Conversamos com Filipe Ret, atração do Lollapalooza, sobre amadurecimento e evolução

"Eu sempre imaginei essa aproximação funk e rap, e ela crescerá cada vez mais daqui para frente", conta Ret em entrevista exclusiva para o TMDQA!

Filipe Ret
Foto: Patrick Gomes

Você amadurece mais a cada dia. Cada experiência e cada passo dado ajudam você a se tornar quem é. Pense consigo mesmo: você certamente não é o mesmo de 10 anos atrás.

O mesmo vale para os artistas do mundo da música. Um músico amplia sua rede de contatos, ganha mais experiências e se consolida como uma pessoa mais plural a cada dia que passa. Cada elogio de fã ajuda um artista a se fortalecer. E aí está a graça de acompanhar a trajetória de seus artistas favoritos!

Filipe Ret é um desses nomes que dá gosto de acompanhar. O carioca começou sua carreira em batalhas de MCs na Lapa, no início dos anos 2000. Conforme ganhava visibilidade, foi profissionalizando a sua carreira. Lançou discos em 2009 (Numa Margem Distante), 2012 (Vivaz), 2015 (Revel) e 2017 (Audaz).

Além da fama, a trajetória de Ret foi evoluindo em outras vertentes. Sua vida pessoal encontrou Anna Estrella, que hoje é sua esposa e mãe de seu filho. Anna, por sinal, rouba a cena ao protagonizar, junto ao rapper, o clipe de “Ilusão“, faixa lançada recentemente.  A música integrará seu novo disco, que tem previsão de lançamento para 2020.

 

“Estou sempre procurando expor novas facetas”

Ret respondeu algumas perguntas do TMDQA! sobre essa nova fase. Questionamos o rapper sobre seu processo criativo, sobre sua evolução enquanto artista e sobre o as expectativas para o novo disco. Afinal de contas, ele está confirmadíssimo na próxima edição do Lollapalooza Brasil, em uma apresentação conjunta com nomes do funk e do rap brasileiro.

SPOILER ALERT: o disco contará com participação do nosso querido Kevin O Chris! Pode vir à vontade, 2020! Mas, enquanto aguardamos, confira abaixo o nosso papo com Ret na íntegra:

https://www.instagram.com/p/BulmcliArLv/

TMDQA!: Audaz é, na nossa opinião e na opinião de muitos veículos, um dos melhores discos nacionais de 2018. Como foi a recepção dele para você e o quanto essa repercussão está influenciado seus próximos passos?

Filipe Ret: Audaz me fez gostar mais de estúdio. Tomei gosto pelo processo de criação das músicas e também marcou o início da minha parceria com o produtor Dallass, que se estende até hoje.

TMDQA!: Com seu próximo disco saindo em 2020, veremos o menor intervalo entre lançamentos seus, já que os discos anteriores foram lançados com 3 anos de distância entre si. O que o inspirou a lançar um disco “já” no ano que vem e a já ter lançado uma prévia dele em “Ilusão”?

Ret: Desde Audaz, eu não saí mais do estúdio. Minha criação hoje é constante, vou ao estúdio toda semana, em paralelo à estrada. Estou numa fase intensa de criação, hoje minha produtividade é maior do que na época dos primeiros discos.

TMDQA!: A cada lançamento seu, vemos um artista mais amadurecido. Em Audaz, por exemplo, somos apresentados a um Filipe que é pai, com um relacionamento firme e inspirador. O que o novo disco nos ensinará de novo sobre você?

Ret: É curioso isso porque eu estou sempre procurando expor novas facetas e acho que na arte o mais importante é manter essa busca interessante. Cada música é uma experiência inédita para mim também. Não curto produzir em série, gosto de chegar num lugar especial a cada faixa.

TMDQA!: Eu vi um comentário no seu clipe no YouTube que elogiou a participação de Anna Estrella. A pessoa te parabenizou por ir além de um clipe de “lovesong” com “mina aleatória”. O quão importante é, para o atual Filipe Ret, gravar um clipe com sua esposa?

Ret: Foi bem natural. Anna, além de linda, se dá bem com as câmeras. Tudo fluiu super bem. Sua presença foi uma sugestão do diretor. Eu e Anna curtimos a ideia, e aconteceu como tinha que acontecer. Foi maravilhoso!

Comentário Filipe Ret
Foto: Reprodução / Youtube

TMDQA!: Como você enxerga a sua evolução até aqui, tanto enquanto artista quanto pessoal?

Ret: É um aprendizado constante, autoconhecimento. A vida não permite estagnação. Acho que muitos fãs acompanham e se identificam com minhas transformações também, que se refletem nas músicas. Mas ainda acho que tenho muito mais a aprender do que a ensinar.

 

O funk e o rap brasileiro ainda sofrem muito preconceito”

TMDQA!: O rap tem ganhado muita visibilidade nos últimos anos, e você é uma das figuras-chave nesse processo. A que você acha que se deve esse crescimento da cena?

Ret: Primeiramente se deve ao trabalho dos que vieram antes de nós. Racionais, [MV] Bill, D2, Pensador, Sabotage e toda gente que se dedicou a construir as bases dessa cultura musical, que é o estilo de vida de boa parte dos jovens hoje.

TMDQA!: Por falar em crescimento da cena, o rap tem sido bem acolhido nos grandes festivais de música. Inclusive, você fará parte de uma aguardadíssima apresentação no Lolla 2020, ao lado de nomes como Haikaiss, PK, Kevin O Chris, Ludmilla e mais. O que podemos esperar esse show?

Ret: Vai ser lindo demais! O funk e o rap brasileiro ainda sofrem muito preconceito por serem feitos por gente do povo, pessoas mais pobres. E é exatamente por isso que ela é forte, popular e só vai crescer ainda mais. E o mundo está vendo isso, inclusive os grandes festivais.

TMDQA!: Citamos agora o Kevin O Chris, que é um grande nome da atual cena do funk. Ele também será uma das participações de seu novo disco. Como essa parceria surgiu? Como o funk e o hip hop conversam entre si?

Ret: Acho que funk e rap são lados da mesma moeda. Eu sou o primeiro rapper dessa geração a fazer show nas favelas e atribuo isso ao fato de ter influências do funk em minhas melodias e ideias. Eu sempre imaginei essa aproximação funk e rap, e ela crescerá cada vez mais daqui para frente.

TMDQA!: Obrigado pelo seu tempo, e sucesso nessa nova fase!

Ret: Obrigado a vocês e parabéns pelo sucesso do veículo!