Gilberto Gil, BaianaSystem e a Bahia fazem história em show do Encontros Tropicais

Veja fotos exclusivas e resenha do primeiro Encontros Tropicais, com Gilberto Gil, BaianaSystem, Luedji Luna e Ministereo Público Soundsystem.

Gilberto Gil e BaianaSystem no Encontros Tropicais
Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

03 de Novembro de 2019 já pode ser lembrado no calendário musical como um dia histórico para Gilberto Gil, BaianaSystem, a Bahia e a música brasileira.

Como a gente bem avisou por aqui, duas gerações de artistas poderosos iriam se encontrar no mesmo palco em Salvador, como parte do projeto Encontros Tropicais, e não deu outra: a “domingueira”, como o próprio Gil chamou, foi algo que cada um dos ali presentes irão carregar para sempre em suas memórias como uma ocasião pra lá de especial.

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Encontros Tropicais

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

A tarde e a noite foram oferecidas pela cervejaria Devassa, que através de uma reformulação da marca criou o projeto Tropical Transforma e, com ele, surgiu com o Encontros Tropicais.

Como o nome bem diz, a ideia é celebrar a música brasileira através de encontros ricos e diferenciados, para evidenciar o que a própria marca chama de “Música Tropical Brasileira”, e a primeira edição não poderia ter sido mais acertada.

Gratuito, o evento disponibilizou um primeiro lote de 30 mil ingressos que acabou em poucas horas e depois uma segunda carga de 5 mil, que se foi aos minutos. Sendo assim, o encontro ganhou proporções de grandes festivais ao levar mais de 30 mil pessoas para o Parque de Exposições, em Salvador, com todos os presentes celebrando a música baiana.

Ministereo Público SoundSystem e Luedji Luna

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

A programação começou com certo atraso, e entre sets do DJ Patrick Torquato, os trabalhos foram abertos pelo Ministereo Público, que levou a cultura do SoundSystem ao palco e começou a esquentar os motores da ensolarada tarde de domingo.

Ao final, botaram pra tocar uma canção pedindo por Lula Livre, foram atendidos pela plateia e deram espaço para mais uma atração baiana tomar o palco de assalto, já que a cantora Luedji Luna veio para nos encantar.

Luedji tem feito grandes shows por todo Brasil e o que encanta a plateia e deixa os olhos do público vidrados é a mistura de sua delicadeza e sua voz com posições claras e firmes, como quando disse “Parem de nos matar” e continuou com “isso não é um pedido, é uma ordem”, fazendo referência à violência principalmente contra negros e contra as mulheres.

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

Quando desfila seus sons pelo palco, é como se emanasse uma onda de calmaria sonora que entra na cabeça de cada um que está ali e nos hipnotiza ao mesmo tempo em que nos faz pensar sobre tantas questões que permeiam as nossas vidas pessoais e a sociedade.

Como a própria disse depois em entrevista para a Rádio Tropical Transforma, montada ali, ela já havia tocado para grandes públicos, similares ao da festa, mas se apresentar para 35 mil baianos era diferente e a deixou ainda mais empolgada pela ocasião.

O grande hit “Banho de Folhas” veio ao final do set e estávamos todos devidamente preparados para o que testemunharíamos a seguir.

 

Gilberto Gil e BaianaSystem

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

O show inédito em parceria veio dividido em três partes: apresentação solo de Gil, as duas atrações juntas e a finalização com o BaianaSystem tomando o palco, cada trecho com cerca de 40 minutos de duração.

Um dos nomes mais importantes da música brasileira, Gilberto Gil entoou canções como “A Novidade” (cantada a plenos pulmões por toda plateia), “Palco”, “Andar Com Fé”, a deliciosa “Vamos Fugir” e até uma cover de “Pro Dia Nascer Feliz”, do Barão Vermelho, que foi muitíssimo bem recebida.

Ao final da primeira, a plateia começou a entoar pedidos por Anitta coros de “Hey, Bolsonaro, vai tomar no c*”, antes de passar a clamar por Lula com o icônico “Olê, Olê, Olê, Olá, Lula, Lula”.

Ao microfone, Gil também mandou o slogan que caracterizou as campanhas do ex-presidente Lula e ainda disse que espera que “ele possa estar brevemente em nosso convívio novamente”.

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

“Toda Menina Baiana” precedeu a entrada do BaianaSystem ao palco, que veio com a cover de “Is This Love?”, de Bob Marley, e o encontro das duas atrações principais da noite se deu justamente com temas mais suaves e lentos, longe do que conhecemos dos shows liderados por Russo Passapusso, por exemplo.

Como se estivessem seguindo o ritmo que consagrou o ex-Ministro da Cultura do governo Lula, os músicos desfilaram canções como “Nos Barracos Da Cidade” e “Pessoa Nefasta”, sempre colocando o dedo na ferida sem precisar aumentar o volume para isso.

Segundo Gil, quem selecionou as canções foi o próprio BaianaSystem, já que ele chegou a dizer ao microfone que “eles que escolheram tudo, eu só escolhi uma”, e parece que os músicos quiseram celebrar uma rica obra com parcerias que evidenciassem mensagens escritas há anos e décadas mas que precisam ser revisitadas e expostas hoje em dia.

A participação derradeira de Gil no palco veio com “Água”, do BaianaSystem, e a partir dali a coisa pegou fogo: Russo saiu do lado do palco, onde havia passado a maior parte do tempo, para percorrê-lo pra lá e pra cá freneticamente, como todos estamos acostumados.

“Saci” levou a plateia à loucura, sendo que muitos ali estavam trajando as tradicionais máscaras da banda, assim como fizeram canções que foram de “Sulamericano” até “Lucro: Descomprimido”, passando por “Barravenida, Pt. 2” e “Capim Guiné”, transformando o panorama do show completamente.

Até então, havíamos passeado por hits lendários e um senso de apreciação, com a leveza do reggae e a contemplação de um artista como Gil, além da parceria das suas guitarras com as de Roberto Barreto e Junix, com os vocais e as rimas de Russo Passapusso e os baixos de Seko Bass, tudo como em uma calmaria que deu lugar à mistura que faz do BaianaSystem algo único.

Vimos “rodas punk” intercaladas com pulos ao melhor estilo de grandes blocos de carnaval, gente celebrando como se fosse um show de rock ao mesmo tempo que, ao seu lado, outros viam tudo como uma grande festa: e todo mundo se entendia, se curtia e se ligava nas mensagens que a banda entoava no palco.

“Playsom” veio com uma versão ácida e diferente, e ao final o palco foi tomado pela pedrada instrumental “Forasteiro”, tocando enquanto aquele dia histórico chegava ao fim com direito a fogos de artifício e a sensação de dever cumprido de todos que estavam ali.

 

Mais Encontros

Foto por Aline Krupkoski / TMDQA!

A promessa é de que essa foi apenas a primeira edição de uma série que vem aí para dar o que falar, celebrando outros encontros por todo Brasil.

Fiquem ligados nas redes sociais da Devassa e aqui no TMDQA! para saber a respeito de futuras edições. Duas coisas são certas: eventos incríveis estão no horizonte e a música brasileira vive um dos melhores momentos na história. Celebremos!

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