Mais uma edição do Favela Sounds e dessa vez conta com muitas novidades. Com o foco principal em conectar as periferias do Brasil e do mundo, o Festival Internacional de Cultura de Periferia traz o panorama e aponta tendências da música das quebradas.
Em entrevista para o TMDQA!, uma das idealizadoras do evento, Amanda Bittar, fala sobre o objetivo dessa quarta edição. “Na ideia de ser um festival voltado à cultura periférica, unimos artistas de vários linguagens e promovemos uma série de atividades formativas. Então, a nossa intenção sempre é ser um ponto de encontro da cultura de periferia, apresentando essas atrações e atividades para um público periférico, no centro da capital do país. Tentamos também apontar futuras tendências da música como fizemos nas primeiras edições, e estamos muito felizes com a receptividade da galera,” afirma.
Temática
Este ano, Favela Sounds é a rua do mundo. A rua que conecta línguas, pessoas, referências e identidades. A rua do passado, presente e futuro, da memória de um povo, da acelerada transformação da língua e linguagem, das manifestações, da música.
Realizado pelo Um Nome Produção e Comunicação, o festival reivindica e preza por um espaço democrático de convivência, visando ser um retrato da diversidade. Mais do que localizações geográficas, para o festival, “favela” é a identidade que une as vozes daqueles que superam a opressão de alguma forma, seja contra seus corpos, escolhas ou comportamentos.
A importância de olhar a periferia como uma fonte de cultura riquíssima é a prioridade do Favela Sounds. Para Amanda, é indiscutível o consumo de produtos e culturas advindos desses locais.
Infelizmente a gente tem um olhar bastante enviesado no Brasil, onde a gente prioriza muito o que vem da elite, justo quando, sem a periferia, sem a grande massa trabalhadora e produtora, a gente não seria nada. Então, tá tarde pra termos esse tipo de movimentação, de reconhecer o que vem da periferia. Então é isso: as tendências apontam pra periferia, é importante entender que estão tomando o Brasil de forma latente, culturalmente falando. É essencial ter uma visão mais formadora desses espaços e saber valorizar. E o festival faz um pedacinho de muito o que pode ser feito e tentando aumentar cada vez as ações para que tenha mais impacto social.
Programação
A quarta edição começou na segunda (11), com atividades formativas e educacionais realizadas nas Regiões Administrativas do DF. Ali rolaram os Favela Talks, inspirados no projeto TED Talks e também oficinas profissionalizantes de temas como discotecagem, beat making e literatura negra. Em três escola públicas do DF, o Papo Reto, proporcionou um convidado especial para uma conversa motivadora e um pocket show. A terceira etapa, Tamo Junto, aconteceu em três unidades do Sistema Socioeducativo do DF para dialogar com jovens que cometeram infrações e estão cumprindo medidas educativas com ou sem privação de liberdade.
Fechando com chave de ouro a programação do festival, o Baile ocupa o espaço Arena Lounge do Estádio Nacional Mané Garrincha neste final de semana. A novidade do local foi por conta da reunião do BRICS, que é realizada na Esplanada dos Ministérios nesse final de semana. “E por ser um local totalmente coberto, é importante que seja confortável para o público, tanto na estrutura quanto na experiência”, reitera Amanda.
O sábado 16 começa às 16h30, com abertura do Afoxé Ogum Pá (DF), com um cortejo que abre caminhos para os shows. Em seguida, Doralyce (PE) sobe ao palco com show do disco Canto da Revelação (2017). Quem também sobe ao palco é a banda Gato Preto (Moçambique/Alemanha). Pela primeira vez na América Latina o trio chega ao Favela Sounds com apoio do Goethe-Institut para apresentar seu show afrofuturista e hipnotizante, aclamado em alguns dos palcos mais importantes do mundo. Além deles, compõem a programação Enme Paixão (MA), artista drag queen que traz a cultura dos paredões maranhenses ao universo pop LGBT, DJ Byano (RJ), criador do baile da Chatuba e residente no Baile da Gaiola, com o melhor do funk carioca 150 BPM, a rapper Tássia Reis (SP) referência do rap feminino no Brasil, como o novo álbum Próspera. Fecha a programação deste Baile a banda Shevchenko & Elloco (PE), donos das paradas de sucesso de Recife e com milhões de visualizações no Youtube, são grandes destaques do movimento brega-funk.
O Baile do domingo 17 tem início às 17h30 com o grupo de samba 7 na Roda (DF), promovendo uma grande roda para começar em alto astral. Segue-se a eles Prethaís (DF), rapper da nova geração do DF e uma das fundadoras da Casa Akotirene, com letras fortes e pungentes. Em seguida a banda Tuyo (PR), com vozes doces e letras que falam de amor, o grupo já conta com grande número de fãs e tem sido pedida certa nos principais festivais do país. Djam Neguin (Cabo Verde) é a segunda atração internacional do festival. Fruto da participação do Favela Sounds no Atlantic Music Expo (AME 2019 – com apoio do programa Conexão Cultura #Negócios), o artista se apresenta pela primeira vez no Brasil, com sua pegada R&B dançante.
A Bahia chega em peso ao segundo dia de Baile, com Vandal, rapper veterano e ao mesmo tempo propulsor de tendências no Hip Hop de Salvador; TrapFunk & Alívio, banda do Nordeste de Amaralina que, tal como o nome indica, mistura trap e funk em um show enérgico e de alto impacto visual. A contagiante Dama do Pagode, um dos principais nomes da novíssima e potente geração de mulheres líderes de bandas pagode de Salvador. Iasmin Turbininha (RJ), primeira mulher a produzir funk 150 BPM no Rio de Janeiro e residente do Baile da Nova Holanda. Quem fecha a noite é Black Alien (RJ), rapper carioca que lança o disco Abaixo de Zero: Hello Hell, indicado por público e crítica especializada como disco do ano de 2019.
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Representatividade e acessibilidade
Desde a edição passada, o Favela Sounds busca apresentar um lineup representativo e que valoriza a equidade de gêneros, com pelo menos 50% de atrações femininas. Além disso, o festival reforça seu compromisso com a pluralidade e diversidade, elencando importantes vozes LGBTs em sua programação.
Outra ação importante do festival é o transporte gratuito para os dias de Baile. No sábado e no domingo, o Favela Sounds oferece ao público 10 ônibus saindo de diferentes Regiões Administrativas do DF com direção aos shows e retorno às mesmas localidades ao fim da noite. As rotas atendidas serão disponibilizadas nas redes sociais do festival.
Então, anota aí: o baile acontece nos dias 16 e 17 de Novembro, no espaço Arena Lounge do Estádio Nacional Mané Garrincha. A entrada é gratuita, contudo é necessário a retirada de ingresso no portal Sympla. Vê se não perde, hein?