Chuva, mistura e redenção. São essas as três palavras que definem a edição de 2019 do Popload Festival, que aconteceu nesta última sexta-feira (15).
Mais uma vez no Memorial da América Latina, em São Paulo, e agora sob nova direção — por partes, já que a T4F entrou para o time –, o evento já consolidado no mercado de shows do Brasil promoveu mais uma grande festa. Assim como nos últimos anos, o Popload se propôs a trazer nomes bastante pedidos por aqui, mesclando artistas jovens com artistas históricos. Sim, estamos falando dela, a lendária Patti Smith.
Mas calma, falo mais sobre a Patti em breve. No line-up desta edição, se apresentaram nomes mais próximos aos mais novos, como Tove Lo, Hot Chip e até o Cansei de ser Sexy, que fez seu grande retorno aos palcos por lá. Abrindo o evento estavam também Little Simz, Luedji Luna e Khruangbin.
Continua após a foto
Após a chuva e recepcionada por um público já bastante volumoso, Tove Lo mostrou que é merecedora de todo o hype, não só pelas canções ótimas — muito mais pela performance bem trabalhada e entregue durante toda a apresentação. A cantora se apoia bastante em uma vibe sexual e feminista na carreira, mandando mensagens de empoderamento mesmo sem falar a palavra de fato.
Aí veio o Cansei de ser Sexy, também conhecido mundialmente como CSS. Pois é, oito anos depois de sua última apresentação, a banda eletrônica liderada por Luísa Matsushita — a icônica Lovefoxxx — subiu ao palco do Popload Festival para celebrar a carreira e se apresentar, também, a um público novo. Luísa chegou a brincar dizendo que estávamos em 2004, mas nem só de brincadeira e curtição foi feito o show. O segundo look da vocalista tinha a sigla MST (Movimento dos Sem Terra) e, no telão, várias imagens criticavam o presidente Jair Bolsonaro, a homofobia e o racismo no Brasil.
Bastante emocionada, Luísa agradeceu os fãs por continuarem apoiando e dançando ao som do CSS mesmo após tantos anos. Show incrível!
Continua após a foto
Já o Hot Chip, com mais tempo de estrada, não perdeu em nada ao tomar de assalto o palco. Mesmo um pouco tímidos, o grupo tocou seu indie eletrônico com hits como “Ready For the Floor” e até rolou uma cover pra lá de sensacional de “Sabotage”, dos Beastie Boys. Mesmo com parte da plateia não conhecendo muito o trabalho do grupo, deu para perceber que eles colocaram todo mundo para dançar.
Já mais perto do fim do dia, Jack White surgiu com seus Raconteurs para um dos shows mais animados e comemorados desta edição. Bastante empolgado com a recepção e, claro, com o novo disco do grupo — Help Us Stranger, lançado este ano — White veio acompanhado de Dean Fertita (QOTSA), Brendan Benson, Patrick Keeler e Jack Lawrence para entregar uma chuva de hits e solos de guitarra. Há quem torce o nariz para a habilidade de White no instrumento, mas é inegável que toda a “firula” funciona extremamente bem ao vivo. E o público brasileiro, que tanto esperou pela apresentação, respondeu à altura.
Continua após a foto
Patti Smith
Sim, ela merece um tópico só dela. Essa não foi a primeira vez da lendária Patti no Brasil, mas até pareceu que sim — tanto pela empolgação da cantora e sua banda, tanto pela emoção do público que enfrentou chuva e sol para vê-la.
Menos de duas horas antes do show, nós da imprensa fomos avisados que Smith estava tão feliz com sua passagem por aqui que, de última hora, liberou que os fotógrafos pudessem ficar na frente do palco durante o começo do show. Este aviso foi só uma indicação do clima que a apresentação teria, com a artista toda sorrisos e interagindo com seus fãs a todo momento, punhos no ar. Foi com “People Have the Power” que Patti Smith and Her Band entraram no cenário, incendiando o palco e o Memorial inteiro.
Continua após a foto
Em quase duas horas de show, o grupo mandou ver em hits como “Dancing Barefoot”, “Beneath the Southern Cross”, “Free Money”, “Pissing in a River” e “Gloria: In Excelsis Deo”. A apresentação ainda teve covers emocionantes de “After the Gold Rush”, de Neil Young, e faixas do Rolling Stones e Lou Reed.
Um show histórico, antagônico, que não só entra para a memória do Popload Festival, como também de cada um que ali esteve. Presenciar a força de Patti Smith, que aos 72 anos está longe de deixar de lutar, é uma experiência única — mas que a gente espera ter mais vezes.
Nos vemos ano que vem, Popload! Confira uma galeria de fotos exclusivas abaixo.