anos 90.

Publicidade
Publicidade

(Fotos por TMDQA! / Aline Krupkoski)

Pois ontem (29), Bad Religion e Offspring se apresentaram juntos em São Paulo e não apenas trouxeram suas guitarras afiadas ao Espaço das Américas, como também vieram com todo calor californiano junto.

Cobertura no Instagram

Siga o perfil do TMDQA! no Instagram e veja também como foi nossa cobertura pelo Instagram Stories.

Bad Religion

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

O Espaço das Américas é uma grande casa de shows localizada na Barra Funda, Zona Oeste da capital paulista, e com todos os ingressos vendidos há um bom tempo, o local ficou completamente preenchido em uma das noites mais quentes do ano que teve sua temperatura aumentada ainda mais assim que o Bad Religion tomou o palco.

A lendária banda liderada por Greg Graffin parece tocar como uma verdadeira Orquestra Punk Rock, com seus integrantes alinhadíssimos e uma exibição impecável que mistura toda a técnica dos seus integrantes com o vigor de um estilo tão ligado às rápidas batidas, guitarras distorcidas e baixos ferozes.

É bom lembrar, aliás, que estamos falando de uma banda cujos integrantes todos já ultrapassaram os 50 anos de idade, com exceção do baterista Jamie Miller, adição à banda em 2015.

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

Mesmo encaminhando-se para os seus 60, os caras do Bad Religion não param por um minuto, e o show em São Paulo foi uma sequência de 25 canções que se conectavam entre elas e, quando havia pausas, se conectavam através de falas de Graffin traçando paralelos entre os nomes das canções e fatos da banda.

Por exemplo, ele brincou algumas vezes dizendo que mal acreditava que já estávamos chegando a 25 anos desde que a banda tocou no Brasil pela primeira vez, o que parecia “Stranger Than Fiction”. Além disso, ainda falou que a banda sempre gosta de voltar pra cá e, no que depender deles, irá fazer shows no Brasil até o “End Of History”.

A lendária “21st Century (Digital Boy)” abriu os trabalhos e a igualmente importante “American Jesus” fechou o show, e entre elas vieram pérolas como “Generator”, “Los Angeles Is Burning”, “I Want To Conquer The World”, “Fuck Armageddon… This Is Hell”, “Sorrow” e “Infected”, a mais celebrada da noite.

Foi um passeio sensacional por quase todas as fases de uma das bandas mais importantes, mais concisas e mais completas de todo planeta.

Setlist – Bad Religion

  1. 21st Century (Digital Boy)
  2. Fuck You
  3. Anesthesia
  4. Chaos From Within
  5. Stranger Than Fiction
  6. The Dichotomy
  7. Recipe for Hate
  8. End of History
  9. The Handshake
  10. I Want to Conquer the World
  11. New Dark Ages
  12. Lose Your Head
  13. Automatic Man
  14. We’re Only Gonna Die
  15. Modern Man
  16. Infected
  17. You
  18. Overture
  19. Sinister Rouge
  20. Generator
  21. Do the Paranoid Style
  22. Los Angeles Is Burning
  23. Sorrow
  24. Fuck Armageddon… This Is Hell
  25. American Jesus

 

The Offspring

Foto por TMDQA! / Aline Krupkoski

Dentro das mesmas bases do Punk Rock, o Offspring tem uma abordagem diferente do que o Bad Religion para o gênero, distanciando-se do hardcore e aproximando-se do pop/punk.

Foi essa mistura certeira e sucessos como “All I Want”, “Come Out And Play” e “Want You Bad” que fizeram a banda liderada por Dexter Holland quebrar a barreira do underground e tornar-se um dos maiores sucessos do rock mundial nos anos 90 e 2000.

Com a casa lotada e todo mundo suando bicas após um início quente de set, o Offspring iniciou os trabalhos com Dexter sem sua guitarra, e aos 53 anos, parece que ele também sentiu o peso da temperatura, já que parecia estar tomando fôlego logo ao final das primeiras canções.

No show de São Paulo, o Offspring mostrou que acerta quando retorna às origens, mesmo que insista em trazer elementos novos que acabam soando alheios ao seu trabalho. Em “Want You Bad”, por exemplo, um teclado precede a canção com uma introdução que poderia facilmente ter ficado de fora e um arranjo que pouco contribuiu à enérgica e contagiante canção.

Quando mandou ver em sons como “Genocide”, “Staring At The Sun” e a pedrada “Bad Habit”, a banda passeou por diferentes fases da carreira e mostrou a versatilidade e a criatividade que marcaram sua carreira para nos brindar com pérolas gritadas a plenos pulmões por todos que ali estavam presentes.

Foto por TMDQA! / Aline Krupkoski

A banda parou por diversos momentos entre as canções para conversar (e provavelmente pegar um ar), e o integrante mais participativo foi o guitarrista Noodles, que falou várias vezes sobre como estava empolgado estar ali e arremessou sua cerveja, também várias vezes, para a plateia.

Foi ele que brincou sobre como quase todas as canções daquela noite haviam sido escritas por Dexter Holland, menos as duas seguintes, que vieram com versões de “Blitzkrieg Bop”, do Ramones, e “Whole Lotta Rosie”, do AC/DC. E apesar das origens da banda no Punk Rock, foi com um dos clássicos do Hard Rock que a banda mostrou melhor sua capacidade de sair da zona de conforto em uma grande cover.

Ao final de “Gotta Get Away”, e estranhamente enquanto a música ainda rolava, os roadies do Offspring levaram um piano ao palco para o ato seguinte, e ele veio com uma versão com cara de balada para a emocional “Gone Away”.

Com uma letra que fala sobre a perda de pessoas próximas, a canção originalmente gravada com guitarra, baixo e bateria aqui teve sua maior parte entoada ao estilo voz+piano, com ajuda valiosa da plateia que cantou tudo junto.

Ao final a banda entrou completa para finalizar o som e, sinceramente, ficou a dúvida sobre como talvez a versão original, cheia, tivesse sido mais interessante do que o momento ao piano.

Foto por TMDQA! / Aline Krupkoski

A chuva de hits continuou com “Why Don’t You Get A Job?”, “Pretty Fly (For A White Guy)” e “The Kids Aren’t Alright”, antes do grupo sair do palco para voltar e mandar um bis potente com “You’re Gonna Go Far, Kid” e o hino “Self Esteem”.

Ao final das contas, estávamos todos de alma lavada, camiseta encharcada e o sorriso no rosto pela oportunidade de ver dois shows tão grandiosos na mesma noite.

Esse que aqui escreve, ainda saiu de lá com a esperança de que clássicos assim motivem novos artistas a empunharem suas guitarras e saírem fazendo canções por aí, já que com a idade média de quem se apresentou no palco beirando os 55 anos, precisamos de uma renovação para que as futuras gerações deixem suas marcas na música assim como Bad Religion e The Offspring fizeram de forma tão genuína.

Setlist – Offspring

  1. Americana
  2. All I Want
  3. Come Out and Play
  4. It Won’t Get Better
  5. Want You Bad
  6. Genocide
  7. Staring at the Sun
  8. Blitzkrieg Bop (Ramones cover)
  9. Whole Lotta Rosie (AC/DC cover)
  10. Bad Habit
  11. Gotta Get Away
  12. Gone Away
  13. Why Don’t You Get a Job?
  14. (Can’t Get My) Head Around You
  15. Pretty Fly (For a White Guy)
  16. The Kids Aren’t Alright
    Bis:
  17. You’re Gonna Go Far, Kid
  18. Self Esteem
Sair da versão mobile