O jovem YUNGBLUD, atração do Lollapalooza 2020, promete unir forças para vencer o ódio no Brasil

YUNGBLUD é uma das ótimas revelações recentes da música e o jovem Dominic Harrison bateu um papo exclusivo e pra lá de interessante com o Tenho Mais Discos.

Yungblud
Foto: Wikimedia Commons

Nos últimos anos, vários artistas têm surgido e rompido barreiras entre gêneros musicais. Entre nomes como Twenty One Pilots e The 1975, o YUNGBLUD é um dos que se destaca bastante e está confirmado no Lollapalooza Brasil 2020.

Eleito por aqui como uma atração das mais interessantes do festival, Dominic Harrison tem apenas 22 anos. O cara já lançou um disco de estúdio, 21st Century Liability (2018), mas não tem ficado parado desde então.

Publicidade
Publicidade

São várias colaborações com outros grandes nomes, como o hit “11 Minutes” com Halsey e a radiofônica “I Think I’m Okay” com Machine Gun Kelly; ambas tiveram ainda Travis Barker (blink-182).

Mais recentemente, Dominic lançou o excelente EP the underrated youth, que mostra uma evolução grande em seu trabalho. Liderada pelo single “original me”, com participação de Dan Reynolds (Imagine Dragons), a obra mescla influências do emo, rock, hip hop e muito mais.

O último lançamento de fato foi o clipe da canção “Die a Little”, que fará parte da nova temporada de 13 Reasons Why. Te contamos mais por aqui!

Estamos bem ansiosos para receber o músico no Brasil e, enquanto esse dia não chega, Dominic nos atendeu por telefone para uma ótima conversa sobre o que vem por aí. Ele ainda nos contou sobre seus ídolos, mensagens das letras e muito mais. Confira a seguir!

Entrevista com YUNGBLUD

TMDQA!: Você vai tocar no Lollapalooza Brasil 2020 e nós aqui no TMDQA! achamos que você vai encaixar perfeitamente no festival. Você está empolgado? Com medo?

Dominic Harrison: Eu mal posso esperar, cara! Eu tenho muita vontade de tocar no Brasil e eu mal posso esperar para chegar aí e conhecer todos vocês. Eu já perdi a conta de quantas vezes recebi um “come to Brazil!” [venha ao Brasil!] no meu Instagram, e mal posso esperar para finalmente ir ao Brasil.

TMDQA!: Legal! A gente mal pode esperar pra te receber aqui também. Bom, inclusive, você tem uma música chamada “Machine Gun (Fuck the NRA)” [“Metralhadora (Foda-se a NRA)”, sendo que NRA é um grupo que defende a venda de armas nos EUA], que é bem popular. Nós não temos a NRA no Brasil, mas nós temos organizações e pessoas com intenções bem ruins também. Quando você vier pra cá, como vai ser esse coro?

DH: Eu sempre adapto essa música. Na Europa, por exemplo, eu estava gritando “Foda-se o Brexit”. Quando eu chegar ao Brasil, pode ter certeza que eu vou me atualizar sobre o que estão falando e levar isso pro palco. Essa música é sobre a pressão que nós, estando juntos, podemos fazer para vencer a opressão e o ódio.

“União e liberação”: as mensagens de YUNGBLUD

TMDQA!:  Você é muito claro nas suas visões contra as políticas de homens como Donald Trump e Boris Johnson. No recém-lançado EP the underrated youth está a canção “parents”. A letra parece usar o fato de crescer com pais problemáticos como uma metáfora para todas essas políticas que temos de lidar. É por aí?

DH: Sim, cara, está corretíssimo! A questão é que não sou eu mandando os pais irem se foder, ou uma geração mais velha ir se foder. É uma música sobre você ser a única pessoa que sabe o que é certo para você. Não há mais ninguém no mundo além de você que sabe o que é melhor pra você. É sobre pessoas tentando te colocar dentro de uma caixa, te classificar em uma categoria, em um lugar que você não necessariamente pertence. Só você, como sua própria pessoa, sabe o que é certo pra si.

