Planeta Brasil 2020 une cenas musicais em dia de celebração e reflexão - resenha e fotos

Se estabelecendo de vez na rota dos festivais do Brasil, o Planeta Brasil apostou em conscientização e variedade na edição 2020. Veja nossa resenha!

Djonga no Planeta Brasil 2020
Foto por Frank Bitencourt (@frankbitencourt)

No dia 25 de Janeiro de 2019, uma tragédia assolou o estado de Minas Gerais. Trata-se, naturalmente, do rompimento da barragem de Brumadinho, que vitimou mais de 230 pessoas. Sem esquecer disso, o festival Planeta Brasil ocorreu exatamente um ano depois em Belo Horizonte e propôs diversas reflexões — sem esquecer da diversão.

Recheado de atrações nacionais e internacionais de peso de diversas cenas como o rap, trap, pop, MPB e reggae, o evento trouxe uma proposta de conscientização por meio da cultura que foi abraçada e respeitada pelo público.

Às 17h, o som parou para a realização de um minuto de silêncio em homenagem à tragédia. Mas, antes e depois disso, performances como a do Natiruts e do rapper Djonga não deixaram de falar sobre isso; Caetano Veloso, sempre preciso, declarou a música como “perpétuo protesto” à irresponsabilidade das empresas que ajudaram a causar o desastre.

Apesar disso, a festa também foi leve e necessária, em tempos onde Belo Horizonte voltava a sofrer com as fortes chuvas. Graças a uma trégua nas tempestades, o grande público presente pôde curtir os shows, que estavam espalhados por cinco palcos (sendo dois exclusivamente de música eletrônica) dentro e fora do Mineirão.

Atrações Nacionais

Caetano Veloso no Planeta Brasil
Foto por Nathália Pacheco (@nathaliapacheco_)

A cena brasileira dominou o festival. Com uma das melhores performances do dia, Djonga esbanjou humildade e familiaridade com o público de sua cidade natal e chegou até a participar de uma “roda punk” durante o clássico momento do “fogo nos racistas”.

“A arte inspira. Inspira pessoas a viver, a voltar a trocar ideia,” afirmou o rapper mineiro quando questionado sobre a posição simbólica que atingiu dentro da cena belorizontina.

A gente vai fazendo do jeito que acredita, e quando vemos estamos no olho do furacão. Aí temos que aguentar. É obrigação! Você não pode chamar todo mundo pra vir com você e depois fugir.

O senso de responsabilidade e companheirismo ecoava na proposta do festival, que resolveu unir artistas ao estilo do Palco Sunset no Rock in Rio. O resultado foi a presença de shows conjuntos como os de Jão Duda Beat Anavitória Vitor Kley, que trouxeram experiências novas e únicas ao público presente.

Ainda assim, a pluralidade musical das atrações foi talvez o maior acerto da organização. Poder sair do belíssimo show de Caetano e assistir à apresentação de Kevin O Chris é algo que nem todo festival tem coragem de arriscar, e o Planeta Brasil fez essa mistura funcionar muito bem. Prova disso é que mesmo no extenso espaço onde o evento ocorria, era difícil trafegar tranquilamente devido ao grande fluxo de pessoas.

Atrações internacionais

Nick Murphy FKA Chet Faker no Planeta Brasil
Foto por Bruno Soares

Dentro das performances “importadas”, o destaque acabou sendo o talentoso Nick Murphy. O músico australiano começou tímido, mas a cada improvisação que ocasionava as transições das suas próprias canções estruturadas abria um sorriso maior e se soltava no palco. Notavelmente tímido, Nick tirou o foco de si e expôs sua bela música com maestria.

A reta final do festival proporcionou ainda uma cena bizarra: uma dupla de rappers subiu ao palco no horário previsto para o show do Tyga (22:50) sem grandes explicações e, enquanto um cantava suas músicas, o outro começou a jogar prêmios à plateia.

Os itens incluíam um casaco do New York Giants, alguns tênis de grife e até mesmo um fone de ouvido profissional para estúdio. No mesmo mistério que chegaram, se foram — e aí começou a espera pela entrada da atração principal, que só foi subir ao palco quase 1 hora depois, quando parte do público já havia perdido a paciência e começado a vaiar a espera.

Planeta Brasil 2020

The Otherz no Planeta Brasill
Foto por Phillipe Guimarães (@phillipeguimaraes)

De forma geral, a aposta quase megalomaníaca de espalhar 43 atrações em cinco palcos em um único dia (de 12:00 às 02:00, que fique claro) deu muito certo. O público demorou um pouco para se ambientar ao local, que poderia melhorar as sinalizações em uma próxima edição, mas depois transitou continuamente entre suas atrações favoritas.

Além da proposta de conscientização que transformou a escolha da data simbólica em uma ótima decisão, a edição 2020 mostrou que o Planeta Brasil é um festival que veio para ficar e para incluir de vez BH na rota dos festivais brasileiros. Que venha 2021!

Abaixo, você pode conferir fotos do evento.

O TMDQA! esteve no festival a convite do evento

Planeta Brasil — Galeria de Fotos