Não é segredo pra ninguém que festivais de música tomaram conta do mundo inteiro e, há alguns bons anos, se proliferaram pelo Brasil com sucesso.
Naturalmente há alguns nomes mais lembrados que outros e diversos eventos que, mesmo sem grande alarde oferecem programações e experiências incríveis, e parece que o Nordeste tem um talento natural para abrigar alguns dos festivais mais interessantes do país pelos mais diversos motivos.
Em 2019 o TMDQA! esteve no festival No Ar Coquetel Molotov a convite do evento em Recife, e pôde ver de perto como esse é um dos conjuntos mais completos de line-up, estrutura e diversidade.
No Ar Coquetel Molotov 2019
O festival aconteceu novamente no Caxangá Golf & Country Club, que se por um lado fica distante da região central de Recife, por outro oferece espaço para que as coisas sejam montadas de acordo com a proposta do evento, que teve três palcos com distintos moldes.
Nos dois principais, o Palco Natura Musical e o Palco CQTL MLTV, ficaram divididas atrações como Clarice Falcão, Black Alien, Drik Barbosa, Liniker e os Caramelows, MC Tha e Sevdaliza.
Entre esses nomes, inclusive, Drik fez uma apresentação explosiva, Liniker estava em êxtase com a resposta da plateia cantando seus sons e pelo fato de divulgar seu novo disco, Goela Abaixo, e MC Tha iluminou o ambiente com as incríveis canções que lançou no seu álbum de 2019, o ótimo Rito de Passá.
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Black Alien foi recebido antes do show com gritos de “Gustavo! Gustavo! Gustavo!” e soube muito bem lidar com a plateia misturando clássicos de discos como Babylon By Gus Vol. 1 – O Ano do Macaco e novidades de um dos melhores álbuns do ano, a pérola Abaixo de Zero: Hello Hell.
O show de Clarice foi um tanto quanto confuso, e as adaptações de canções antigas à música eletrônica para encaixarem com o clima de Tem Conserto, seu último lançamento, nem sempre soaram primorosas, mas com letras que grudaram na cabeça desde que começou a carreira lá em 2013, ela contou com muita gente entoando seus versos e refrães na cidade onde nasceu.
Diversidade, Público e Estrutura
Não há dúvidas: o Coquetel Molotov é um dos festivais mais diversos em que já estivemos, e o line-up que vai do Rap ao Indie passando pela música regional reflete a audiência que ali está, curiosa por novidades e eufórica com nomes consolidados.
Com ativações de marca que faziam sentido e, na sua maioria, estavam em locais estratégicos de passagem, o festival de Recife soube utilizar as estruturas oferecidas pelos patrocinadores e, de cara, recebia os fãs de música com um corredor de papel picado colorido que criava efeitos incríveis durante o dia e a noite e traduzia, em arte, a forte presença da comunidade LGBT+ no evento.
A noite veio decorada com muita luz de outras estruturas, inclusive, e toda hora era uma boa pedida para visitar a feirinha de produtores locais ou o espaço da Som na Rural, iniciativa que coloca artistas para tocar ao lado de uma Rural, lendária caminhonete produzida nos Anos 50, 60 e 70 no Brasil.
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Entre os pontos a serem repensados, fica principalmente a questão dos corredores entre os palcos, já que o fluxo foi prejudicado quando, por exemplo, o público do evento sold out se dirigia ao Palco CQTL MLTV, que compartilhava a mesma entrada/saída, ao contrário do Palco Natura Musical, amplo e com bastante espaço para ver de perto, de longe, de pé ou sentado.
Como ponto positivo que precisa ser destacado fica o Palco Sonic, que trouxe bandas menores e em início de carreira, e nós ficamos impressionados com o sensacional Taco de Golfe, trio instrumental de Sergipe sobre o qual já havíamos falado por aqui. Vê-los de perto fazendo sua mistura de post-rock com rock progressivo e post-hardcore foi uma experiência deliciosa e revigorante que você pode ver aqui em nossos Stories.
No mesmo local, também assistimos aos locais da Torre lançando um novo e introspectivo disco, misturando rock alternativo com metais, e os paulistanos do Raça encerrando a programação da noite e priorizando canções do ótimo Saúde, lançado em 2019.
Entre as surpresas do Coquetel Molotov 2019, poderíamos facilmente destacar o vigor da banda OQuadro, que tocou para um público reduzido como se tivesse fazendo um show de grande arena, e os mineiros do grupo Rosa Neon, que pelo contrário, tocaram para uma multidão que não os conhecia e ficou impressionada.
Frequentar festivais pelo país é uma atividade inspiradora: dá pra programar aquela viagem de férias por um ou vários deles, já que no Nordeste, por exemplo, o mês de Novembro é repleto de eventos pela Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Maranhão, e saber mapear os que se destacam é fundamental para aliar música boa a uma experiência que não irá decepcionar.
O No Ar Coquetel Molotov é certeiro: com atrações de primeira e um porte ideal pra quem quer ver um pouco de tudo, deve ser marcado no roteiro do fã de música que se aventura pelo Brasil.