Confusões, abusos e traições: entenda como Michael Jackson pode ter causado a queda do Guns N' Roses

Um ex-empresário do Guns N' Roses disse que Michael Jackson seria o inesperado protagonista do fim da relação entre Slash e Axl Rose. Entenda na matéria.

Slash, Michael Jackson e Axl Rose
Fotos via Wikimedia Commons

Nos anos 90, o Guns N’ Roses vivia diversas turbulências na sua formação.

Apesar de Slash só ter deixado a banda oficialmente em 1996, histórias de bastidores contam que o começo do fim foi muito antes. E teve um personagem inesperado como protagonista: Michael Jackson.

Isso porque, em uma entrevista histórica em 1992 com a Rolling Stone, o vocalista Axl Rose revelou detalhes sórdidos sobre sua infância. Em um dos trechos, ele chegou a descrever abusos sexuais cometidos por seu pai biológico e abusos físicos de seu padrasto.

Naturalmente, a entrevista repercutiu e foi vista como um dos momentos de maior vulnerabilidade do cantor. O problema é que, algum tempo depois, o guitarrista viria a se envolver com alguém que estava relacionado a todos os problemas de Axl.

Slash e Michael Jackson

Em uma conversa com o GNR Central, o ex-empresário da banda Doug Goldstein contou que após dois meses da entrevista, Slash apareceu em seu escritório anunciando uma colaboração com o Rei do Pop.

Como transcreveu a Tone Deaf:

Então ele [Axl] faz aquela entrevista gigante. Ele fala sobre seu segredo mais profundo, mais obscuro, e o Slash vem à minha sala dois meses depois e diz, ‘Ei, eu vou tocar com o Michael Jackson.’ O que?! Não!

Apesar de terem se intensificado mais recentemente com o documentário Leaving Neverland, já existiam denúncias à época sobre os possíveis abusos sexuais de crianças cometidos por Jackson. Então, Goldstein conta que tentou contornar a situação:

Bom, todo mundo na indústria sabia que Eddie Van Halen tinha faturado US$1 milhão por ‘Beat It’. Eu disse, ‘Pelo menos me deixe negociar o acordo’. ‘Não, já foi negociado’. ‘Como assim? Você não vai me deixar fazer o meu trabalho?’. Eu disse, ‘Olha, eu preciso ir para o Axl com alguma munição para explicar por que você está andando com um pedófilo’.

O encontro dos dois viria a se transformar em “Give in to Me”, e a parceria rendeu tantos frutos que Slash chegou a tocar com Michael em vários shows. Aliás, até uma encenação cômica de “briga” surgiu da dupla, que parecia se dar muito bem.

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Uma TV de 72 polegadas e o fim de uma amizade

Ainda na mesma conversa, o ex-empresário questionou qual teria sido a negociação feita pelo guitarrista:

O Slash falou, ‘Já foi negociado’. Então eu falei, ‘Pelo menos me dê alguma munição para ir ao Axl e falar, ‘Pois é, ele está ganhando uma quantia X de dólares”. Ele disse, ‘Ele vai me dar uma TV enorme’. ‘Peraí, o quê?!’. ‘Sim, ele vai me dar uma daquelas televisões enormes de 72 polegadas’.

Axl nunca mais enxergou Slash como seu irmão.

Mesmo assim, a banda continuou junta por praticamente 5 anos após o lançamento de Dangerous, álbum de Michael que contou com Slash. Em Outubro de 1996, foi o próprio instrumentista quem deixou o grupo, principalmente depois de Axl ter trazido o amigo Paul “Huge” Tobias para participar do cover de “Sympathy for the Devil” gravado em Dezembro de 1994.

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O argumento de Goldstein, no entanto, é que o vocalista estava agindo daquela forma em decorrência das atitudes do “ex-irmão”.

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A Versão de Slash

Em seu livro homônimo de 2007, Slash deu sua versão sobre os acontecimentos. Segundo ele, Goldstein deixava Axl fazer o que bem entendesse — tanto que o vocalista foi agenciado pelo cara até 2002 — e não se importava com os outros membros da banda. Ele escreveu:

[Goldstein] estivera galgando os degraus estrategicamente. Era como um predador numa emboscada. Embora ninguém tenha sido mais responsável pela dissolução do Guns do que o próprio Guns, Doug Goldstein foi um catalisador. Suas técnicas para dividir e conquistar foram um instrumento para a chegada do nosso fim.

Dificilmente teremos uma versão definitiva dessa confusa e complicada história. Além dessas duas perspectivas, ainda há aqueles que defendem que o problema de Axl era com o vício em drogas de Slash — outros acreditam que absolutamente tudo se juntou e culminou na briga homérica que durou muitos e muitos anos.

Ainda assim, o fato é que os caras parecem ter se acertado. Pelo menos o suficiente para tocarem juntos novamente, algo que poderemos ver neste ano por aqui já que a banda é headliner do Lollapalooza Brasil 2020.

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