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Skank se rende à nostalgia e percorre hits de todas as épocas em um Circo Voador lotado

Em clima de despedida, a banda mineira Skank lotou uma das casas de shows mais emblemáticas do Brasil com um repertório nostálgico.

Samuel Rosa (Skank) no Circo Voador
Foto: Diego Ruahn

É cientificamente impossível não gostar do Skank. Apesar de não existir nenhum experimento que de fato comprove isso, é certo de que o carinho pela banda é quase uma unanimidade entre os brasileiros. Tente essa experiência em casa: pergunte a seus amigos ou à sua família se eles conhecem alguém que desgoste da banda mineira.

Dito isso, vale dizer também que uma das notícias mais impactantes deste triste ano de 2019 foi, com certeza, o fim da banda. Desde os anos 90, o grupo conquista os mais diversos públicos com sua leve e dançante sonoridade, que une o melhor do pop rock brasileiro com influências de reggae e ska. Isso, é claro, dando o devido mérito aos hits, que marcaram novelas e até mesmo eventos esportivos.

Encerrando a série de shows Os Três Primeiros, turnê que homenageia a fase inicial da banda, a banda lotou duas noites no Circo Voador (22 e 23 de Novembro) em sua última passagem pelo Rio de Janeiro. Fomos ao evento de sexta (22), e podemos afirmar que a noite foi certamente nostálgica, além de emocionante, dançante e divertida, daquele jeitinho que apenas o Skank consegue fazer!

Abaixo, contamos a você como foi a noite e o que rolou de melhor!

 

Daparte: a nova geração do rock mineiro está vivíssima!

Foto: André Greco Amaral

A noite contou com abertura da banda Daparte. Nome em forte ascensão na cena musical mineira, a banda mostrou ao público que tem um baita potencial.

O repertório do show foi baseado em seu disco de estreia, intitulado Charles. As pessoas que não conheciam a sonoridade da banda foram facilmente conquistadas pela sonoridade leve e gostosa. Pautados essencialmente pelo pop rock, a estética sonora da banda também traz uma mistura interessante de elementos da MPB dos anos 70 e 80.

E a banda tem o aval do Skank, hein! Samuel Rosa até subiu no palco para cantar com os meninos. Vale lembrar, por sinal, que Samuel é pai do guitarrista Juliano Alvarenga. Foi um clima, digamos, bem “família”.

Se o Skank, infelizmente, está acabando, pelo menos temos aqui bom exemplo de uma banda que pode levar à frente o legado do rock mineiro. Mas agora, sem mais delongas, vamos à atração principal da noite!

 

Obrigado por tudo, Skank!

Foto: Diego Ruahn

A lona do Circo, já lotada (os ingressos estavam esgotados) aguardava ansiosamente o início da apresentação. Talvez não fosse surpresa para ninguém que o repertório seguiria a ordem das músicas da gravação de Os Três Primeiros, que, por sinal, foi na mesma casa. Mas fã de Skank não se abala facilmente, não!

Toda a narrativa do show anterior foi respeitada, ao passear cronologicamente pelos primeiros três discos lançados pelo grupo. O show funcionou quase como um “fast forward” da fase inicial da banda. O primeiro momento do show foi marcado pelas performances do homônimo disco de estreia, com “Réu e Rei“, “Tanto (I Want You)” e “Homem Que Sabia Demais“.

Ainda falando sobre o primeiro álbum, o vocalista Samuel Rosa falou sobre o contexto político da época de composição e gravação das faixas, em meados de 1992/1993. As performances seguintes foram das faixas “In(Dig)Nação” e “Baixada News” (que Rosa dedicou ao compositor Marcelo Yuka, que morreu este ano). E não é que as letras são verdadeiramente atemporais? O público rapidamente associou com os dias atuais, e não tardou a criticar o atual presidente com o coro “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!”. Golaço para o Skank!

Depois, chegou a vez de falar sobre Calango, o segundo disco da banda, que teve uma repercussão ainda maior do que a da estreia. De cara, até os fãs menos convictos da banda (porque, repito, todo mundo nasce fã de Skank) reconheceram a melodia de “Jackie Tequila” e cantaram junto, nem que fosse apenas o refrão.

Ainda homenageando o álbum, a banda fez uma sequência que contemplou performances de “Pacato Cidadão” (e não “Macaco“), “Esmola“, “É Proibido Fumar” (“machonha”, de acordo com a extensão popularesca da letra) e “A Cerca“.

Mas por que Calango se tornou tão popular em termos radiofônicos? Bom, além de pegar carona no sucesso que a banda já estava fazendo em Minas Gerais, uma canção ajudou a catapultar o Skank para o inimaginável. Era a romântica “Te Ver“, que foi tocada logo em seguida. A retomada do disco foi encerrada com “O Beijo e a Reza“.

 

De 1996 a 2004: um salto inquestionável na trajetória da da banda

Se “Te Ver” fez com que olhares do Brasil inteiro se voltassem para o Skank, foi com O Samba Poconé que a banda realmente explodiu e, se permitem a linguagem futebolística, assumiram o topo da tabela.

Para muitos o melhor disco do grupo, a homenagem a ele começou logo após a instrumental “Sala Bikini“. Os trabalhos começaram com o megahit “É Uma Partida de Futebol“, que fez o Circo Voador inteiro pular ao som de um dos riffs mais famosos da nossa música. Por sinal, considerando-se que era véspera da final da Libertadores, a animação dos flamenguistas foi quase um espetáculo à parte.

Ainda sobre a época do terceiro disco, a banda embalou uma admirável sequência com “Eu Disse a Ela“, “Sem Terra“, “Zé Trindade” e a dançante “Garota Nacional“. Encerrando a fase, a banda tocou “Tão Seu“.

A goleada do grupo continuou com uma nova chuva de hits, mas agora lançados após 1996. “Acima do Sol” (2001), “Três Lados” (2000) e “Vou Deixar” (2003) mostraram que a banda envelheceu muito bem, marcando não apenas os anos 90 como também o novo milênio. E o mesmo pode ser dito da década atual, já que logo depois, o Circo Voador inteiro cantou “Algo Parecido“, single lançado recentemente pela banda. Depois, chegou a vez de todos pularem ao som da popular cover de “Vamos Fugir“, uma versão de dar orgulho a Gilberto Gil.

Se pensa que acabou, é porque você de fato não conhece a fundo o trabalho do Skank. Bastaram alguns minutos para a banda subir novamente ao palco com a dobradinha de baladas “Resposta” e “Dois Rios“. O encerramento verdadeiro ficou, é claro, com a faixa “Saideira“. Que noite, meus amigos!

Confira abaixo algumas fotos e a setlist do show:

Skank no Circo Voador (22/11):
1. “Réu e Rei”
2. “Tanto (I Want You)”
3. “Homem Que Sabia Demais”
4. “In(Dig)Nação”
5. “Baixada News”
6. “Jackie Tequila / Chega Disso”
7. “Pacato Cidadão / Let ‘em in”
8. “Esmola”
9. “É Proibido Fumar” (cover de Roberto Carlos)
10. “A Cerca”
11. “Te Ver”
12. “O Beijo e a Reza”
13. “Sala Bikini”
14. “É Uma Partida De Futebol”
15. “Eu Disse a Ela”
16. “Sem Terra”
17. “Zé Trindade”
18. “Garota Nacional”
19. “Tão Seu”
20. “Acima do Sol”
21. “Três Lados”
22. “Vou Deixar”
23. “Algo Parecido”
24. “Vamos Fugir” (cover de Gilberto Gil)
25. “Resposta”
26. “Dois Rios”
27. “Saideira”