A década está chegando ao fim e, no meio dessas loucuras de final de ano, recebemos a notícia do retorno de John Frusciante ao Red Hot Chili Peppers.
O lendário guitarrista deixou o grupo em 2009, mas não ficou parado nesses últimos anos. Com uma veia vanguardista fortíssima, ele desenvolveu projetos ligados à música eletrônica, à música experimental e ao art rock. Justamente por toda essa história, estamos bastante curiosos para saber o que vem por aí com os Chili Peppers!
Para ajudar a entender as possibilidades, resolvemos relembrar alguns de seus projetos nos últimos anos. Vem com a gente!
The Empyrean
Logo após a turnê do Stadium Arcadium, Frusciante lançou um belo disco solo chamado The Empyrean. À época, ele ainda estava (teoricamente) no RHCP, já que sua saída só foi anunciada oficialmente em Dezembro de 2009 e o disco ganhou vida no começo do ano.
O ótimo trabalho contou com parcerias com alguns amigos de longa data como Johnny Marr, além do companheiro de banda Flea e o seu sucessor, Josh Klinghoffer. Apesar dos fãs terem aclamado a obra como uma das melhores de John, o músico decidiu seguir por outro caminho depois deste lançamento.
Parcerias com Omar Rodriguez-Lopez
Abandonando a pegada art rock, Frusciante abraçou a música eletrônica e o experimentalismo. Aliás, curiosamente, seu primeiro contato com o gênero foi em 2004, quando participou de A Sphere in the Heart of Silence, disco de Josh Klinghoffer.
Mas foi com Omar Rodriguez-Lopez (The Mars Volta, At the Drive-In) que a criatividade do guitarrista fluiu. Em Abril de 2010, ele lançou seu primeiro álbum colaborativo com Omar e, um mês depois, o segundo.
Enquanto o primeiro é descrito por alguns fãs como “John Frusciante encontrando a Ayahuasca”, o segundo mantém a vibe psicodélica mas adiciona mais elementos eletrônicos.
https://www.youtube.com/watch?v=tMZa5lEwozM
Speed Dealer Moms
Se afastando de vez do rock, Frusciante apareceu com o Speed Dealer Moms em Dezembro de 2010. Formado por ele ao lado de Aaron Funk (Venetian Snares) e Chris McDonald (The Alison Project), o projeto é um dos mais bizarros do músico.
Com apenas um EP de duas músicas e 16 minutos de duração, a banda foi um prenúncio do que John buscaria nos anos seguintes.
Swahili Blonde e Letur-Lefr
Em 2011, Frusciante se casou com Nicole Turley. A parceria romântica também resultou em trabalho, e os dois colaboraram bastante no Swahili Blonde (especialmente no disco Man Meat), uma das empreitadas mais próximas do rock que ele teve, e nos projetos subsequentes como o Kimono Kult.
Outra parceria dos dois foi no EP Letur-Lefr, que traz alguns momentos de normalidade e algumas belas melodias vocais, como em “In Your Eyes”, que tem vocais de Nicole e chega até a lembrar alguns dos trabalhos de Beck.
Os dois se divorciaram de forma nada amigável em 2015.
PBX Funicular Intaglio Zone
O álbum PBX Funicular Intaglio Zone (seja lá o que for isso) realmente soava mais como algo feito para ele próprio. Misturando elementos de art rock, avant-garde, música eletrônica e muito mais com sua mente criativa e exploradora, o resultado é quase inexplicável e pode ser sintetizado em canções como “Bike”.
Segundo ele, inclusive, seu estilo nessa época era definido como “synth pop progressivo”. Isso porque ele incorporava “aspectos de vários estilos diferentes de música” e criava suas “próprias formas musicais através de instrumentos eletrônicos”.
Outsides
Em 2013, veio o EP Outsides. Com apenas 3 músicas e regido pela faixa “Same”, de mais de 10 minutos, Frusciante parecia ter começado a encontrar o meio do caminho entre seu pensamento vanguardista, suas habilidades com a guitarra, a música eletrônica e uma linguagem mais acessível ao público em geral.
Enclosure
O ápice da carreira solo veio com Enclosure, em 2014.
Aliás, parece que tudo vinha caminhando para este disco: uma mistura perfeita de elementos eletrônicos com o guitarrista que construiu boa parte de sua carreira tocando linhas de guitarra maravilhosas. Tudo isso, inclusive, em uma estrutura acessível e de fácil compreensão – especialmente em canções como “Sleep” e “Stage”.
Se você procura algo que resume todo o processo do cara na última década, é só dar o play abaixo.
Trickfinger
Além de tudo isso, o guitarrista ainda arrumou um tempinho para o Trickfinger. Com dois trabalhos lançados respectivamente em 2015 e 2017 e intitulados Trickfinger e Trickfinger II, parece que Frusciante quis desvincular seu nome propositalmente para poder entrar de vez na música eletrônica.
Totalmente focadas no gênero, canções como “Shift Sync” e “After Below” são um belo exemplo do que ele pode fazer mesmo sem seu instrumento principal nas mãos.
Bandcamp
Todos os acima citados foram os projetos “principais” de Frusciante na última década, mas ainda rolaram algumas participações e até uma parceria com a plataforma Bandcamp.
Nesta última, ele lançou uma série de músicas exclusivas e bem cruas por lá. O “álbum” 4-Track Guitar Music é um exemplo disso, tendo sido gravado com apenas 3 faixas de guitarra e uma de bateria via drum machine. Ele mesmo define o projeto como “solos de guitarra anti-rock star”.
Participações especiais e produção musical
Frusciante também se juntou com alguns outros nomes além de Rodriguez-Lopez nos últimos anos. Notavelmente, ele gravou com artistas como Le Butcherettes, Duran Duran, Dewa Budjana, AcHoZeN e Amanda Jo Williams.
Ele também se arriscou no meio da produção musical, assinando alguns trabalhos com o Warpaint e assumindo o cargo de produtor full-time com o Black Knights, onde ele até participou da faixa “Reptables”.