Misturando sem pudor: conversamos com Omulu sobre sua singular sonoridade eletrônica

Confirmado novamente no festival Rec-Beat, o DJ carioca Omulu tem conquistado cada vez mais visibilidade com suas produções cheias de brasilidade.

Omulu
Foto: Bruno Santiago

A música eletrônica se desenvolve mais a cada dia. Afinal de contas, é algo a se esperar em uma sociedade cada vez mais digital e conectada. Ao longo desse desenvolvimento, o estilo foi incorporando novos elementos, novas estéticas e conquistando um público cada vez maior e diversificado. Até bandas de rock têm flertado com cada vez mais frequência com esses elementos!

Ela nunca anulou (ou sequer tentou anular) a estética da música orgânica, a coisa da banda, dos integrantes em seus instrumentos… É apenas um movimento que tem crescido mais e mais, abrindo um leque de oportunidades para novas experimentações sonoras.

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Dito isto, agora podemos introduzir Omulu. Nascido Antonio Antmaper, o DJ carioca foi gradativamente ganhando destaque na cena ao mesclar ritmos brasileiros com batidas pesadas. Mesmo sendo um dos principais produtores musicais (se não o principal) neste movimento que pretende potencializar a música brasileira através de ambientações eletrônicas, Omulu não pode ser comparado a nomes como Dennis DJ e Alok.

Ele vai na raiz da brasilidade e extrai o melhor dela para seus remixes e canções autorais. Sua carreira contempla incontáveis canções autorais e remixes que mostram sua versatilidade musical. Entre suas produções estão desde versões 150 BPM para faixas de Kali Uchis e Childish Gambino até mashups inusitados entre Roberto Carlos e Kanye West.

 

Omulu na vigésima quinta edição do Rec-Beat

O DJ está confirmado na vigésima quinta edição do Rec-Beat, consagrado festival recifense. Ele se apresentará no dia 23 de Fevereiro (domingo), inserido no line-up do evento como um dos principais shows.

Mas não é a primeira vez de Omulu no Rec-Beat. Ele esteve por lá em 2015. No entanto, podemos aguardar muitas novidades para este show. Desde de sua última aparição no festival até hoje, o DJ conquistou cada vez mais fama. Isso, é claro, sem mencionar as ótimas parcerias lançadas recentemente, co-protagonizadas por nomes importantes da nova cena musical brasileira como Duda Beat, ÀTTOOXXÁ e Luedji Luna.

Tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas para ele. Omulu nos contou um pouco sobre seus shows e sobre a força que a música eletrônica tem ganhado nos últimos anos.

Confira abaixo:

Foto: Ariel Martini

TMDQA!: Você é um dos maiores DJs do Brasil atualmente. Você divide esse patamar com outros nomes como Alok, Vintage Culture e Dennis DJ, que são de outras vertentes eletrônicas. Acredito, no entanto, que cada um tenha suas particularidades. Qual é a sua particularidade? O que faz com que você tenha tanto conquistado tanto destaque na cena? 

Omulu: Não me vejo nessa cena de DJs “superstars”. Tenho me sentido cada vez mais como um artista híbrido, que apresenta suas músicas junto à sua pesquisa musical no formato de discotecagem. Sou muito ligado com ritmos brasileiros e sinto que tem rolado uma cena nova de MPB que se permite flertar com o popularzão e com o batidão eletrônico sem preconceitos. Sinto que sou um dos poucos DJs nela.

TMDQA!: Para chegar a essa sonoridade singular, quais são as suas maiores influências? O que você mais costuma ouvir e o que mais enxerga na hora de produzir uma canção?

Omulu: Muitas influências, DJ Dolores, Diplo, Baden Powell, Daft Punk, Tom Zé, eu escuto muita música nacional e presto bastante atenção nos ritmos dançantes que tão rolando pelo mundo. Meu processo de produção é muito experimental. Eu vou misturando as coisas que acho que combinam, sem nenhum pudor, até sentir que ta funcionando.

 

“Vai rolar várias parcerias, algumas bem inusitadas”

TMDQA!: Você tem parcerias com nomes como Luedji Luna, MC Flavinho, Duda Beat, ÀTTOOXXÁ e Potyguara Bardo. Qual é o seu critério para escolher as colaborações?

Omulu: Na maioria das vezes, faço o instrumental das músicas e fico imaginando os artistas que idolatro cantando nelas até conseguir sentir quem encaixa melhor.

TMDQA!: Tem alguma nova parceria em produção ou no papel? Quais são os seus planos futuros? Singles, um disco cheio…

Omulu: Estou preparando meu primeiro disco, mas vou soltar ele em partes, vai rolar várias parcerias, algumas bem inusitadas.

TMDQA!: Desde o início da sua carreira até os dias de hoje, como você enxerga a sua evolução e o seu desenvolvimento tanto como artista quanto como pessoa? Os aprendizados do dia-a-dia ajudaram você a desenvolver ainda mais o seu som?

Omulu: Quando não to criando tô sempre estudando, agora por exemplo tô estudando coisas pro show audiovisual que vou lançar com o disco, também to sempre estudando teoria musical e novas tecnologias pra fazer minha música soar melhor. É uma coisa que nunca vai ter fim, sempre tem como melhorar.

 

“Uma viagem sonora pelos ritmos do brasil e do mundo”

TMDQA!: Como você descreveria uma apresentação ao vivo sua para o público do Rec-Beat?

Omulu: Se preparem para uma viagem sonora pelos ritmos do brasil e do mundo em remixes e versões exclusivas e totalmente improváveis.

TMDQA!: Até há pouco, existia um certo preconceito com apresentações de DJs em festivais grandes. Eles foram ganhando espaço aos poucos ao longo da última década, em festivais como Rock In Rio e Lollapalooza. Como você vê o crescimento desse movimento?

Omulu: Os festivais viam os DJs como tapa buraco entre um show e outro.
Mas a realidade mudou, hoje muitos dos maiores hits das paradas são músicas feitas por DJs/produtores. Os festivais estão entendendo que, além da figura do DJ, existem artistas completos que também se apresentam neste formato.

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