“Pumped Up Kicks” foi um dos maiores sucessos da música alternativa nos anos 2010.
A canção aparece no disco de estreia do Foster The People, Torches, lançado em 2011, e com um refrão pegajoso rapidamente se tornou em um dos maiores hits do início da década em todo planeta.
Como era de se esperar, o momento é sempre o mais aguardado pelos fãs do grupo norte-americano em seus shows, mas ele pode estar próximo de não acontecer mais.
Isso porque nos últimos anos vários defensores das armas e da violência passaram a usar a canção como uma espécie de “hino” a favor de tiroteios em massa, e obviamente, a banda passou a sentir que a mensagem havia se perdido.
Foster The People e “Pumped Up Kicks”
Quem falou a respeito do assunto foi Mark Foster, líder da banda, em um especial da Billboard sobre o final da década.
Por lá ele falou a respeito do processo de composição e como ela se “entrelaçou” com o público:
Eu não posso pedir para que outras pessoas não toquem essa música, mas o público fez dela o que ela é – e se a canção se tornou outro símbolo para algo, eu não posso controlar isso. Mas eu posso controlar o meu envolvimento com isso.
Eu escrevi essa canção em oito horas, e para mim não foi necessariamente mais especial do que qualquer outra música. O que fez dessa canção algo especial foi o público, e o fato de que as pessoas acharam que ela era especial, e que ela se conectou com as pessoas e criou uma discussão. E eu fico feliz pela discussão ter sido criada. Mas agora estou seriamente pensando em aposentar essa música para sempre.
Tiroteios e Violência (inclusive no Brasil)
A letra da canção foi escrita do ponto de vista de um adolescente com problemas de saúde mental e, segundo Mark, tinha justamente o objetivo de condenar a violência com armas.
Acontece que ela passou a ser utilizada para o objetivo contrário, e como bem disse a Vice em um editorial, tornou-se uma “ode a atiradores”, inclusive no recente e triste episódio de Suzano, no Brasil.
Na entrevista, Mark falou sobre como os atiradores se conectaram à canção:
Tiroteios continuaram acontecendo e eu sinto que há muitas pessoas que foram tocadas, pessoalmente ou indiretamente, por um tiroteio em massa nesse país – e essa música se tornou praticamente um gatilho de algo doloroso que elas possam ter vivido. E não é para isso que eu faço música. Às vezes eu faço música para trazer consciência a certos temas, mas eu faço música para me conectar com as pessoas, e eu sinto que a consciência que essa música trouxe e a discussão que ela trouxe, tudo isso já foi feito. Ainda estamos falando sobre ela 10 anos depois. Ainda é assunto.
E eu vou te dizer, aquele jovem… qual era o nome dele, o atirador da Flórida? Nikolas Cruz. Eu li os diários dele, e ele falou com um jornalista e disse, ‘Ouça Pumped Up Kicks’. E teve um tiroteio no Brasil onde o atirador fez de ‘Pumped Up Kicks’ seu hino.
Lamentável, não é?
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