"Não vá perder a sua confusa cabeça": Betina alcança lugares inexplorados no clipe de "As Luzes de Del Fuego"; assista

Fazendo uma poderosa crítica para o machismo de nossa sociedade, a cantora Betina lançou um clipe oficial para a faixa "Luzes de Del Fuego".

Betina
Foto: Thai Silvestre

A vida, e tudo que a envolve, é confusa. Nascemos sem saber direito do que ela se trata e, da mesma forma, morremos. Tudo acontece sem que tenhamos reconhecido alguma espécie de missão ou de objetivo na Terra. Ninguém é capaz de absorver todos os conhecimentos do mundo.

Diante disso, é imperdoável que vivamos em meio a uma sociedade machista e preconceituosa. Como que regras foram impostas sem que entendêssemos por completo o funcionamento do “jogo da vida”? Esse questionamento é levantado pela cantora Betina em seu mais novo clipe “As Luzes de Del Fuego“.

O vídeo, dirigido por Raissa Nosralla, nasceu a partir da possibilidade de explorarmos lugares ainda desconhecidos. No clipe, somos apresentados a um protagonista que percorre uma jornada de conhecimento sobre o mundo, ao percorrer tanto a paisagem urbana de São Paulo quanto a natureza.

No fim das contas, não temos ideia de tudo que existe no mundo e, diante disso, toda afirmação é duvidosa. Qualquer imposição deve ser questionada.

 

“A única coisa que protege uma mulher é o caminho. Ou ela anda, ou se fode”

A letra da música é uma mensagem de empoderamento feminino. O título, por sinal, é inspirado na dançarina Luz del Fuego, que ganhou fama nos anos 40 pelo seu papel de militante do movimento nudista brasileiro.

Tal mensagem foi brilhantemente aprofundada com a participação da poetiza Heloiza Abdalla. Ela recita um poema na faixa, que visa a emancipação feminina através do ponto de vista da eu-lírico.

Um trecho da poesia diz:

A única coisa que me protegia era aquela uma árvore magrela. Minha proteção ilusão: ela não existia. A única coisa que protege uma mulher é o caminho. Ou ela anda, ou se fode. Corria. Corria. Corria. antes que o amor doesse. Antes que a ferida rangesse, eu corri em liberdade. A liberdade de quem foge com as próprias pernas machucadas. A consciência era lenta. Reconhecer a guerra, a terra, a solidão na guerra, a terra.

 

Novo álbum em 2020

A faixa faz parte de Hotel Vulcânia, disco lançado por Betina em 2018. Apesar do tempo passado, o tema do machismo infelizmente ainda se faz presente na nossa sociedade (talvez mais do que nunca).

Sobre o canção, Betina conta:

‘As Luzes De Del Fuego’ crítica o comportamento agressivo e a ilusão de autoridade/superioridade gerado pela ideia tóxica de masculinidade. Narrado de um ponto de vista feminista mostra como a conclusão de quem vê de fora esses surtos é de que o indivíduo é alienado em sua própria construção falha e nociva.

Por sinal, a cantora já está em fase de pré-produção de seu próximo disco, previsto para 2020. Vamos ficar atentos!