TMDQA!: Isso que você diz de colocar as pessoas dentro de categorias e caixas acontece muito na música, também. Mas, recentemente, sinto que a música tem fluído mais através de seus gêneros e você é um artista que definitivamente contribui com isso. Isso vem naturalmente pra você?

DH: Acho que sim, porque eu nunca pensei muito sobre isso. Eu só amo tanta coisa, tantos estilos diferentes de música. Eu realmente nunca quis me colocar dentro de uma caixa. Eu só tento me expressar da forma que eu quero. Gêneros musicais, papéis de gêneros, é tudo uma forma muito antiga de pensar. Eu acho que união e liberação é o futuro. Eu amo rock do mesmo tanto que amo hip hop, eu amo gospel, eu amo jazz, eu amo tudo. Então eu vou misturar tudo. E eu acho que colocar em caixa é o que você faz com cereal. Não com música, não com pessoas.

TMDQA!: Outro dia o Justin Bieber se declarou fã de TOOL e muita gente não reagiu bem a isso [falamos sobre isso por aqui]. Como você acha que podemos lidar com essas pessoas que ainda pensam que tudo deve ser categorizado e colocado em rótulos?

DH: Cara, sempre vai haver uma reação negativa. Se não houver reação negativa, não há reação positiva. Eu não acho que devemos fazer nada além de educar essas pessoas, além de falarmos um com os outros. O tanto de vezes que já ouvi histórias de pais ou pessoas em geral entendendo coisas que eles não entendiam antes. As pessoas sempre têm medo das coisas que elas não entendem. Nós temos que fazê-las entender, por meio da conversa, da união.

TMDQA!: Você lançou também um novo clipe para a música “Die a Little”, e ela ecoa muito comigo. Parece ser uma canção bem pessoal, né? Pode nos contar um pouco mais sobre ela?

DH: Ah, claro. Essa música é sobre aceitar as partes ruins dentro de você, aceitar que elas estão ali. E para fazer isso é como se você precisasse morrer um pouco [“die a little”, em inglês] para sobreviver, e é preciso entender isso e fazer uma amizade com essas partes para que ela não te machuque, não te leve a uma depressão.

Rockstars e My Chemical Romance

TMDQA!: Em uma entrevista à NME, você disse que quer ser o rockstar da geração 2020. Quem você acha que são os atuais rockstars e quais foram os seus?

DH: Eu amo os caras tipo Liam Gallagher, do OasisMick Jagger [do Rolling Stones], Freddie Mercury do Queen, eu cresci com rockstars como esses. Intérpretes genuínos. Atualmente eu amo o Dave Grohl, do Foo Fighters. E pra mim, cara, o rock and roll parou de ser relevante por um tempo porque ele não quis entrar no Século XXI. Ele não quis evoluir. Ele estava sendo controlado pelas pessoas velhas, ficou preso à fórmula com bateria, baixo e guitarra, e as pessoas só queriam isso. O rock and roll ainda está sangrando, e isso é inegável. E cara, eu não ligo pra porra nenhuma, eu só quero criar e mudar a cultura. É só isso que eu quero fazer.

TMDQA!: Minha última pergunta é mais uma curiosidade. Recentemente surgiu um vídeo de você cantando um trecho de “hope for the underrated youth”, do novo EP, ao som do instrumental de “Welcome to the Black Parade”, do My Chemical Romance, e ficou incrível. Agora que os caras voltaram à ativa, acho que você encaixaria perfeitamente em uma possível música nova deles…

DH: Nossa, cara, eu venho dizendo que eles influenciaram a minha vida, não só a minha música. Aliás, eles foram uma influência muito grande em todas as nossas vidas. Uma influência massiva e eu estou muito feliz que eles estão de volta. Obviamente eu iria pirar se nós fizéssemos algo juntos!

TMDQA!: Muito obrigado pelo seu tempo, cara! Quer mandar algum recado para os fãs brasileiros?

DH: Eu quero dizer que eu estou empolgado pra caralho pra vê-los. Eu acho que vai ser divertido demais e eu mal posso esperar para vê-los cantando junto comigo!

Sair da versão mobile