Diretora de “Indústria Americana” está lutando contra um grave câncer

Vencedora do Oscar de Melhor Documentário por "Indústria Americana", a diretora Julia Reichert falou da nova perspectiva que seu câncer incurável lhe deu.

Julia Reichert no Oscar 2020

A cerimônia do Oscar aconteceu no último dia 9 de Fevereiro e Indústria Americana foi premiado como Melhor Documentário.

Vencendo concorrentes como o brasileiro Democracia em Vertigem, o filme foi produzido por uma empresa cujos donos são Barack e Michelle Obama. Com grande viés social, a obra teve direção de Julia Reichert e, como falamos por aqui, ela contou uma história bem especial sobre a sua visão de mundo.

Eu fui diagnosticada com câncer há cerca de um ano e meio, e eu lutei contra ele, e ele foi embora. Mas aí ele voltou em uma área pequena. Então eu tive que lutar de novo, o que nunca é uma boa notícia.

Na verdade é um câncer sem cura, é fatal, e eu tenho consciência disso. Ele mudou a minha perspectiva de vida de certo modo, sobre o que é importante. Mas ao final, estou cheia de esperança, ainda há muitas coisas que eu gostaria de tentar. Me dá um senso de querer concentrar a minha vida no que irá trazer mais alegria para mim e as pessoas ao meu redor.

Impacto do câncer em seu trabalho

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Na mesma entrevista em que citou sua condição médica, Reichert ainda explicou o impacto disso em sua vida. Sobre sua linha de trabalho, ela disse:

Eu sinto que o trabalho que eu […] tive a sorte de fazer por 50 anos é extremamente significativo. Teve um impacto no mundo. Tem sido divertido. Me levou para muitos, muitos caminhos, então eu me sinto muito sortuda de ter tido a vida que tive. Eu vou dizer, ao mesmo tempo, que constantemente me tirou da minha família, de uma chance de relaxar e refletir. Mas honestamente, de agora em diante, eu realmente quero me concentrar nas coisas que alimentam o meu espírito e das pessoas ao meu redor.

Naturalmente, a diretora estava se referindo ao tempo livre com as pessoas queridas. Citando que raramente teve tempo de “tirar férias em conjunto” e fazer coisas triviais como ir à praia, ela ainda revelou que nos quatro anos em que filmou Indústria Americana se viu distante de seus netos: “não nos vemos nem perto de quanto gostaríamos”.

O desabafo se estendeu:

Eu crio imagens na minha cabeça de uma vida que eu desejo, é tipo, cozinhar na minha cozinha. Cozinhar com a minha filha. É caminhar com meus netos nas florestas, algo que simplesmente não fizemos o suficiente. É sentar e, tipo, ser uma pessoa que eles lembrem. Eles têm 9 e 6 anos. Então eu quero ter certeza que eles entendam quem eu sou e eu entenda quem eles são e tenhamos conversas verdadeiras sobre as coisas. […] E esse trabalho realmente nos tira disso. Me tirou do crescimento da minha filha, até um certo ponto.

Por outro lado, a diretora foi sincera ao admitir que também teria arrependimentos se não tivesse investido tanto em sua carreira profissional. Ainda assim, ela cravou que não fará mais filmes:

Mesmo que algum milagre aconteça e eu viva outros cinco anos, eu não quero gravar outro filme, não está na agenda da minha vida.

Julia Reichert

Indústria Americana foi o primeiro trabalho de Reichert premiado pela Academia. Sua carreira teve início em 1970, com o documentário Growing Up Female, que trata da socialização de mulheres americanas.

Ela já havia sido nomeada por outros dois projetos, Union Maids (1978) e Seeing Red (1984). Independente de qualquer coisa, o legado da diretora ficará sempre vivo!

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