A cidade de Londres serviu como ponto de encontro para um crossover histórico. Bong Joon-Ho, diretor premiado no Oscar por Parasita (que fez história ao ganhar como Melhor Filme), esteve em sessão do filme brasileiro Bacurau ao lado dos diretores Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.
Vale ressaltar que o coreano não foi um convidado especial nem nada do tipo. Segundo a BBC, ele comprou ingresso como qualquer outro espectador e escolheu um lugar no fundo da sala, à direita. Após o término do longa, Joon-Ho comentou:
É muito bonito. Tem uma energia única, traz uma força enigmática e primitiva. Eu espero que o governo brasileiro apoie mais a indústria de cinema brasileira e seus incríveis cineastas, como Kleber Mendonça e Juliano Dornelles. A indústria cinematográfica é arriscada e precisa de segurança e estabilidade.
O encontro é especialmente notável devido à semelhança entre as propostas dos dois filmes. O diretor percebeu isso, dizendo que “são pessoas e lugares diferentes, mas há uma conexão da luta dos oprimidos”.
Parasita, Bacurau e encontro bem-humorado de diretores
Bong e Kléber também comentaram sobre as cotas para filmes nacionais em seus países de origem. Por aqui, o assunto virou polêmica quando o presidente Jair Bolsonaro declarou que “fazendo bons filmes, não vamos precisar de cota”; o sul-coreano contou que, por lá, “houve dificuldades e uma grande luta. Agora, o público gosta e está acostumado com os atores e diretores coreanos”.
Os dois ainda tiveram uma conversa bem-humorada sobre os paralelos de luta de classes nas duas obras. Joon-Ho diz que “o pessoal das classes mais baixas de Bacurau é muito mais legal que o de Parasita, que está muito mais bravo”, ao que Mendonça Filho justifica dizendo que “são só uma família, se fossem um grupo maior, talvez…”.
O diretor vencedor do Oscar finaliza brincando — ou não — que “infelizmente” as pessoas de Parasita “nunca pegam em armas”:
Isso, a questão da comunidade é muito bonita em Bacurau. Só que infelizmente as pessoas das classes baixas em Parasita nunca ficam tão bravas quanto as de Bacurau, nunca pegam em armas! Tão triste [risos]! Os meus só querem um pouco de dinheiro!